Capítulo 5 - Londres

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6 meses depois...

Observei o meu quarto pela última vez. Nunca o vi tão arrumado como está hoje. Normalmente encontrava-se uma desgraça; roupas por todo o lado, cama por fazer, mochila no chão... Sorri ao lembrar-me de todas as vezes que a minha mãe resmungava comigo por não ter arrumado o quarto.

Suspirei...

Esses é que eram bons tempos

Agarrei nas últimas malas e dirigi-me para o carro onde a minha mãe, irmã e Maria me esperavam. Coloquei a bagagem na mala do carro e sentei-me no banco da frente do carro, ao lado de minha mãe. Ninguém dizia uma palavra e o ambiente aqui no carro estava a tornar-se cada vez mais constrangedor.

A minha mãe pôs o carro a andar e o silêncio continuava. Só espero que cheguemos rápido ao aeroporto porque odeio quando está tudo muito silencioso.

Olhei para trás e vi que Maria observava o exterior através do vidro, depois os meus olhos deslocaram-se para a minha irmã Beattriz. Estava a escovar o cabelo da sua nova boneca e tinha um olhar triste. Doía-me o coração saber que sou eu a causa dessa tristeza. A minha mãe encontrava-se o mesmo estado que elas.

Não aguentei mais e decidi ligar o rádio no canal Mega hits. Reparei que estava a dar a música preferida de Maria e Beatriz, "Best song ever" dos One direction.

Ainda não sei como é que a Maria conseguiu convencer a Beatriz a tornar-se uma directioner. Não é que eu tenha um problema com isso, eles até têm músicas bonitas e desde o dia do concerto que passei a simpatizar um pouco com eles. Mas ela é uma criança e claro que deu ouvido ás parvoices de Maria. Esta Maria...

Ainda tentei convencer a Beatriz a ouvir algumas músicas da Rihanna mas ela já tinha sido infetada com o vírus One Direction e não havia nada que eu pudesse dizer ou fazer que a fizesse mudar de ideias. Ela até tem um preferido, Louis. De acordo com Beatriz, ele é o rapaz mais divertido do mundo. Eu e a minha mãe não conseguimos conter as gargalhadas quando ela nos disse isso.

Eu queria tanto vê-la sorrir e acho que sei como fazê-lo. Virei-me para trás mais uma vez e fixei os meus olhos nos dela. Depois começei a cantar com o rádio.

" Maybe it's the way she walked

Straight into my heart and stole it

Through the doors and past the guards

Just like she already owned it "

Fiquei surpreendida quando a minha mãe e Maria também começaram a cantar, ambas com um sorriso nos lábios. Beatriz estava a olhar para nós e, passados alguns segundos, aconteceu aquilo que eu queria. Ela sorriu alegremente.

Na parte do refrão estávamos todas a cantar (mais a gritar) loucamente.

" And we danced all night to the best song ever

We knew every line, know I can't remember

How it goes, but I know that I won't forget her

'Cause we danced all night to the best song ever "

Neste momento estou agradecida por ter sido esta música a passar na rádio. Se isso não tivesse acontecido, provavelmente ainda estaríamos em silêncio e não a contar anedotas como nos velhos tempos.

Chegámos ao aeroporto e a minha mãe ajudou-me a carregar as malas para dentro. O meu voo estava prestes a ser anunciado e eu queria ter tempo para me despedir.

Como se lessem os meus pensamentos ouviu-se uma voz vinda dos altifalantes "Senhores passageiros, o voo para Londres parte dentro de 10 minutos"

Senti braços envolverem-se em minha volta e retribui o gesto. A minha mãe estava agora a chorar com a sua face afundada entre o meu pescoço e ombro. Não consegui aguentar mais, e lágrimas começaram a deslizar pela minha face.

A Time to Love // L.P.(parada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora