30 - CAPÍTULO

7.9K 350 61
                                    

  💙💪CHRISTIAN WINSOR 

    Não acredito que engravidei essa maluca de primeira. Foi muito azar. Ela se aproveitou da minha condição de bêbado, vulnerabilidade e de ter a confundido com a mulher que amo. Mal lembro do que aconteceu. Tudo bem que não sou inocente, porém ela é a mais culpada. Ela armou nosso suposto encontro quando estava no seu período fértil.

    Giulia é uma cobra igual a Elisabeth que também engravidou do meu irmão quando ele estava bêbado e a confundia com a Susan. Duas cobras traiçoeiras, prontas para dar o bote. Eu poderia tê-la obrigado a abortar, mas depois de Sophie, não consigo matar um filho. Ela já fez uma vez contra a sua vontade imposta pela minha. Devo isso a ela, apesar de ser nítido o quanto quer me prender com esse filho. Agora não sei se ela realmente ama essa criança ou a está usando como um meio para me atingir. Bom, também sou culpado, eu não deveria tê-la confundido com a mulher que amo, assim meu corpo não reagiria. Eu acho,  porque aí entra a parte biológica da coisa. 

    Não odeio esse filho, porém me sinto infeliz demais. Não cogitava a hipótese de ter um menino com ela. Eu não posso ter um menino. Meu irmão Jonathan se saiu muito bem lidando com seus medos em relação ao Tyler mesmo tendo seus altos e baixos em relação a educação, contudo não sei se conseguirei o mesmo. Meus pesadelos têm piorado desde quando ela fez o ultrassom no qual não fui e revelou o sexo da criança. Sonho com meu pai diariamente e isso tem acabado comigo. Só Sophie tem alegrado os meus dias. Ela não gosta da Giulia e tem andado meio triste por ela está por aqui. É temporário. Tenho pensado bastante em deixar esse apartamento para ela e reabrir a minha casa. Preciso pensar no que é melhor para a minha princesa que é minha única prioridade.

     Não amo a mãe dessa criança e pior, não sinto nada em relação a ela também e isso me assusta. Não quero ser como um pai como o meu foi.  

     Giulia está infiltrada no meu apartamento de licença maternidade exibindo aquela barriga, toda orgulhosa. Não dormimos juntos e muito menos a toco. Se me dissesse antes que um dia eu sentiria repulsa por mulheres, eu gargalharia e se afirmassem que isso se devia ao fato de eu estar perdidamente apaixonado por uma delas, chamaria a pessoa de maluca. Todavia é isso que está acontecendo. Não toco em uma mulher há meses e não sinto necessidade disso, só penso e quero minha doce esposa de volta. Depois que a tive em meus braços pela primeira vez, não sei mais o que é sexo e, sim fazer amor. Só fiz amor com ela e quero outra vez e pra sempre. Ela me faz muita falta.
      Comecei a investigar de perto o que aconteceu naquela formatura, não muito convencido, porém algo me intrigava. O jeito que Kimberly estava estranha no fatídico dia,me chamou a atenção, mas tive que adiar por causa da gravidez de Giulia que vive passando mal e estressando meu dia e minha vida. Desejo ter minha esposa de volta sendo culpada ou não, todavia preciso saber onde tô pisando, preciso saber o que a fez agir assim. Só sei que não posso mais viver sem ela. Preciso do seu calor e da sua presença. 
       Natasha continua sendo minha secretária. Finalmente ela se interessou por outro homem. Richard. Ele é um dos novos sócios da empresa. Estão saindo a algum tempo e ela parece feliz e apaixonada e pelo que vi é recíproco. Investiguei sobre ele porque bem ou mal ela é mãe da minha filha. Descobri que ele é perfeito pra ela que nunca esteve tão feliz e entusiasmada.
       Manuella está tentando vim pra cá, mas não consegue por causa das provas finais. E como um pai zeloso que sou a tranquilizei dizendo que estou bem, lidando muito bem com a separação. Não posso prejudicar minha filha lhe contando a verdade. Ela entendeu e nas férias virá. Tô morto de saudades da minha primogênita. 
      Do nada Natasha entrou na minha sala sem bater quando eu estava admirando a foto da minha esposa. Não entendi até ter uma Luísa bufando e a empurrando.
       — Pode deixar ela entrar, Natasha.
       — Tem certeza?
        Luísa a fuzilou com o olhar que não deixou se intimidar. Assim que a porta fora fechada, ela sentou no meu colo sem eu esperar e, tentou me beijar que virei o rosto e me levantei a afastando.
      — O que você quer, Luísa?
      — Te dei tempo suficiente para se esquecer daquelazinha. Por que não me procurou?
      — Porque eu não te amo, não vi motivo pra isso.
      — Depois de tudo que fiz... — Se interrompeu.
      — E o que exatamente você fez? — A peguei pelo braço que tentou fugir — Tem dedo seu nessa história da Kimberly e do Jean, Luísa? É isso?
       — Desde quando você está cogitando que ela é inocente? Não fui eu quem foi pega na cama transando com ele.
        Passei a mão pelo rosto irritado a soltando nem um pouco delicado. 
       — Você armou pra ela, Luísa? Diga a verdade, por que se eu descobri, será pior.
       — Eu não fiz nada — Ficou na defensiva — Jean a rodeou tanto que ela cedeu. Ela não te ama, eu sim.
       Me afastei quando tentou me beijar novamente. 
      — Vou investigar e se tiver dedo seu nessa história, considere uma mulher morta literalmente. 
      — Quero que me dê uma chance, te quero de volta. Posso fazê-lo me amar.
      — Eu amo a Kimberly.
      — Mas ela te traiu, transou com o Jean — Fez careta.
     — E você transou com o meu pai e engravidou dele.
      — Ele me estuprou — Se indignou com a mesma falsidade de sempre.
      — Não acredito porque o que vi foi uma Luísa satisfeita sexualmente cavalgando nele. Ninguém me contou, eu vi — Dei de ombros porque nada referente a ela me interesava — Nunca te amei, mas achei que fosse diferente e que poderia amá-la ou sentir algo semelhante.
      — Ela não é melhor do que eu. Ela te traiu exatamente como eu fiz. 
       — Ela é mil vezes melhor do que você — Afirmei sorrindo — Ela é a mulher da minha vida. 
      Ela me olhou com tristeza parecendo machucada com as minhas palavras, mas não me importo. 
      — Ela te traiu com o seu irmão — Fez cara de nojo.
      — Eu não acredito mais nisso.
      — O que? — Se abalou e se sentou estagnada. 
      — Eu não acredito que ela tenha transado com o Jean. Acredito sim, que tudo fora armado tão perfeitamente que não houve espaço para questionamento e nem mesmo pensei em nenhum detalhe estranho daquela manhã tenebrosa — Me sentei ao seu lado — Luísa, bem ou mal tivemos uma história e não desejo seu mal até porque não tenho provas da sua participação no ocorrido daquele dia. Quero minha esposa de volta porque não posso viver sem ela. Eu não consigo. Prefiro morrer a ficar sem o meu doce anjo.
      Ela me encarou por um tempo com uma expressão sofrida que por um breve momento tive pena, até lembrar que ela é uma cascavel. Luísa consegue ser pior do que já fui um dia, ela simplesmente não ama ninguém. Demorei a entender que o que ela sente por mim que é mais do que obsessão, é algo mais doentio ainda e, nem mesmo sei o porquê. Sempre a tratei como as outras e até pior de vez em quando nas vezes que meus pesadelos queriam se infiltrar a minha realidade. Era ela quem estava ali para receber o pior de mim, era ela quem saía ferida fisicamente porque eu não conseguia me controlar. 
        Quando nos conhecemos no início da adolescência, ela era doce, meiga e sabia o que queria. Ficamos amigos por pouco tempo até ela se declarar. Eu a aceitei e ela mentiu sobre sua virgindade. Só que ela achava que eu era um menino inexperiente quando que com pouca idade, já havia tido mais mulheres do que pudesse contar. A confrontei e disse que sabia que ela não era mais virgem e que não deveria ter mentido, que aquilo não importava pra mim, apesar dela só ter 14 e eu 13. Porém ela explicou que havia se entregado a alguém que a iludiu com promessas e, como estava apaixonada por mim, queria fingir que eu havia sido seu primeiro. Na época eu realmente acreditei nela e tentei ser fiel o máximo que pude. Não namorávamos, apenas mantínhamos uma amizade colorida, porque meu foco sempre foi a Susan, mas daí, ela começou a ficar possessiva e depois de me ver com outras, passou a fazer o mesmo na minha frente provocando ciúmes. Beijos eram o máximo que ela conseguia antes de dispensá-los e se jogar em meus braços.
     Então descobri que ela não era tão meiga quando meu pai me passou uma mensagem ordenando que eu faltasse ao treino de futebol americano. Então eu o fiz e, como ele mandou, entrei em seu quarto e a vi em cima dele, satisfeita falando obscenidades. Nessa hora ele me olhou e sorriu como se quisesse me machucar. Todavia eu não a amava,  apenas a decepção por ter confiado tanto em alguém além do meu irmão Jonathan, ruiu.
      — O Jean a levou para o apartamento dele antes da festa acabar. Ela saiu tão rápido que deixou o celular e então quando você ligou...
        A encarei que tagarelava sem parar até perceber o que falava.
       — Como sabe disso?
       — Como sei o que? — Devolveu o olhar confuso.
       — Como sabe que o celular dela ficou na festa e que alguém que não era ela atendeu quando liguei?
       — Eu não... — Olhava pra todos os lados talvez buscando uma resposta ou uma saída. 
       — Você e o Jean armaram pra mim e pra minha mulher, não foi? Seja mulher e assuma.
     A puxei com força contra mim que se levantou e tentou sair. 
      — Eu não fiz nada, Christian. 
      — Eu vou te matar, Luísa — Esbravejei — Como sou estúpido, idiota. Você me ligou pra supostamente me avisar sobre onde minha mulher estava, o celular dela ficou na festa e alguém disse que ela havia saído com o Jean. O mesmo que a rodeava na faculdade e... — Parei pra lembrar de alguns detalhes — Ela estava meio tonta como se tivesse drogada e não se lembrava de nada, achei que fosse mentira. Então foi isso, deram alguma droga que  afete a memória tipo boa noite, Cinderela?
        Encarei Luísa nessa hora que engoliu em seco e desviou o olhar. Aí estava a confirmação. Filha de uma puta desgraçada. Me aproximei lentamente com tanto ódio que se eu pusesse as mãos no pescoço dela, seria incapaz de soltar. Por culpa dessa desequilibrada e daquele miserável e dissimulado, destruí tudo que minha mulher sentia por mim, destruí nossa família, a machuquei profundamente agindo como um canalha sem pensar nas consequências dos meus atos. Ela implorou tantas vezes para que acreditasse em si, pediu para recomeçarmos e nem por um segundo sequer lhe dei ouvidos. 
    Nossa filha tão pequena está sofrendo com a separação, não é a mesma menina alegre e sorridente de antes. Tão pequena e já conhece o significado da solidão se afastando dos amigos e primos e tudo por minha culpa que fiz sua mãe ir pra longe de nós. 
      Agora minha filha é obrigada a conviver com uma mulher que não gosta dela. Nunca as deixo sozinha, exatamente porque não confio em Giulia que tem ódio gratuito pela minha princesa. Não suporto ver minha filha infeliz e, por isso,  já decidi que assim que esse bebê nascer, Sophie e eu voltaremos para nossa casa. Não devo nada a Giulia e, sim a minha mulher e irei lutar por ela.
       — Luísa, tô te dando uma chance de dizer a verdade porque se eu descobri mais do que já estou descobrindo será muito pior. Eu irei fazer picadinho de você e do meu querido irmãozinho caçula. 
        — Não fiz nada — Estava sem voz visivelmente abalada. Tocou no meu peito — Eu te amo. Só te quero de volta. Por favor não me odeie.
       — Te odiar? Diga a verdade — Falei brandamente e depois gritei a encostando na parede que se tremeu da cabeça aos pés - Agora.
     Lágrimas rolaram por seu rosto e ainda tentava me tocar. 
      — Onde está o Jean? Onde esse verme se escondeu?
      — Eu não sei.
      — Você sabe e vai me dizer. Não me faça perder a paciência. 
      — Sou só uma mulher apaixonada que faz besteira por amor. 
       Me afastei quando ela começou a tirar a roupa. Observei cada movimento sem sequer me abalar. Ela estava toda exposta e ficou de quatro esperando que eu fizesse o que sempre fiz. Queria que a considerasse minha cadela obediente, porém não sinto mais prazer sexual em ferir as pessoas. Antes eu a pegaria, amarraria e a espancaria, além de fodê-la sem dó. Várias vezes ela já ficou com marcas e com algumas partes do corpo sangrando. Era tão doentio, que quando ela estava dolorida, não pedia que parasse e isso trazia consequências ruins a ela. O seu maior problema era que nunca me dizia não, mesmo se contrariando e, eu sabia, mas não me importava porque só ligava para o meu prazer. 
     Hoje em dia vejo que aquilo era uma fuga da minha mente, era uma parte do Martin que habitava em mim. Meu doce anjo me curou, me libertou. Não quero mais machucar, não tenho mais essa necessidade insana, ela me marcou com seu amor e Sophie só completou o ciclo. 
      Meu celular tocou e vi que era Giulia salvando Luísa antes que eu fizesse algo que viesse a me arrepender depois. Hoje em dia me sinto um pouco mais cauteloso e sensato. Tô tentando melhorar.
      — Alô?
      — Amor, nosso menino vai nascer. Tô indo para a maternidade. Venha logo.
      Desliguei me sentindo tonto. Deixei o corpo cair no sofá. Agora a realidade bateu. Eu seria pai novamente e não quero essa criança que não tem culpa por ter um pai como eu. 
       Luísa me tocou e me afastei consciente da sua nudez. Não a quero por perto. Ela tem o corpo lindo que sempre desejei, mas que agora não me faz falta e que não desejo. É irônico pensar assim porque até pouco tempo atrás, eu era louco por ela sexualmente. 
       — Você está bem?
       — Meu filho vai nascer a qualquer momento.
       — Filho? — Quase gritou em desespero — Com quem?
        — Giulia — A fitei.
      Ela sorriu parecendo aliviada, talvez por saber que sua rival não era ameaça. Ela sempre soube o que eu sentia pela Giulia e algumas vezes também brincava conosco porque eu pedia e, me divertia as vendo me disputar na cama. Pura molecagem. 
       — Vai casar com ela?
       — Não — Peguei meu casaco — Irei reconquistar a minha esposa.
       — Mas ela te traiu.
       — A amo mesmo assim — Abri a porta e me voltei pra ela — Ainda não acabamos. Se tiver um esconderijo que nem o diabo te ache, é bom correr pra lá porque quando eu te pegar não vai sobrar um pedaço seu pra contar história. Não vai ser hoje, talvez nem amanhã, porém você nunca saberá, então corra o mais longe que puder distante do meu radar.
       Fiquei apreciando a cara de terror dela que até Natasha riu. Ela é culpada e não irei deixar isso barato.
      
