3 - CAPÍTULO

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💪💙CHRISTIAN WINSOR

     O Sr. Lorenzo Álvarez me entregou a sua jovem filha e eu o olhava seriamente. Me recusei a pegar no braço dela enquanto não a visse. Se fosse feia, desistiria desse casamento e ainda daria um tiro certeiro no peito do trambiqueiro do meu sogro. Irei fazer picadinho dele com uma bela surra, os deixaria na miséria antes de matá-lo. Sou mais perigoso do que pensavam. Se a polícia descobrisse tudo que já fiz e ainda faço e no que me envolvo, passaria o resto da minha vida atrás das grades. Minha vida sem lei começou cedo, aos 18 anos por culpa daquela que dizia que me amava. Era perdidamente apaixonado por ela, pelo menos eu achava, talvez eu fosse, não sei. Gostava de ficar junto, foi a segunda mulher por quem me interessei até hoje, pra quem me dedicava pra no fim me trair, ficar do lado daquele que me fez tão mal. Odiava os dois e um dia ainda irei fazê-los pagar por cada dia sofrido.
    Atendi a um pedido para não machucá-lo fisicamente há muito tempo quando cheguei na casa dele e o vi humilhar meu irmão como sempre fez. Encostei a arma no seu peito e depois de mais tapas e xingamentos da parte dele, engatilhei o dedo no revólver e estava pronto para atirar em questão de segundos dizendo o quanto o odiava e que iria rir muito da sua morte lenta e dolorosa. Só não atirei porque a minha irmã implorou. Por ela eu faço tudo. É a única que desperta algum tipo de sentimento bom em mim, ela e a Manu, minha princesa.
     Manuella o adora e não entendo o porquê. Ele é bom pra ela, sempre foi, mesmo negando que seja seu pai, a ama como neta, mas ela não é minha filha como diz. Luísa me enganou, me traiu de todas as formas possíveis quando eu tentava ser fiel. Minha princesa é dele. Nunca o vi ser carinhoso com nenhum filho, exceto Casey. Ele fazia de tudo pela Manu que o conquistou com o tempo, nada faltava pra ela que era criada pela irmã de Luísa, Natasha.
   Por elas o deixei vivo e agora ele estava morrendo em um leito de hospital depois de vários tratamentos contra um tumor maligno inoperável no cérebro. Se pudesse optar em salvar a vida dele, não salvaria. O odeio sem remorsos e sei que ele também me odeia ou teria sido um pai melhor pra mim e para o Jonathan.
     O péssimo pai, mercenário diante de mim, deu um beijo na testa da filha por cima do véu que o olhava estranhamente. Não vi ódio ali, o que era estranho já que ele a vendeu. No fim ele disse algo em espanhol; " Sé feliz, niña. Lo siento por todo", que significa, "Seja feliz, filha. Sinto muito por tudo". Sei disso porque sou um filho da puta poliglota. Ninguém me passa a perna no meu idioma e nem em nenhum outro. Tenho facilidade para aprender tudo que eu quiser, exceto amar, que é algo inexistente no meu estilo de vida. Pensei que ela lhe daria uma boa resposta odiosa, mas ela fez algo realmente surpreendente; o beijou em ambas as mãos e sussurrou um "te amo, papá."
      — Cuide muito bem dela, que é meu tesouro, tudo que me resta.
     Sorri ironicamente, como um pai poderia dizer que sua filha era seu tesouro quando a vendeu ao invés de dar o seu próprio pescoço? Se eu tivesse uma, mataria e morreria por ela. Isso é que os pais de verdade fazem. Não um merda que vê uma oportunidade e a agarra com todas as forças sem pesar os prós e contras de suas decisões estúpidas.
   — Temos uma porra de um acordo fodido, pedi que não entrasse com ela na igreja, seu miserável — Fiz um sinal para um dos meus seguranças enquanto sussurrava ao ouvido do meu sogro fingindo cumprimentá-lo — Charles irá acompanhá-lo até sua casa pelo resto da noite e não se atreva a voltar ou não darei segundas chances.
     Ele assentiu e saiu à francesa. Levantei o véu do rosto da minha futura esposa e fiquei hipnotizado diante de tanta beleza e perfeição. Pensei mil coisas que poderia fazer com esse pequeno corpo magro e esbelto. Ela tem curvas nos lugares certos. Não vejo a hora de tê-la em meus braços. Fiz uma varredura do seu corpo minuciosamente. Ela me pertence de hoje em diante até me que me cansasse. Estamos nos conhecendo agora. Nunca vi uma mulher loira e linda ao mesmo tempo como ela. Os cachos são levemente ondulados, suas sobrancelhas e cílios são tão claros como seus cabelos. Seus olhos verdes amarelados são perfeitos. Ela parece um anjo. Sua boca é pequena e rosada. Sua pele clara não tinha nenhuma maquiagem, porém isso não atrapalhava em nada. Ela é toda linda. Deve ter um metro e setenta e três como foi informado. Quero ver mais do seu corpo, mas não aqui. Não dava pra ver muita coisa com o vestido antigo que usava.     
    Não entendi porque não optou pelos modelos modernos se deixei dinheiro suficiente para isso. Peguei em sua mão e senti uma descarga elétrica. Me afastei no susto. Que droga foi essa? Meu coração estava acelerado, porém isso posso ignorar, eu acho. A fitei percebendo que também sentira o choque. Que merda estou fazendo afinal?

💓🌼KIMBERLY WINSOR         

     Eu o olhava atentamente surpresa pelo choque que tomei quando nossas mãos se encontraram. O sorriso dele apesar de debochado era encantador. Meu coração ainda palpitava, parecia falhar uma batida. Me perdi naquele par de olhos azuis piscinas que literalmente me devoravam. Me senti estranha com a intensidade desses olhares. Umedeci os lábios com a língua de nervoso e ele acompanhou mordendo o seu e estalando o pescoço. Não entendi o que aquele gesto significava, mas definitivamente estou com muito medo do que virá depois. Se o que o meu pai disse é verdade, tenho muito que temer ainda e esses olhares dele me examinando eram de arrepiar de uma forma boa. Ele é tão lindo e também assustador. É o homem mais lindo que já vi na vida. Queria tocá-lo, beijá-lo. A pele dele era morena. Era um moreno bronzeado perfeito. Essa barba rala dele o deixava mais lindo ainda e que boca grande, mãos grandes, nariz grande. A pele devia ser rústica como ele.
    O que tô fazendo o comendo com o olhar imaginando coisas íntimas entre nós? Só posso estar louca. Meus olhos fixaram nos dele novamente que também me analisava.
    — Melhora essa cara, garota — Ele disse ao pé do meu ouvido e me arrepiei inteira. Não entendi o que meu corpo estava fazendo. Isso é novo pra mim, além do mais ele não disse nada de mais — Desse jeito haverá especulações.
   Dei um sorriso falso sem conseguir desviar meu olhar, ainda embriagada pelo seu charme que me despertava. Essa voz grossa dele me fez ter calafrios nos lugares errados. Esse é um caminho desconhecido. Minhas amigas me falaram sobre essas sensações já que eram sexualmente ativas. Acho meio impossível estar sentindo isso agora, a gente nem se conhece. Não estou apaixonada para me sentir atraída. Só quero parar de tremer.
    — Melhorou?
    — Não sou nenhum monstro, senhorita Álvarez.
    —  Oi, pra você também, Sr. Christian Charles Winsor, meu novo dono — Falei com deboche.
   — Vários meses depois, não fiquei nada decepcionado. Você é lindíssima — Me olhou de cima a baixo causando reações esquisitas me fazendo fechar os olhos involuntariamente — Pena que esse vestido não deixa muito pra imaginação. Por que não comprou um moderno? Deixei cheque pra isso, não?
    — Preferi comprar comida e pagar umas contas atrasadas, sem falar que o vestido da minha mãe estava em perfeito estado.
    — Tanto faz — Fez uam careta de entediado. 
    — Vou fazer dezoito anos ainda e também nem lhe conheço. Como pôde pensar em casar com uma desconhecida?
    — Fica calada, está bem? Assim fica mais bonita. Além do mais trocamos emails nesse tempo.
    — Formais. Você me disse em que consiste seu trabalho e só. Não perguntou sobre meus gostos, se eu estava bem, não me disse nada sobre seu dia a dia...
     — Já deu, ok? — Me interrompeu e percebi que tentava manter a calma — Essas baboseiras não me interessam. Não tô procurando romance, se você está, espere até nos divorciarmos e aí poderá correr atrás de quem quiser — Olhou para um ponto atrás de mim entre os convidados. Segui seu olhar e vi Jean, meu ex namorado que se recusou a me ajudar. Espera um pouco, como ele sabia que namoramos? — Espero que não me decepcione enquanto estivermos juntos. A comprei para me satisfazer de todos os jeitos que eu quiser, não admito que se engrace com mais ninguém.
    O fitei quando ele voltou a falar e engoli em seco assustada com o jeito rude dele de pronunciar as palavras. Nos ajoelhamos dando início a cerimônia.
    — Eu, Christian Winsor, aceito você Kimberly Álvarez como minha esposa, prometendo amá-la e respeitá-la — Revirou os olhos.
     Engoli em seco novamente. O que acontecia dentro de mim que não conseguia agir normalmente? Ele estava me afetando de um jeito estranho. Meus olhos estavam nos dele. Meu estômago estava sendo revirado. Isso é impossível. Não o conheço, não posso me apaixonar por um  desconhecido, por mais lindo como ele. Não o deixarei me tocar, eu quero, mas não posso. Pigarreei.
   — Eu, Kimberly Álvarez, aceito você Christian Winsor como meu... — Olhei para todos que estavam no local prestando atenção em nós, foquei novamente no homem a minha frente que apenas me olhava sério e balbuciou um "continua" irritado -—... esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo.
     Pronto. Estava feito, agora estou a minha própria sorte. Serei ou já estou sendo submissa. Nunca tive intimidades com nenhum outro homem e, agora terei com alguém quem nem sequer conheço. Era surreal o que fizeram e nem tive chance de fugir. Bom, será que quero fugir? Será que amor à primeira vista realmente existe? Se sim, estou completamente perdida e enfeitiçada por um ser maligno que terá tudo de mim.

                             

CASAMENTO FORÇADO  - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN) Where stories live. Discover now