6 - CAPÍTULO

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💗🌼 KIMBERLY WINSOR

     Olhei encantada para o meu marido que segurava minha mão pela primeira vez e caminhamos entre os convidados. Nos posicionamos à mesa do bolo e ele sorriu de lado posando comigo para as fotos. Mesmo que não nos conheçamos como deveríamos, tô feliz. É estranho, mas me sinto muito bem perto dele, apesar do nervoso e do medo. Segurei a mão dele enquanto este cortava o bolo e depois bebemos champanhe entrelaçando nossas mãos. Nosso olhar se conectou nesse momento e ele enrugou a testa. Queria entender seus gestos, suas reações. 
      — Esteja preparada para irmos embora. 
      Assenti e corri os olhos pelo salão. 
      — Quem procura?
      — Meu pai. Estranhei que não tivesse vindo nos cumprimentar. Será que fui muito dura com ele?
       — Dura? Entendi tudo que você disse a ele e não vi nada de ódio em suas palavras. 
        — Você fala espanhol?
        — Na verdade falo todas as línguas que existem. Quando eu era criança, adolescente, desejava ser qualquer pessoa menos eu, aprender outras línguas me mantinha focado, distraído. 
        — Desejo aprender francês e japonês — Sorri e me concentrei nos seus olhares diferentes. Espero decifrar todos um dia
        — Se assim desejar, contrato uma professora particular. 
         — Prefiro uma escola. É mais divertido. 
         — Depois resolvemos isso — Disse ríspido. 
         — Então, por acaso, viu o meu pai? — Voltei a olhar em volta.
         — O mandei embora — Virou uma taça de champanhe de uma só vez me deixando atônita.
         — O que?
         — O mandei embora, está surda? — Se alterou e engoli saliva nervosamente — Seu pai é exatamente igual ao meu; não vale nada. É um verme da pior espécie.  Enquanto estivermos casados, não o quero perto de nós, de nossa casa, entendeu?
        As pessoas estavam nos olhando. Abaixei a cabeça e apenas concordei envergonhada.
       Depois de toda encenação das fotos e de como pude sentir um pouco o corpo dele junto ao meu, Susan me puxou para o outro lado do salão. 
      — Como está se sentindo?
      — Ele me confunde.
      — Pedi para o Jonathan falar com ele novamente, você ainda é muito nova, inexperiente, precisam se conhecer melhor. 
       — Ele disse que não vai esperar. 
       — Você se apaixonou por ele? Vejo como o olha.
        — Acho que sim — Sorri.
       Me virei procurando meu marido que estava conversando com o irmão, bebendo outra taça de champanhe me encarando.
        — Você acha que ele pode se apaixonar por mim, também?
        —  E por que não?
        — É que têm todas essas mulheres lindas e experientes atrás dele.
        — O Christian é do tipo carnal, Kim. Ele não se envolve, até tentou, mas ninguém conseguiu conquistar o coração dele — Ela olhou para ele e depois pra mim sorrindo — Nunca o vi  olhar para alguém do jeito que te olha.
       Sorri feliz. 
        — Então tenho chance?
        — Sim, muita, na verdade. 
        Meu olhar continuava no dele que depois de um tempo arregalou os olhos quando seu irmão disse algo ao seu ouvido e na mesma hora se virou me dando as costas. Murchei e Susan pôs a mão no meu ombro.
        — Tenha paciência com ele, muita paciência. Ele precisa de alguém que demonstre que o ama, que ele é especial. Se tiver dúvidas, me liga — Me deu seu cartão — Acho que logo você ligará. 
        — Susan, ele disse que quer fazer anal — Enrusbeci dizendo a última palavra — Eu sou completamente virgem. Jean foi meu primeiro namorado e me respeitava. Ele só pegava na minha mão e me dava selinhos porque deixei claro que só me entregaria ao meu marido. Eu não sei como agir com o Christian. Ele me beijou de língua e senti coisas, ele me tocou e pensei que fosse desmaiar. Como vai ser nossa lua de mel, então?
       — Você o está desejando. É normal já que nunca havia se sentido assim, não é?
       Balancei a cabeça concordando. 
       — O namoro com o Jean era infantil. Nunca senti nada de diferente a não ser carinho. Achei que era normal e que estava apaixonada até ver o Christian. Ele me despertou com seus beijos, seus carinhos. Fico nervosa quando ele está perto. 
       — Você sabe sobre sexo? Sobre o que acontecerá entre vocês?
       — Biologicamente falando, eu sei, mas tô morrendo de medo. 
