CASAMENTO FORÇADO - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN)

35 - CAPÍTULO

 💙💪 CHRISTIAN WINSOR

    Essa manhã não fiz nada do que eu queria, do que planejei como tomar banho com a minha esposa novamente, levá-la para sua primeira aula de direção porque Jonathan me ligou pedindo que me apressasse, pois estava acontecendo algo de muito sério no tal esconderijo. Brendan ligou pra ele e todos estavam sem saber o que fazer, então precisavam da gente lá imediatamente. Não queríamos envolver o Nathan, mas ele nos fez prometer que seria chamado caso precisássemos. Ele quer fazer parte do nosso time. Jean não quer, mas também fora chamado. Está tudo muito estranho. 
    Mal recuperei a minha família e tenho que me ausentar. Não é justo. Não, nada disso é justo. Só quero ser feliz com a minha mulher e meus filhos. É pedir muito?
     Parei na casa de Nathan e buzinei. Encarei meu irmão Jonathan que desde que saímos de casa, me olhava especulativo.
      — O que há, Jon?
      — Eu tô bem — Respondeu ríspido — Siga sua vida e não se preocupe comigo. Aliás como sempre fez.
     Franzi a testa e sorri constatando o óbvio. Nunca o vi ciumento antes. 
     — Esse seu jeito comigo é por causa do Derek? Do que ometi? — Ele balançou a cabeça — Já te expliquei...
     — Eu não ligo pra você e muito menos para o seu irmãozinho gêmeo — Alterou a voz e depois foi amenizando, fez careta e ri.      
     — Você está com ciúmes.
     Ele me encarou com os olhos arregalados e se ajeitou no banco.
     — Isso é um absurdo. A única coisa que não entendo é por que deixou sua mulher pra ele.
      Bufei.
      — Eu não fiz isso.
      — Fez exatamente como eu que não lutei pela Susan e a deixei ir com o Luke.
      — Você deveria ter dito que a amava ao invés de ter feito tantos achismos. Nenhum dos 2 dava o braço a torcer. Susan acreditava que você amava a Lisy e você que ela amava o Luke. Vocês eram hilários.
      — Sim e você deixou a Kim com o Derek. Fez o mesmo que eu fiz achando que ela amava outro.
      — Não fiz isso. Diferentemente de você eu expus meus sentimentos e dei a chance dela recomeçar sem mim e fazer suas próprias escolhas. Doeu demais, mas pela primeira vez na vida, não fui egoísta.
       — Eu sei. Também tive essa mesma dor.
       Sim. E lhe causei outra quando eu sabia dos sentimentos deles. Fui egoísta porque desejei Susan por muitos anos e achava que ele a havia me roubado. Então eu a peguei por direito. O que eu achava que tinha. 
       — Jonathan, me perdoa pelo que fiz com você, eu sabia que você e a Susan se amavam. Todos nós sabíamos porque era óbvio, mas eu sempre tive  inveja porque a conheci primeiro e a quis enquanto você a tratava como irmã. Tive uma oportunidade e agarrei. Tentei fazê-la me amar, ser fiel, mas algo me dizia que eu te magoaria e quando isso aconteceu, fingi não me importar. Você brigou comigo, disse coisas que eu mereci e acabei me afundando nas drogas de novo, me internei outra vez quando você me chamou para ser padrinho do Tyler. Sinto muito. Eu fui fraco, traidor e te causei mais dor sendo que você não merecia. Você sempre foi mais do que um irmão pra mim. Você era meu pai, meu herói, meu exemplo e meu melhor amigo. Me perdoa?
      Ele me abraçou emocionado e o abracei de volta com todos os sentimentos à flor da pele. Meus olhos marejaram o suficiente para uma lágrima cair e não me incomodo. Não mais. Homens também choram, queria que o meu pai tivesse entendido isso, mas agora é tarde, apenas pra ele.
     — Eu te amo, mano — Eu disse e é muito bom abrir meu coração de novo — Sinto muito por ter te magoado. 
      Ele ficou me olhando durante muito tempo sorrindo. Acho que ainda não acreditava muito na minha mudança. Fiz por mim e depois por todos que amo.
      — Eu te amo também, Chris.
     Sorri. Era assim que ele e minha mãe me chamavam antes do meu pai os proibir e de fazer minha cabeça contra algo tão inocente.
       — Desculpe, eu...
       Segurei o rosto dele sorrindo. Ele esperava que eu explodisse quando tudo que fez foi se emocionar demais. Nós 2 somos completamente diferentes, não somente no tom de pele, mas também na semelhança física inexistente. A única coisa que temos em comum é a nossa vontade de ser diferente do nosso pai e tanto fizemos, desejamos, que conseguimos.
  Jon sempre foi maior e mais forte de todos nós, porém durante esses anos, fiquei bem mais do que ele que quase não malha. Não sou viciado em musculação e nem tomo remédios para acelerar ou quero fazer parte de algum fisioculturismo. Quanto mais forte eu estiver, mais poderei proteger aqueles que amo. Se um dia, eu tiver que fazer isso sozinho, eu estarei preparado. Foquei muito na malhação quando perdi minha mulher.
       — Tudo bem, irmão, pode me chamar assim.
       — Mas você não gosta — Ficou confuso.
       — O Martin não gostava, mas ele não vai mais ferrar com a minha cabeça. Pode voltar a me chamar como quando éramos crianças — Sorri e fechei os olhos — Chris. Eu gosto. Me lembra de você e da minha mãe. Tem carinho e lembranças boas da nossa infância com ela.
      Ele assentiu radiante.