     Relutei em entrar na sala de parto. Tô meio perdido, ansioso. Encontrei meu irmão Jonathan na sala de espera com os pais da Giulia.
     — Vai entrar? — O pai dela perguntou.
     Fitei meu irmão que reconheceu meu olhar e me levou para longe deles.
      — O que você tem? Parece em choque.
      — É um menino.
      — Você vai ser um bom pai. Se acalma e entra naquela sala. A Giulia e seu filho precisam de você — Me abraçou e o abracei de volta. Era o que eu precisava — A Sophie sabe que terá um irmãozinho?
       — Não, porque significa que Kimberly saberia e preciso explicar como as coisas aconteceram. Não preciso que me odeie mais ainda. 
      — Susan não contou nada a ela, não se preocupe. Esse é assunto de vocês. 
      Respirei fundo.
      — Acho que vou entrar agora - O toquei no ombro - Kimberly é inocente, sei disso agora e mesmo se não fosse a quero de volta. Luísa e Jean irão me pagar por ter feito minha mulher passar por tudo aquilo. 
      — Eu não queria te dizer isso, mas Kimberly não pretende te perdoar. Ela... pretende pedir o divórcio e está pensando em aceitar a proposta de namoro do amigo do pai dela.
      Meu coração parou. Ela o que? Isso não vai acontecer. Ela é minha.
       — Vou reconquistá-la, Jon. Ela merece todo meu esforço, toda minha dedicação. Falhei com ela, falhei com minha filha. Preciso consertar isso.
       — Conte comigo sempre.
       — Obrigado, irmão — O abracei — Eu te amo e muito obrigado por ter sido meu pai quando não tínhamos nenhum.

CASAMENTO FORÇADO  - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN) Where stories live. Discover now