4 - CAPÍTULO

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💙💪CHRISTIAN WINSOR
  
       Trocamos alianças e na hora de beijá-la, a acariciei delicadamente que se surpreendeu, não irei mentir, ainda estou hipnotizado diante de tanta beleza. Só pode ser isso porque não consigo me concentrar em mais nada que não seja seu belo rosto, seus olhos e sua boca convidativa. Ela é a mulher mais linda que meus olhos tiveram chances de ver e, tão delicada, um verdadeiro anjo. A pele macia era mais branca do que a minha que tinha tonalidades mais escuras por conta da herança da minha mãe biológica negra. Meu pai era alemão e não quis assumir uma negra para a família e arranjou uma alemã como ele para se casar e cuidar dele e dos filhos. Cresci ouvindo isso dos meus parentes. Meu pai negava, mas no fim, minha mãe não ficou comigo; me abandonou quando teve a chance. Meu pai nunca me explicou o motivo e nem poderia, pois era o ogro em pessoa. Nasci branco como ele e aos poucos minha pele foi escurecendo até chegar a uma cor morena, diferente dos meus irmãos Jonathan e Jean que são loiríssimos como nosso pai e Casey que é ruiva. Bom, também tem o Charles. Eu sei, ele sabe. Martin mais do que ninguém sabe. Conheço a família negra do Charles e esse é o motivo que Martin não o assumiu para a família. Ele parece um índio, porém com olhos como os meus e dos nossos irmãos. Não contei ao Jonathan e nem a Casey principalmente que idolatra o velho.
    Pensei, nem sei por que, mas acreditei que ele nunca renegaria um filho, mas de verdade, o conhecendo é óbvio que faria tal coisa por ser preconceituoso. Todos seus parentes e seu ciclo social de merda pensavam igual. Eram um bando de ignorantes, mal amados e todos eles ainda iriam me pagar por tudo que fizeram a minha mãe, quer dizer, à Sophia. Iriam se arrepender de cada lágrima que ela derramou quando eles a ofenderam gratuitamente. Eu era pequeno e observava bastante. Via quando ela se aproximava deles com medo e quando eles jogavam tudo que ela servia no chão e a mandavam limpar a chamando de escrava e negra imunda. Esses eram os xingamentos mais comuns. E o pior era que ela olhava para o meu pai enquanto limpava a sujeira e ele lhe dava as costas. Covarde. Fechei os olhos e os abri novamente. Ele dizia que a amava e em nenhum momento a defendia ou colocava aqueles miseráveis pra fora de nossa casa.  Então veio Casey, Manu e o mudaram. Juro que não acredito nessa mudança, ele apenas sossegou porque seus piores pesadelos; Jon e eu, saímos de casa.
     Em comum, meus irmãos e eu temos nossos olhos azuis piscinas herdados do pior pai do universo. Meus cabelos negros e ondulados são herança da minha mãe biológica. Minha irmã foi a primeira que soube quando a encontrei. Não contei, ela descobriu por acaso. Sei onde mora, como convive com sua nova família, sei sobre seu trabalho, porém não tive coragem de confrontá-la.
     Sempre tive vergonha de estar ao lado do meu pai quando era obrigado na infância porque ele insistia que eu tivesse uma namoradinha para provar que era homem. Sempre fiz sucesso com as meninas desde cedo, porém era mais sossegado e focado nos estudos e nos amigos, tanto que meu primeiro beijo com uma menina mais ou menos da minha idade foi com uma prima um pouco mais velha que vivia atrás de mim se insinuando, implorando que eu a beijasse. Em uma noite de natal, fui ao quarto dela e fiquei sobre seu corpo pequeno que trajava uma camisola curta e nos beijamos. Eu já havia feito algumas coisas e sabia mais ou menos o que fazer. Na hora ela se assustou, mas cedeu e cedeu também que eu a tocasse. Não tinha culpa se ninguém me explicava que não podia tocar em uma