       — Gosto de tê-la de volta em nossas vidas.
       — Eu também. Outro dia ela disse que gostaria de continuar te tratando como filho, mas não se aproxima muito por causa da Samantha.
       — Sophia teve motivos sérios para nos deixar, já a Samantha, desistiu de ser mãe, entre o dinheiro e eu, ela fez sua escolha.
       — Mas você a perdoou.
       — Sim, mas amo a Sophia 10 vezes mais. Eu não convivi com a minha mãe biológica, foi Sophia quem exerceu esse papel e me amava como filho. Samantha nunca fez nada. A agradeço eternamente por ter trazido minha princesa ao mundo, mas aquele amor que eu deveria ter por ela ser minha progenitora, não sinto necessidade. Gosto dela, mas amo a Sophia. Foi dela que senti tanta falta.
      Observei Nathan abraçar e beijar a esposa Tracey no portão de casa. Ela fazia carinho nos cabelos dele que sorria e beijava o seu nariz. Desviei o olhar e Jon sorriu apertando o meu ombro, entendendo o quanto eu estava mal por não estar com a minha mulher como gostaria. Jean parou ao lado do carro e ficou observando o casal de um jeito esquisito como se algo faltasse em sua vida. Acho que tem algo a ver com a Luísa. Ele diz que não, mas sei que está apaixonado por ela. Eu não o culpo. A carência dela faz isso com as pessoas. Ela atrai compaixão.
     Quando estávamos juntos, eu não a lapidei porque eu também estava quebrado. A combinação era desastrosa. Ela veio para o meu mundo perverso, o aceitou, me aceitou e a humilhei entre 4 paredes e na frente das pessoas do clube. Ela me traiu com o meu pai, sendo que eu a traía com sua irmã e com qualquer uma que me quisesse e, no fim a condenei como um hipócrita machista. Passei muito tempo achando que ela me consertaria quando nem ela mesma conseguia se curar.
      Nossa relação era tóxica, nociva até para quem chegasse perto. Eu a deixei pior. Luísa nunca teve amor dos pais assim como eu e nos entendíamos unidos pela mesma dor. O único motivo de eu ter tido milhares de mulheres, de ter permanecido com Luísa e ter entrado para aquele clube, não foi por causa do meu vício em sexo. Eu não era viciado. Nunca confessei, mas eu procurava alguém que me fizesse sentir algo de bom e de concreto, que me trouxesse a luz e quando ouvi Lorenzo falar sem nenhum filtro da sua filha naquele antro, pensei por um momento que ela seria minha salvação. Tudo que ele mencionava a respeito dela, me encantava mais, pois eu jamais havia conhecido uma mulher parecida, nem mesma Susan era tão doce e ingênua. 
       Então a conheci e mais do que eu esperava sentir, me dominou completamente. No primeiro olhar, senti um baque como se ela tivesse me hipnotizado, depois a toquei de leve e tudo se confirmou e voltou ao seu lugar. Em tão pouco tempo estávamos nos amando. Nunca havia sentido algo tão extraordinário, parecia que eu pertencia a ela. Seu sorriso, sua voz, sua pele impregnou na minha alma e tudo fez sentido. Era ela o anjo que eu tanto esperei minha vida toda. Ela e o seu amor sem reservas me consertaram.
     Não demorou para que eu estragasse tudo e mesmo assim ela me perdoou todas as vezes. Apenas eu não sabia como lidar com um sentimento tão forte. Não entendia porque não conseguia mandar meu cérebro parar de pensar nela. A única certeza que eu tinha, era que ela era a mulher da minha vida e das minhas emoções.
       Nathan finalmente entrou no carro com Jean que mal me olhou e todos notaram.
       — Aconteceu alguma coisa entre vocês?  —Nathan indagou.   
       — Vamos logo que preciso voltar para os meus compromissos — Jean disse digitando no celular.
       — Christian? — Nathan me chamou — O que aconteceu?
       — Ele me torturou por horas pelo que fiz com ele e sua linda esposa — Respondeu com sarcasmo — Fiz e faria de novo. Não me arrependo de nada. Ela era minha antes dele se meter entre nós. Só tentei pegá-la de volta.
       Pus o carro em movimento ignorando a todos que se calaram. Não irei me desculpar por ter arrancado a verdade dele antes que ele perdesse alguma parte do seu corpo e meus irmãos não precisam estar ao meu lado. Os fitei rapidamente que acenaram com a cabeça como quem aprovava o que eu tinha feito. Jonathan e Nathan são casados e amam suas esposas, por isso entendem perfeitamente bem e não me reprovam. Compartilhamos dos mesmos sentimentos e sabemos que se algo acontecer a elas; matamos e morremos. Infelizmente Jean não sabe o que é amar uma mulher e querer protegê-la com sua própria vida. Nem sei se ele é capaz de um sentimento tão grandioso.
      — Eu amo a Kimberly, amo a minha família —Encarei Jean pelo retrovisor — E faço qualquer coisa por elas. Você nunca irá entender porque é incapaz de sentir algo por alguém que não seja por você mesmo. Eu não te odeio, Jean, sinto pena. Seu ódio por mim está te consumindo, ainda mais porque sabe que não pode chegar tão perto.
     Jonathan pôs a mão no meu ombro e o apertou e Nathan fez logo depois em sinal de apoio. Conferimos as coordenadas dadas por Brendan e estacionei minutos depois.
      — O que você acha que está acontecendo? —Nathan indagou  — Você acha que Brendan matou o...