12 - CAPÍTULO

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 💙💪 CHRISTIAN WINSOR 

    Na manhã seguinte chegamos em Vancouver. Fiz check-in no melhor hotel da província porque nem em um milhão de anos ficarei novamente naquela casa sendo embalado pelas lembranças. Tô decidindo se é realmente necessário visitar aquele verme no hospital. Talvez eu precise acabar de vez com algo que me inferniza há anos. Ele irá morrer e nunca mais me fará mal. Deveria estar feliz, mas estranhamente não me sinto bem. Não tenho consciência, só faço o que quero não me importando quem irei ferir. Esse negócio de desejar a morte de outro é eufemismo para um homem como eu que já matei milhares e, remorso nunca fez parte do meu vocabulário. 

     — Não ligue para o meu mau humor — Joguei as malas no chão do quarto de qualquer maneira deixando meu corpo cair na cama — Odeio esse lugar e sou obrigado a voltar pelas pessoas que...
  Kimberly não especulou nada e a agradeço por isso. Ela é o tipo de pessoa que percebe as coisas e gosto disso. Estou em um mau humor que nem eu mesmo me aguento e ela está sendo compreensiva levando meu coração a fazer coisas como disparar sem parar.
      Deixamos nosssas malas no quarto e a avisei que teríamos que ir ao hospital, se ela quisesse ficar, não ficarei chateado.
       — Não irei te deixar sozinho — Segurou meu rosto em suas mãos pequenas — Na alegria e na tristeza, lembra?
       Aquelas palavras fizeram meu coração disparar duas vezes mais.  Peguei em sua mão depois de pôr meus óculos escuros e seguimos para o carro. Não tô preparado para vê-lo, mas sinto que com ela ao meu lado, serei mais forte. Nunca precisei disso e agora me sinto um menino frágil. Antes de adentrarmos no veículo, a segurei pela cintura e choquei minha boca contra a sua delicadamente.
       — Obrigado por tentar.
      Eu disse uma gentileza pela primeira vez em anos. Ela merece o melhor de mim que nem sempre verá. Sou um homem totalmente quebrado, marcado pela vida e nada de bom sobrou de mim.

     Hospital é um lugar frio e sombrio. Do jeito que vivo, já era pra eu ter morrido há séculos e mesmo assim nunca vim parar em um lugar desse onde as pessoas fingem se importar umas com as outras e fingem se amar. Apertei a mão da minha esposa sem acreditar que ela estava aqui. Meu irmão Jonathan estava ao seu lado junto com sua mãe que ele tenta ter um relacionamento. O olhar dele veio para o meu e percebi que se retraiu como se desculpasse. Fez menção de vim até mim e balancei a cabeça fazendo-o se afastar com a esposa. Não tô com raiva dele e surpreendentemente nem dessa mulher que não me quis mais. Nunca tive, afinal, mesmo depois de ter me abandonado, negligenciado, ainda é minha mãe.
     Ela se aproximou tentando me tocar, porém me afastei. Que direito ela acha que tem? Não pode agir como se me amasse depois de ter me tirado da sua vida. 
       — Filho.
      Semicerrei os olhos.
       — O que faz aqui, Sophia?
       — Seu pai me chamou. Ele não tem muito tempo de vida.
        — Ele vai para o inferno mesmo e logo também irei, que diferença faz você estar aqui?
        — Não diz isso. Você é diferente dele? 
        —  Sou mesmo? — Ri sem humor — Você me deixou com ele e agora somos a cópia um do outro em tudo e a culpa é sua. Ele foi meu exemplo, eu tinha o seu e você me deixou com ele. Você me viu quando eu tinha 13 anos e não se reaproximou, apenas me deixou de novo.
      Eu não tinha sequer ideia da minha mágoa por ela e por ele. Acreditei que havia superado e, agora estou aqui pondo tudo para fora como uma criança birrenta.
       — Eu não podia — Sussurrou — E aquilo me matou. Não queria ter te deixado. Vamos conversar? Sei que agi errado, mas foi pelo seu bem...
       — Eu cresci, Sophia.
       — Sim. Está um belo rapaz — Tentou me tocar de novo e me afastei mais uma vez — Acompanhei seu crescimento a distância.
       — Acompanhou as agressões físicas e psicológicas também?
       — Deixa ela se explicar, mano — Jon se aproximou tocando no meu ombro — Você vai entender quando ouvi a sua versão.
       — Não, Jon, não tenho o poder do perdão como você — Falava com meu irmão sem parar de encará-la — Não...  — Respirei fundo e continuei a encarando  com ódio e meu coração doía — Não me toque nunca mais e nem se atreva a se aproximar de novo.
       Kimberly me puxou para longe de todos e me abraçou.
       — Quando tiver pronto, pode vê-lo, mas só faça se seu coração quiser ficar em paz.
       Hesitei, porém a abracei de volta.
       — Eu tô bem — A beijei no ombro antes de afundar meu rosto em seu pescoço — Não preciso dele e nem dela, nunca precisei e nunca precisarei.
        — Eu sei, sinto muito.
        — Eu também.

CASAMENTO FORÇADO  - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN) Where stories live. Discover now