        — Não precisa temer nada, o Christian é um fofo e sabe cuidar muito bem de uma mulher, ele não é bruto a não ser que ela goste. Ele vai saber te conduzir, não se preocupe.
        Cheguei mais perto dela.
       — Será que é normal eu me senti assim, querendo que aconteça logo? 
       — Sim, é normal — ela riu.
       —  Não sei o que ele viu em você que é boba, inexperiente, parece uma criança. 
        Essa sei quem é. Luísa. Ela me rodeou me olhando com desdém. 
       — Aproveite enquanto pode, porque ele logo voltará pra mim. Ele é meu, só meu e nenhuma carinha bonita o tomará de mim. Você não sabe onde está se metendo. Vai se arrepender amargamente por ter cruzado o meu caminho. Depois não diga que não avisei.
       Arregalei os olhos assustada e Susan se prostrou ao meu lado como se me protegesse. 
       — A deixe em paz, Luísa. 
       — Olha só pra ela, Susan, nem sabe se vestir. Que vestido ridículo, do fundo do baú. 
       Minhas lágrimas vieram para o meu rosto. Não consegui me controlar e ela riu debochando. 
        — Queridinha, acho que não precisarei fazer nada, você mesma fará. Uma coisa que o amor da minha vida odeia é mulher fraca.
        — Vai embora, Luísa, eu já disse, você perdeu sua chance com ele há anos — Susan foi mais grossa.
        — Como você?
        — Sempre amei o Jonathan, todos sabiam. O meu cunhado foi somente meu amigo e o que aconteceu entre nós ficou no passado. É problema nosso e de mais ninguém.
        — Ainda bem que não precisei mover um dedo. Você o deixou. Quando ele me ignorou pra ficar com você, achei que estivesse seriamente apaixonado, mas felizmente foi um engano. Ele só queria estar. 
         — Já que se formou em inteligência máxima, vá embora.
         Nem sei o que pensar. Susan e Christian? Não sei o que aconteceu para ela ter ficado com ele amando outro homem. Olhei para meus pés e acho que ela percebeu meu desconforto, pois pôs a mão no meu ombro e a fitei sem graça. Não tenho nada a ver com a vida dela nem de agora e muito menos de antes. Não a julgo, sério. Quem sou eu pra fazer tal proeza? Pessoas que julgam demais, dão o direito de outros fazerem o mesmo. Ninguém é santo e tem o telhado de vidro, então menos hipocrisia.  Não vejo nada de errado nisso, ela era livre e desimpedida, o corpo é dela pra fazer o que bem entender. O fato de ter namorado com o irmão do marido antes dele, não me diz nada. Eles não traíram ninguém, a não ser que eles soubessem que Jonathan a amava, mas conhecendo a Susan, mesmo em tão pouco tempo, acredito que não. Vejo como ela e o marido se olham com amor e paixão e como ela olha para o Christian como se ele fosse seu irmão mais novo. É nítido que tudo o que aconteceu ficou no passado. 
       — Isso foi há muito tempo, Kimberly, foi um erro. A gente na hora não pensou. Eu estava mal, triste e estávamos bêbados da primeira vez, depois decidimos continuar porque eu precisava de algo pra não desmoronar. Não suportei ver o homem que eu sempre amei casando com outra acreditando que a amava e que se casou comigo da primeira vez por pena. Doeu, sabe? Doeu muito. Até hoje ele não encara os fatos. Christian e eu prometemos não falar nada porque Jonathan quis assim  — Ajeitou a roupa.
        — O Jonathan sabe, Susan? — Luísa perguntou rindo. 
        — Esse assunto só diz respeito ao Christian e eu, somente. É melhor você ir, agora.
        Christian apareceu e ficou na frente de Luísa fazendo sinais para o alto. 
       — Eu te avisei. Nunca mais chegue perto da minha mulher ou farei duas vezes pior. Você ainda não me conhece de verdade e não queira arriscar.
       Os dois seguranças dele a pegaram e ela começou a gritar que ele a amava, que nunca iria ser feliz com outra. Que se mataria e o mataria se ele amasse outra mulher que não fosse ela. Me assustei. Meus soluços aumentaram e ele se virou pra mim me olhando com algo parecido próximo de pena. Ótimo. Tô tentando, mas não consigo parar. Ele passou a mão pelo meu rosto para secar as lágrimas. Segurou nos meus braços e inclinou a cabeça até minha altura e sua boca tomou conta da minha em um beijo lento. Sua mão foi para minha nuca e um dedo desceu pelo pescoço até que ele segurou no meu rosto firmemente aprofundando o beijo. No fim colamos nossas testas.
