— Me solta — Gritei me sacudindo.

        — E por que eu faria isso? Olha pra você, jamais conseguirá satisfazê-lo. Ele precisa de uma mulher de verdade ao seu lado e não de uma criança. 

        Ela cuspia com cara de nojo. 

        — Mulher de verdade como você? — Fui irônica pela primeira vez na vida e ela entendeu. 

        — Mas o que? O que ele te contou? — Olhava para os lados preocupada — Ninguém pode saber...         — Não te devo nada — A interrompi enojada. 

        Ela me puxou com mais força e pelo jeito estava tentando me derrubar da escada. 

        Não pude me controlar. Saber que Christian era tão pequeno e vulnerável ao ponto dela se aproveitar e que não podia contar com ninguém para ajudá-lo, fez subir uma raiva imensa. Jamais fiquei com ódio de alguém em toda minha vida como agora. A casa ainda estava cheia, mas não me importei, pois só via essa mulher desprezível na minha frente se achando a dona do meu marido. Pelo jeito dela, eles ainda tinham bastante intimidade. 
        — Já mandei me soltar, sua pedófila — Gritei a plenos pulmões e com o ódio me corroendo.
        Ela me soltou no baque se segurando na escada para não cair com os olhos arregalados. Me arrependi imediatamente do que fiz quando os presentes, incluindo o advogado, que não sei porque voltou, nos encararam.
      Casey subiu as escadas correndo ajudando a mãe a descer que estava mais branca do que papel. Talvez tenha pensado que ninguém descobriria seus segredos sujos e imorais.
    Desci também no automático cabisbaixa. Susan se aproximou e Jonathan enregelou.
       — O que está acontecendo, Kimberly? — Ela perguntou — Por que disse aquilo pra Mary?
       — Sinto muito, Jonathan — Me desculpei com meu cunhado que nem me olhava.
      Certamente ele sabia do que se tratava. Susan o olhava que parecia envergonhado. Será que ele não contou a ela?
        — Por favor, não fale nada. Ele prometeu — Sua voz era de dor.
       — Eu sei, mas há mais coisas que você não sabe que ela fez.
        Finalmente ele me encarou.
        — Nunca se perguntou porque ela te deixou em paz?
        — Ela amava meu pai e só ele bastava.
        Ele realmente acreditava nessa desculpa furada? 
         — Ela te disse isso?
         — Cale a boca, garota, você não sabe do que está falando — Mary gritou — Você não faz parte dessa família, não consegue entender. 
       Encarei Sophia que olhava para Mary como se ela tivesse sete cabeças.
        — Sinto muito, Sophia — Esperei ela me olhar — Não foi somente o Martin que fez mal ao Christian. Ela estava no seu lugar, deveria ter cuidado dele e não...
        — Kimberly.
        Me calei sobressaltada ao ouvir Christian no topo da escada vociferar. Manuella estava em seus braços feliz com o pai que tanto sonhou e Natasha atrás secando as lágrimas parecendo arrassada.
       Ele desceu apressadamente e me pegou fortemente pelos braços.
        — Por que fez isso, por que? — Ainda gritava —Você não tinha esse direito.
        — Você precisa contar — Livrei meus braços dos seus apertos e toquei em seu rosto contorcido de dor —  Precisa acabar com isso. Ela não merece nada de você, não merece que se sacrifique por ela. Vejo como fica quando olha para cada canto dessa mansão.  Você sofre, se angustia. Não é justo.
         — Deixe como está. Não falei antes e não falarei agora também.
        — Antes você não tinha ninguém, agora tem a mim.
        Ele encarou o chão por alguns segundos e depois voltou a me fitar.
        — Têm pessoas demais envolvidas, preciso pensar nelas, não somente em mim. Por favor, esquece isso — Tocou na minha mão que ainda se encontrava em seu rosto — Não lhe contei para que fizesse justiça. Isso ficou no passado.
         — Não ficou. Você sabe que precisa resolver muitas pendências. Sua filha foi a primeira delas. Você precisa se libertar de tantas coisas que nem faço ideia, mas seu semblante te denuncia.
         — Eu não preciso de nada, Kimberly — Tirou minha mão e encarou os presentes — Não quero resolver nada.
         — Não, Christian, ela começou, agora termina — Casey disse com raiva — É da minha mãe que vocês estão falando. O que ela fez? Não te defendeu do nosso pai?
        — Esquece, filha.
        — Você é cega, hein, Casey? — Jeffrey disse —Você têm dois irmãos que a mulherada caem matando convivendo com uma madrasta linda, o que acha que aconteceu?
       — Cala a boca que você não sabe o que está dizendo — Christian gritou intimidando o cunhado  com o olhar que se reteseou e depois voltou  ame encarar e seu olhar me deu medo — Não aconteceu nada. Não acredito que fez isso. Olha o que você fez. Por que fez isso, Kimberly?
        — Porque tenho nojo dela e você merece ter uma opção. É óbvio que odeia essa casa. Vejo como sofre.
        — Não se preocupe comigo, eu tô bem, irei ficar, sempre fico. Não posso envolver mais ninguém nessa sujeira.
       Balancei a cabeça em sinal negativo. Ambos sabemos que ele não estava bem.
        — Brendan e Nathan terão filhos, Manuella e Casey também um dia. Você quer que aconteça o mesmo?
        Ele pareceu pensar como se nunca tivesse planejado o futuro.
        — Já pensei sim, mas faria de tudo para que não se aproximem dela.
        — E você teria como evitar, quatro, cinco, seis adolescentes não irem para uma festa de família?
      Ele fechou os olhos com dor.
       — Tem razão.
       — Christian? — Mary gritou mais desesperada que antes  - Não faz isso, por favor?
       — Deixe meu filho falar — Sophia a interrompeu — Sabia que tinha algo errado com essa sua cara de pedra.
        — Não fiz nada. Era delírio, pesadelo de adolescente. Ele só tinha treze anos.
        — Exatamente — Segurei na mão dele que pela primeira vez encarou a madrasta desde que a bomba estourou — E o que aconteceu quando eu tinha só treze anos e lhe fiz uma proposta para que deixasse meu irmão em paz?
       Jonathan se aproximou dele.
        — Você fez o que? Eu era o mais velho, tinha obrigação em te proteger e não o contrário. 
       — Você estava sofrendo com o que ela fazia —Fitava os pés — Me doeu te ver daquele jeito.
        — Era problema meu, não seu. Não devia ter deixado ela te molestar.
        — Eu deixei — Encarou o irmão — Na verdade ela fez mais do que pôr a boca em mim e me ensinar a pôr nela também. No começo achei que seria somente isso. Eu era um garoto curioso e achava que não tinha nada demais fazer com ela o que eu fazia com as meninas mais velhas ou da minha idade, mas então, ela disse que me amava e não era nada demais termos esses carinhos mais íntimos. Mas depois ela não se conteve mais e me ensinou tudo. Eu era somente uma criança que sabia que aquilo tudo era errado, mas não tinha como parar. Ou era eu ou você, não tive escolha.
         Todos o olharam que encarou um por um com mais pesar em Casey.
        — Sinto muito, mas faria tudo de novo para te fazer melhorar - Encarou Jon — Eu te amava demais, você era o único que cuidava de mim e eu te decepcionei. 
       — Não me decepcionou. Eu que te decepcionei. Deveria ter cuidado melhor de você — Limpou as lágrimas — Nunca pensei que essa mulher fosse capaz de fazer algo com você que era tão novinho. Sinto muito, Christian.
         — Tive medo de parar com aquilo e ela correr atrás de você de novo. Depois você foi embora e ela me manipulou dizendo que ela era tudo que eu tinha na vida. Fiquei perdido do mesmo jeito quando a minha mãe se foi.

CASAMENTO FORÇADO  - FAMÍLIA WINSOR - LIVRO 2 (CHRISTIAN) Where stories live. Discover now