You Are In Love [Projeto 1989]

Cap 19 - Love

Trecho 1989

Pov. Janel Jancowski

Polônia, 1990 – 7 de Fevereiro

Meu coração estava a mil, eu já estava sentindo as lagrimas virem, quando Kilom falou.

- Ei! Foco! Você não pode chorar agora.

- Como se fosse fácil... Você tem ideia do que possa estar acontecendo?

- Não, tem muitas probabilidades, as vezes não tem nem haver com ele, mas por ele ser do exército, ele acabou sendo envolvido.

- Eu estou preocupada Kilom.

- Você ainda ama ele não é?

- Eu nunca deixei de ama-lo, mas quanto a ele, eu já não sei. – falei com as lagrimas rolando pelo rosto.

- Eu sei o que você sente, e sei o que ele sente, ele apenas é teimoso, mas no momento você precisa focar, ele vai precisar da gente, caso seja alguma coisa séria, precisamos esconder isso de todo mundo Janel, a Anninka não pode descobrir isso, ela já perdeu o pai, seria terrível se descobrisse que o irmão esta sendo preso.

- O.k, eu não irei falar nada. – falei secando o rosto.

...

Chegamos a delegacia, e algumas coisas foram explicadas para a gente, depois que o advogado do Henry chegou.

Foi chocante saber aquilo daquela forma, mas se eu não estivesse naquela festa, eu jamais iria saber que o Henry tinha sido preso.

Kilom contou a Anninka que o irmão tinha recebido uma missão do exercito e agora iria ficar alguns meses fora, eu estava perto quando ele contou, mas tive que me afastar, pois estava prestes a chorar de novo.

O advogado foi claro em dizer, que Henry havia assassinado algumas pessoas, claro, que o Henry havia feito aquilo, por causa do trabalho dele, na cabeça dele, aquilo era o certo, e até mesmo para os políticos até então, era o certo, mas com a queda do comunismo, esses atos do Henry, passaram a ser repudiados, e como consequência agora Henry estava preso.

O julgamento aconteceu no dia 14 de fevereiro de 1990, uma semana depois dele ter sido preso, Henry foi condenado a 8 meses de prisão carcerária, e ah 10 meses de condicional.

Henry não aceitou conversar comigo nas primeiras vezes que agendei, mesmo eu sabendo que as chances de eu voltar com ele eram nulas, eu terminei o meu namoro com Fercaw, pois sabia, que não daria certo, e também não era justo com ele. Descobri que o Henry fez o mesmo na mesma semana.

Tentei por quase dois meses, e ele não aceitou falar comigo, até que no inicio do mês de Maio, finalmente ele aceitou, não conversamos muito, e não falamos sobre coisas do passado, falamos apenas sobre coisas bobas, e comemos panqueca com caramelo juntos, eu tinha levado, preferimos isso, ao ter que enfrentar as nossas feridas, foi melhor assim, pois eu não iria aguentar uma acusação novamente.

A faculdade ficou mais complicada, então fiquei três semanas sem conseguir ir vê-lo, quando cheguei a sala pedi desculpas, expliquei sobre a faculdade, então depois de alguns minutos de conversa jogada fora, ele começou a chorar, eu fiquei desesperada a ponto de chamar o guarda, mas Henry o dispensou, esperei ele se acalmar, quando perguntei o que estava acontecendo ele não quis me falar, então, resolvi deixar quieto, e comecei a falar sobre outras coisas.

Voltei duas semanas depois, e nossa conversa foi bem mais leve, totalmente descontraída, eu e ele falávamos sobre muitas coisas, mas na minha próxima visita ele não quis falar comigo, e pediu que me entregassem uma carta.

A carta

Passei grande parte da minha vida vivendo pelo bem dos outros, até que cheguei a um ponto que tudo me cegou. Coloquei a segurança de alguém em primeiro lugar, e deixei de lado quem eu realmente era, você provavelmente não vai me entender, encontrei poucas pessoas que entendessem de verdade.

Meu pai entendia, meu pai sabia realmente o que era isso, porque por muito tempo, ele deixou a família de lado. Eu queria provar para ele que era possível estar ali, sem esquecer da sua essência, dos seus princípios, das pessoas que você ama, mas acho que o treinamento me condicionou a isso de certa forma, e você Janel, me fez lembrar de quem eu era. Quando te vi no meio daquela multidão, eu coloquei todos os meus conceitos em jogo e os questionei milhares de vezes. Não recebi a resposta que eu queria, para ser mais sincero ainda, não gostei do que ganhei como resposta, então decidi viver sem ligar para ela.

Não tem como ser mais ou menos na vida, eu sei que todo mundo fala sobre equilíbrio, mas acho que para certas coisas não tem como ser um meio termo, ou você acredita ou não acredita, ou você defende ou não defende, ou você mata ou você morre, eu achava que tinha aprendido isso no exercito, mas hoje, chego a conclusão que quem me ensinou isso, foi você.

Sim, você Janel, e cada vez que eu olhava para você isso surgia a minha mente. Ou eu escolhia comer um doce que você fazia, e teria que no outro dia malhar, para recuperar o ritmo, ou eu não comia, e não tinha o prazer de ver a sua cara de satisfação quando eu comia. Ou eu escolhia ficar uma noite agarrado a você, e perderia horas de descanso, ou eu viajaria logo naquela noite, e ficaria sem o seu sorriso, sem o seu beijo. Ou eu escolhia você ou escolhia defende-lo. Ou eu escolhia a sua felicidade e por consequência a minha, ou eu escolhia o meu trabalho, e por consequência perdia a minha e a sua felicidade. Ou 8 ou 80. Com você aprendi que nem tudo é equilíbrio, as vezes ou você é demais ou você não é nada.

E é justamente por isso que estou fazendo essa carta, porque eu quero 80 com você Janel, eu quero tudo, quero um casamento, quero filhos, quero um futuro ao seu lado, mas não sei se você quer isso também, porque se você quer, você não deveria querer, eu te acusei de algo que não é sua culpa, eu não te procurei para pedir perdão, então estou te dando a chance de ir atrás de algo melhor, porque você vai ser para sempre o meu tudo, mas eu vou ser sempre um nada, porque é isso o que eu sou hoje, um nada.

Viva a sua vida, conquiste os seus sonhos, procure o seu 80, porque você merece, você é incrível de tantas formas que eu não consigo nem explicar em palavras.

Te desejo todo o caramelo do mundo, porque sei que o sucesso talvez não seja tão gostoso assim, e saiba, que eu vou te amar para sempre.

Ass: Henry Podlescki.

Chorei por uma hora ali na frente da delegacia, então, decidi por nós dois, se era 80 que ele queria, eu também queria, e era isso o que iriamos ter.