       — Não se preocupe com ela. 
       — Ok  — Sussurei grata pelo seu gesto.
       Ele me beijou novamente com menos ardor e depois se afastou. 
        — Nossa! — Susan exclamou batendo palmas — Que beijo foi esse do seu novo herói? 
        Ri e o vi conversando com a Manuella. Pareciam pai e filha do modo que interagiam.
        — Sabe, ninguém me tira da cabeça que são pai e filha.
         — Também penso o mesmo. Ele cuida dela desde que nasceu, quando a pegou no colo pela primeira vez, não quis mais largar que  Luísa achou que se casariam por causa da menina. Christian se apaixonou pela menina. Ele faz tudo por ela como pai. É lindo!
        — Sim, acho que me apaixono mais a cada minuto.
        — Ele precisa de alguém assim. Com o tempo você aprenderá a lidar com ele. 
        — Oi.
        Me virei e me deparei com Jean atrás de mim. O abracei normal. Apesar de tudo o considero um amigo. Não guardo mágoas, rancor, absolutamente  nada de ruim. Agora o vendo novamente depois de meses, preciso concordar que ele é realmente lindo, galanteador e que meus sentimentos foram confundidos por eu ser inexperiente. Meu coração não bate em desespero e nem falha uma batida como acontece com o Christian. Não me forço a respirar perto dele, não tento parar de tremer e não luto comigo mesma para não parar de admirá-lo. Não sofri quando ele com raiva de mim, me deixou, dizendo o quão fraca e interesseira eu era. Estou completamente apaixonada pelo meu marido e nunca estive pelo Jean. Este é um fato que finalmente me dou por vencida. Christian parece ser um homem difícil a ser conquistado, mas irei tentar, dar o meu melhor que também será extremamente complicado, visto que minhas experiências amorosas se reduzem a zero.
        — Como você está com tudo isso, Kim? — Tocou no meu rosto. Ele fazia isso quando namorávamos e agora eu via como gesto de amigo. 
       — Tô bem.
       — Sinto muito por não ter te ajudado
       — Acho que você não sente.
       Ele torceu os lábios e enfiou as mãos no bolso da calça social. 
        — Ainda gosto de você, ainda te amo e vê-la sendo de outro, me machuca.
         Fitei Susan que estava espantada com a ousadia do meu ex.
        — Você terminou comigo e me ofendeu. Disse que me vendi, que era uma interesseira e que menti sobre a minha inocência. 
         — Eu disse mesmo, mas o que queria que eu pensasse?
         — Pedi sua ajuda e te expliquei o que havia acontecido, o que haviam feito, mas você não quis entender e me culpou de tudo.
         — Eu estava frustrado, ok? Por meses a fio tentei te convencer a dormir comigo e você se recusava, nunca havia dito que me amava, o que queria que eu pensasse? Eu te queria e o... seu marido — Riu — Você nem sabe porque ele te escolheu, não é? Porque seu pai perdeu no jogo? Você pode ser inocente, mas ele não é nem um pouco. 
       — O que quer dizer? — Meu coração se apertou.
        — Será que não é óbvio? O Christian armou toda aquela situação para o seu pai perder e forçar a te vender. Isso é crime, sabia? Deveria denunciá-lo e a toda essa gente cúmplice. 
        — Isso não é verdade, Jean — Senti uma lágrima cair e a dor no meu peito se intensificar. 
          Tive que vê-lo me encarar estranhamente por minutos interruptos.
       — Você está apaixonada por ele?
        Nem me dei conta que focava minha atenção no meu marido.
        — Por que diz isso? — O encarei novamente. 
        — É óbvio — Pegou na minha mão — É uma pena que ele tenha se casado para se vingar de mim. Você merecia mais. Eu não posso fazer nada por você porque preciso seguir minha vida. É tarde demais, então, cuide-se.
        Não sei como pude não perceber como ele era mesquinho, egoísta e que eu sempre passei de um pedaço de carne que ele tentava obter.
        — Jean — Toquei em seu braço quando ele fazia menção de sair — Eu preciso saber, você me traiu enquanto namorávamos?
         Ele respirou fundo e segurou minha mão novamente.  
        — Tenho necessidades e você não colaborava, então eu não tinha exatamente uma opção. 
        — Pensei que me amasse, mas me enganei.
         — Ainda amo, ainda te amo e dói muito te ver casando com outro, sabendo que será dele daqui a algumas horas como nunca foi minha — Olhou para os lados — Se estiver com muito medo, podemos sumir por alguns minutos para que eu te proporcione momentos de prazer antes que ele a viole brutalmente. 
       Não tô acreditando no que tô ouvindo? Quem ele acha que sou? Por que está falando assim? É desse jeito que diz que me ama? Ele sabe que isso é mentira. Quem ama, protege, luta pela felicidade do outro; coisa que ele nunca fez e nem sequer considerou em fazer. Jen é egocêntrico e fui boba demais para não ter percebido antes de me envolver. 
       — Melhor você ir, Jean — Susan alertou — Christian está vindo pra cá com uma cara nada boa.
      — Não tenho medo dele.
      — Jura? — A palavra dita com ironia me surpreendeu. Susan o conhecia?
        Jean se virou para o meu marido se ajeitando nervosamente parecendo pronto para correr como um covarde. 
      — O quê quer? — Christian pronunciou entre dentes cerrando os punhos. Sua mandíbula parecia travada.
       — Não posso cumprimentar a noiva?
       — Já pode ir.
       — Tranquilo — Ele começou a passar por Jonathan e um outro que era segurança e depois se virou desferindo um olhar perverso que nunca vi — Bom, só assim mesmo pra você conseguir uma loira dessa, né? Tem que ser a força. Admito que Giulia é muito bonita e sexy, mas Kimberly é dez vezes mais entre todas das quais já teve. Esse ar de inocência dela, e realmente ela é, desperta coisas nos homens, principalmente em você que deveria se casar com alguém da sua espécie — Olhou para Susan e pus a mão na boca. Como ele é preconceituoso. Não conhecia esse Jean.
       Christian foi pra cima dele igual a um touro bravo, mas Jon o segurou facilmente.  
       — Deixa ele, Jon, esse cara merece — O outro cara disse. 
        — Tá maluco, Brendan? Hoje é o dia do casamento dele — Jon disse sacudindo o irmão — Se controla, porra — Olhou para Jean e disse:  — Susan é a minha mulher, nunca mais faça essa referência preconceituosa em relação a ela e ao meu irmão ou eu mesmo sujarei minhas mãos de sangue.
      Jean engoliu em seco arregalando os olhos e depois buscou os meus. 
       — Parabéns pela sua nova família de bandidos — Se virou para os irmãos — Me admiro você, Jon, se casar com uma mulher que deveria ter sido sua empregada, sua faxineira. Bom, ela provou a que veio quando se envolveu com seu precioso irmão, pena que não ficaram juntos. Vocês se misturaram. Imagine como será o filho do Christian com a Kimberly? O Martin ficará decepcionado como ficou quando o Christian nasceu. Seu pai pode ser alemão, sua pele pode ser quase branca, mas ainda é um negro imundo igual a sua mãe — Pronunciava as palavras com nojo me dando ânsia. Como pode? — Você deveria estar na senzala e não entre nós que temos sangues puros; Jon, eu e Casey.
      Meu cunhado levantou as mãos soltando meu marido que tinha fúria no olhar. Jean percebeu e com a mesma cara de medo, correu e Christian foi atrás tranquilamente. Fui atrás para evitar uma tragédia e os capangas do meu marido pegaram meu ex antes de dele cruzar a porta da saída e ele me implorava para ajudá-lo. Me aproximei do meu noivo que se aproximava lentamente de Jean como se caçasse uma presa.
        — Christian, por favor, deixa isso pra lá — Segurei em seus ombros. 
        — Tire suas mãos de mim agora — Rosnou entre dentes que dei um pulo me assustando.
        — Escuta ela, cara, vi que está apaixonado. Todo mundo viu. Vou ficar longe, prometo — Jean dizia nitidamente com medo.
        Não vi os olhos do meu marido, mas pelo jeito inicial, deveria estar planejando assassinar aquele que agiu com preconceito. Já imaginava que meu marido tivesse descendência negra, porém enganava, pois sua pele é morena clara e mesmo se não fosse, continuaria lindo porque tom de pele não se julga caráter. 
        — Tira ela daqui, caralho — Christian gritou de costas pra mim e vi uma arma do lado de trás da sua calça exatamente como do tal Brendan e de Jonathan. 
        Susan me levou para dentro do salão. Olhei para trás e só vi os seguranças soltarem Jean que levou o primeiro soco de Christian. Arregalei os olhos quando o sangue espirrou. Minha co-cunhada me virou pela cabeça mantendo-a para frente. Tampei os ouvidos ouvindo meu ex gritar por socorro. Muitos convidados foram para fora para saber o que estava acontecendo, principalmente os fotógrafos. 