menina daquele jeito, só fiz tudo do jeito que fui ensinado. Eu ainda era pequeno e não senti nada quando fiz aquilo, pelo menos não com ela. Quando forcei meu dedo contra sua intimidade, Camille deu um grito que meus pais e os dela entraram no quarto iguais furacões e ficaram horrorizados com a cena, exceto Mary que parecia assustada achando que eu revelaria a todos nosso segredinho sujo. Meu pai me tirou de cima dela e me deu um soco na frente de todos. Arrumamos nossas coisas e fomos embora. Nunca mais voltamos lá por vergonha. Ele pediu mil desculpas pelo filho pervertido ter tocado na preciosa filha deles. Odiei meu irmão por um momento por não ter estado lá por mim como sempre, mas depois passou porque lembrei que havia sido expulso de casa. Contei a ele quando nos encontramos escondidos como sempre e ele me explicou que não se poder tocar em uma mulher sem que ela consinta. Meu pai me chamou dos piores nomes, entre eles, estuprador. Eu não sabia o que significava, porém fiquei sabendo naquele momento e depois fiz uma pesquisa na internet e me senti muito mal por dias a fio achando que eu era aquilo mesmo. Minha madrasta me confortou com lindas palavras como sempre fazia e ainda pediu desculpas pelo comportamento do marido dizendo que ele não soubera se expressar e que me amava do jeito dele. Ela sempre fazia isso e no final dizia que me amava mais do que ele. Era patético. Meu irmão me explicou tudo sobre sexo já que eu estava curioso e tinha umas ideias erradas porque convivia com um sádico e achava que o quê ele fazia com sua mulher era normal. Eu só tinha treze anos e ele dezesseis. Ele sofrera bem mais do que eu nessa questão porque nosso pai o chamava de maricas, pois ainda não havia ficado com nenhuma garota e até o levou ao bordel, mas ele chorou. Acho que se assustou. Martin dizia que se um dos filhos dele fosse gay, mataria a pancadas. Por isso ele expulsou meu irmão de casa, ele não funcionava com as prostitutas e apanhava do velho. Ele acabou com a autoestima do Jon que deveria ter sido um adolescente normal.
      Aquele dia do natal não perdoei meu pai e também não o fiz das outras vezes, não só por mim, mas pelo meu irmão também. Minha prima Camille ligou tempos depois e se desculpou por ter gritado, mas explicara que doera do jeito que eu havia feito e queria tentar de novo em outro lugar porque era apaixonada por mim. Ela era muito bonita e acabamos marcando encontros onde aconteciam beijos por todos os lugares do nosso corpo. Rolava de tudo. O que ela tinha de bonita, tinha de safada. Dizia que estava quase pronta para transarmos, sendo que eu já havia feito catorze e ela quinze. Até tentei mas não tinha malícia suficiente para ficar excitado ou era nervosismo. Só fazia o que ela mandava que se sentava sobre mim e se remexia, mas mesmo assim não me via transando com ela. Ela era linda e eu não sabia o que acontecia. Bom, hoje eu sei exatamente o que aconteceu na época e pensei que era bobeira minha, porém, eu já andava tendo um vida sexual ativa há bastante tempo e meu psicológico estava abalado, pois eu sabia o quão errado era, mas também não conseguia parar e muito menos contar a alguém. Tenho absoluta certeza de que meu pai sabia o que sua linda esposa fazia praticamente todas as noites no meu quarto. Ela me ensinou tudo o que eu sei e eu tinha apenas 12 anos. 
     Vivia nervoso perto de Camille, que me cobrava em estar pronto para transarmos. Era muita pressão e eu não sabia o que fazer, ela me assustava com seu jeito. Éramos crianças e ela estava me forçando a fazer algo que claramente eu não estava pronto, então decidi me afastar e ela ficou uma fera e disse aos pais que tentei estuprá-la no que resultou em outra surra ainda pior do meu pai. A cada surra e uma não conversa, me fazia odiá-lo mais. Minha madrasta nunca se metia, já minha irmã tentava persuadí-lo a parar. Se todas as vezes que ele batia, minha irmã não interferisse, já teria me matado. Parecia cheio de ódio, até que um belo dia quando eu havia feito quinze, ele tentou me bater de novo porque um pai foi reclamar que eu havia levado sua filha para o mato. Era verdade, porém nem chegamos a fazer muita coisa porque a menina ficou dizendo que queria casar virgem, então a convenci de que poderíamos fazer anal e ela topou receosa e depois se arrependeu.
    Quando percebi que o murro estava chegando, segurei o braço dele e o empurrei para longe o ameaçando de morte. Ele nunca parava pra me ouvir, jamais teve paciência para me explicar alguma coisa realmente valiosa. A única coisa que fez com perfeição foi me fazer nutrir um ódio por sua figura desprezível.
       Dei um tempo naquelas meninas que não tinham nada a ver com minha carência e só voltei a tentar me envolver sexualmente com algumas alguns meses depois e, ela era mais velha e experiente, me ensinou tudo de um jeito diferente, me deixando fascinado. Sammy. Ela era perfeita em tudo e muito compreensiva. Na nossa primeira vez ejaculei em segundos por conta do nervosismo, fui afobado e ela fora muito paciente e explicou que era normal. Eu não era virgem, mas nunca havia transado com uma menina, então fiquei inseguro. Das outras vezes foi melhor porque entendi que aquele era o certo e passei a me entregar de corpo e alma até chegar a minha perfeição ao estágio do vício.
      Passei a precisar de sexo, de cigarros inicialmente para respirar. Precisava esquecer da merda de família que eu tinha. Depois de um tempo nem a minha professora de sexo bastava, tive outras e em uma noite quando eu tinha quinze ainda, entrei no quarto de Camille pela janela para me vingar. Sabia que era errado e mesmo assim queria forçá-la, bater nela, mas no fim foi ela quem me atacou quando percebeu que eu estava em seu quarto. Me beijou, pôs meu pau na boca. Ela sabia fazer um oral como ninguém, acho que andava treinando. Me jogou na cama e montou sem parar. Não me surpreendi quando senti que ela não era mais virgem. Já tinha ficado com algumas e sabia como identificar. "Queria que tivesse sido o meu primeiro, mas você só brochava, então alguém me iniciou", ela disse. "Quem?", eu perguntei. "Meu professor de piano". Ela respondeu. Na hora, fiquei horrorizado e, por fim, consegui minha vingança depois de gozar na cara dela que pedia por mais. Dei um jeito dos pais dela descobrirem o que a filha fazia nas aulas de piano. Ela fora para o colégio interno católico e só saiu aos dezoito direto para a faculdade e para fora da casa dos pais que diziam que tinham vergonha de uma filha tão promíscua.
      Meu pai pediu desculpas quando descobriu a verdade e pela primeira vez parou pra me ouvir e disse que talvez eu não tivesse culpa das coisas que fazia com as outras. Expliquei que não consegui me excitar porque éramos novos e havia muita pressão e, ele respondeu que estava orgulhoso do garanhão do filho. Foi a única conversa que tivemos. Foi ridícula, eu sei. Não precisava da aprovação e nem do orgulho dele. Só pensava em ir embora e nunca mais vê-lo.
      Saí das minhas lembranças que queria esquecer e fitei minha noiva que também me olhava curiosa por um tempo que fiquei perdido no meu próprio mundo.
       —  Você é... linda demais, Kimberly.
      Nem sei porque essa frase saiu da minha boca, mas eu realmente disse e era verdade. Ela era perfeita para ser minha esposa troféu que eu tanto necessitava.

