26 - CAPÍTULO

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     Nem percebi que havia adormecido no sofá esperando minha mulher me ligar para buscá-la na confraternização que os formandos fizeram. Não fiquei feliz por ela estar em uma festa sozinha, mas entendi relutante que era sua chance de ser uma adolescente pela última vez. O som ensurdecedor do celular me acordou. Verifiquei as horas e não eram nem 6, horário que costumo acordar. Já era domingo. Que festa é essa que dura a noite toda? Drogas. Era a única explicação plausível e deixei minha esposa no meio daquilo. Maldito seja.
       — Alô, Kimberly?
       — Não, amor, aqui é a Luísa.
      Não acredito. Depois de anos essa doida resolve me ligar e na pior hora. Ainda não dei o que merece por ter feito minha filha adoecer, mas sua hora irá chegar. Sorte dela que as crianças estão todas bem, apenas pegaram uma gripe de leve e em poucos dias melhoraram por completo. Fiquei ocupado demais cuidando da minha pequena que ficou muito dengosa.
      — O que você quer, Luísa? Tô de saída, então seja breve.
      Entrei no banheiro que tinha na sala de estar e liguei o chuveiro me despindo. Pus o celular no viva-voz.
      — Sou sua amiga, queria te alertar.
      — Amiga? — Ri com escárnio — Me alertar? Fala de uma vez. Não tenho tempo para suas gracinhas e seus joguinhos.
      — Você sabe onde sua esposa está e com quem?

      — Sim, por que a pergunta? 

      — Sabe mesmo? Ou só sabe o que ela te disse? 

      — Passe bem, Luísa — Desliguei e ela retornou — Que porra, preciso sair, o que você quer? 

       — Já que confia tanto nessa sem sal, então não irá se importar se eu lhe der um endereço pra que veja como ela gosta de comemorar e com quem.

      — Luísa, se você tiver armando alguma coisa...
      — Não tô armando nada, apenas a vi entrar no carro de alguém e segui, ela entrou em um apartamento e estava ótima, feliz.
      Meu sangue ferveu.
      — A Kimberly não é uma vadia como você —Gritei — Me passa o endereço por mensagem agora.
      — Quando precisar de consolo, me procure. Tô em casa.
      O banho foi rápido. Me enrolei no roupão e me vesti no meu quarto rapidamente mal secando os cabelos que agora estavam mais curtos e alinhados. Tenho 35 anos, não posso mais usar o estilo bad boy. Sou pai de família agora. Luísa não me assusta. Minha mulher não é como ela. Kimberly têm princípios e não faria nada pra prejudicar nosso relacionamento. Confiamos um no outro. Não existem segredos entre nós.
      Acordei minha filha com beijos e troquei seu pijama por uma calça social e um casaco bem quente. Ela sorriu. Sempre acordava de bom humor igualzinha a mãe.

        — Bom dia, papá. Tô com fome.

         Olhei encantado pra esse rostinho meigo e inocente que por um momento me esqueci do que faria em seguida. Sophia desperta o melhor que há dentro de mim que achei que estava extinto. Quero ser um pai melhor a cada dia. Nunca pensei que fosse amar tanto um ser desse jeito. Amo a Manuela, mas acreditei por anos que ela fosse minha irmã e não tive vínculo de pai e filha como tenho com a Sophie desde que estava no ventre da mãe. Amo as duas incondicionalmente. 

        — O papai vai ter que sair. Hoje você vai comer besteira no meio do caminho e depois vou te deixar com a vovó Sophia.
        — Oba, adoro a vovó e o vovô — Gritou feliz.
       Enquanto a colocava na cadeirinha, liguei pra minha mãe.
        — Oi, filho, bom dia, está tudo bem?
        — Acho que sim, não sei ao certo — Soltei o ar que eu segurava — Bom, posso deixar a Sophie na sua casa por algumas horas? Preciso resolver umas pendências. 
        — Claro. Vou adorar ficar com ela outra vez. 
        — Desculpe por ser tão cedo. Eu... — Parei de falar. Não gosto de dar informações demais e acho que ela compreendeu. 
        — Não se preocupe com isso. Você é meu filho, te ajudarei em tudo que precisar, independente da hora. Pode contar comigo sempre. 

CASAMENTO FORÇADO  - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN) Where stories live. Discover now