       — Susan — Minha voz estava embargada e o rosto dela neutro — O que...
       — Não fale sobre isso com ele, nunca, ouviu? Jean sempre fez isso, sempre agiu com preconceito. Você não viu nada. Ele costuma ser bem mais cruel e Christian reage assim ou até pior — Paramos na cozinha do salão onde ela pegou um copo de água e me deu — Não se preocupe que Jonathan e Brendan estão lá e não deixarão que ele passe dos limites. Apesar de que dessa vez ele falou de mim, então não sei se meu marido será benevolente. Bom, ele é centrado e não deixará as coisas ficarem piores, acredite.
     Quase engasguei com o líquido.
        — Que limites seriam esses?
        — Matá-lo.
        Bebi todo o líquido mais nervosa. Ele seria capaz?
        — Susan, ele já matou alguém?
        — Kimberly — Se virou pra mim — Ele fez muitas coisas erradas e ainda faz, se envolveu com todo tipo de coisas, de gente porque no fundo ele se sentiu sozinho, sentiu que não merecia ser amado depois que a mãe foi embora e o pai descontou todo o ódio nele, mas ele faz coisas boas também. Ele não sabe que Jon e eu descobrimos que ajuda muitas pessoas, que é bom. Ele só está perdido e você pode ajudá-lo a se encontrar. Vimos nos olhos dele algo diferente quando te olha, mas ele não sabe ainda. Cuide dele e não exija nada como todos fazem. 
       — Tô apaixonada por ele, vou fazer de tudo para ele se encontrar. 
       — Ele ainda vai te trair, muito. Se ele perceber que está se apaixonando, vai se afastar, ser grosseiro e vai tentar ficar com um número maior de mulheres para te esquecer. Ele não sabe lidar com sentimentos bons, o ensine.
         — Eu irei. 
        Não vou negar que essa parte de traição me machucou. Não sei como lidarei. Sempre fui taxativa dizendo que jamais aceitaria e agora estou aqui avaliando minhas prioridades. Acho que ele não sabe ser fiel. Precisa ser ensinado como uma criança a andar.
        Tempos depois os filhos gêmeos de Susan e a primogênita Ayra Aisha correram para abraçá-la. 
        — Mamãe, o tio Christian está batendo no tio Jean? — Ayra indagou assustada — Tá todo mundo falando. 
        — Isso é um problema entre eles.
        — Racismo e o tio Christian está se defendendo. Isso é crime, sabia? Meu pai me explicou quando um menino fez o mesmo comigo na escola e ele foi lá para me defender — A menina disse naturalmente e com orgulho e foi beber um refrigerante puxando os irmãos.     
        — Eles sabem, nem posso fingir porque infelizmente é o mundo ignorante em que vivemos — Susan informou sem humor.
        — Não tinha ideia que Jean era assim
        — Ele não é. Tudo que ele faz é pra agradar ao pai. Uma vez vi o padrasto dele o repreendendo que nada que ele faça o Martin irá amá-lo porque ele não sabe amar.
       —  Eles andam armados — Constatei apavorada — Você não tem medo?
       — É proteção e eu não tenho — Respondia com tranquilidade - É uma história longa e complicada. Depois te conto com calma. Só saiba que as armas são necessárias. Não o questione.
       Christian entrou na cozinha olhando para todos os lados como se procurasse alguém até que me viu e se aproximou apressadamente. Bebeu um taça de champanhe de uma só vez e me pegou pelo braço. 
       — Precisamos ir agora. Tô ferrado.
       — Ele está vivo? — Susan perguntou.
       — Seu marido está lá limpando minha sujeira com o Brendan. Passei dos limites, mas sim, ele está vivo, infelizmente não foi dessa vez. 
       — Boa viagem — Sorriu. 
       Sinceramente não queria, mas essa interação deles me deu ciúmes. 
        Parecia que todos estavam levando o que aconteceu numa boa como se fosse rotina. Acho que nunca entenderei. Saímos pelos fundos sem sermos vistos como dois fugitivos que realmente éramos. Agora que percebi que ele trocou a camisa e a calça pelas do irmão Jonathan. As outras deveriam estar empoçadas de sangue. Minha garganta travou. Onde fui me meter? O que será que ele fará comigo? Nem sei mais se estou segura se é que já estive alguma vez.

CASAMENTO FORÇADO  - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN) حيث تعيش القصص. اكتشف الآن