 💓🌼KIMBERLY WINSOR              

     Corei com o elogio dele e sorri involuntariamente e, mal percebi quando fui tocada no braço carinhosamente e nos lábios. Seus polegar contornava os traços da minha boca e seus lindos olhos acompanhavam. De repente seu olhar encontrou o meu e sua boca carnuda se aproximou devagar e eu não tinha pra onde correr e nem queria. Pus as mãos nos ombros dele que olhou e voltou a me encarar que perdia o ar naqueles lindos olhos azuis que me penetravam a alma. Os fechei e senti os lábios dele pousarem nos meus calmamente, os entreabri dando passagem para sua língua e aos poucos elas dançavam no mesmo ritmo.
      Não era meu primeiro beijo, mas com certeza era o mais gostoso e o mais explorado. Era meu primeiro beijo de língua. O único homem que eu havia beijado até hoje foi o Jean. Minha experiência era praticamente nula. O Christian estava me fazendo ir ao céu e voltar, não sinto mais os meus pés, tô flutuando. Uma corrente elétrica passava por todo o meu corpo. Nunca havia sentido isso antes, nada parecido. Preciso de mais, posso sentir meu corpo todo formigar para algo que não sei, principalmente entre minhas pernas que latejava tão estranho e bom ao mesmo tempo. Ele aprofundou o beijo segurando no meu rosto e não consegui parar de apertar seus ombros. Queria mais daquilo que não sei exatamente o que era. Meu corpo estava se incendiando. Suas mãos habilidosas foram parar na minha cintura e ainda dava pequenos apertos, entrelacei meus braços em seu pescoço e adentrei meus dedos em seus cabelos os puxando levemente. O beijo dele foi ficando cada vez mais profundo como se quisesse despir minha alma. Tô no céu, tô zonza. Seus lábios desceram para meu queixo e pescoço. Ele estava sugando tudo de mim, me levando para outra dimensão. Não creio que conseguirei impedí-lo de mais nada.

 💙💪 CHRISTIAN WINSOR            
 
      — Droga.
     Me afastei depois de um tempo passando a mão pelos cabelos nervoso e tentei não olhá-la mais. Não sei direito o quê acontecera nesse beijo que me tirou de órbita. Ela era tão delicada, suave. Ela gemeu, tremeu em meus braços e foi inédito pra mim. Ela é doce. Nem sabia que existiam mulheres assim.  Dava vontade de colocá-la no colo e mimá-la. Estou louco! Sou Christian Charles Winsor, nunca me apaixono e muito menos fico admirando tanto a beleza de uma mulher. Todas são iguais. Mimá-la? De onde tirei isso? Ela é só mais uma e nada mais. A tratarei do mesmo jeito. Não irei permitir que me enfraqueça. Elas só servem para uma única coisa e eu pego. Estou em uma situação constrangedora nesse momento. Jamais beijei uma mulher nem dessa e de nenhuma outra maneira em público exatamente para não ter uma ereção.
     — Sentiu isso? — Pegou na minha mão que imediatamente puxei e esfreguei na minha calça.
     — O que? — Me ajeitei para disfarçar minha perturbação por tê-la beijado dessa forma. Nunca me senti assim. Beijá-la me deu uma paz, calma que ninguém nunca conseguiu fazer me sentir antes —Não senti nada, não viaja.
     — Nunca ninguém havia me beijado assim, meu corpo jamais reagiu de forma tão frenética que...
     — Chega de falar besteiras. Foi apenas um beijo. Você sentiu desejo assim como eu e isso será resolvido na nossa lua de mel quando eu te pegar de todos os jeitos possíveis  — Dei o braço pra ela ignorando seus tremores e fomos para o salão que ficava atrás da igreja.
        Dane-se se alguém percebesse o meu estado. Se eu encontrasse a Luísa,  ela resolveria o meu problema por agora ou a Giulia que me satisfez a semana toda tentando me convencer a ficar com ela e desistir desse casamento forçado. Espero fidelidade da minha esposa, mas ela não poderá exigir o mesmo. Amo a minha liberdade e estar casado não significa nada pra mim. Não serei fiel às promessas feita no altar. É pra rir. Fala-se muito de algo que não existe; o amor. Não nasci para amar e nem ser amado. Faço somente o quê quero e o quê acho certo. Isso jamais vai mudar. Ninguém vai me mudar.

CASAMENTO FORÇADO  - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN) Where stories live. Discover now