Cap 11 - "I Almost Do"

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E eu só queria te dizer

Que não te ligar requer todas as minhas forças

Eu gostaria de poder correr até você

E espero que você saiba

Que todas as vezes que não corro

Eu quase vou, eu quase vou

Taylor Swift – I Almost Do

Trecho de "1989"

Pov. Henry Podleski

Polônia, 1987 -  26 de Dezembro. Domingo.

Obrigação. No inicio, era isso que o exercito era para mim.

Eu não gostava de nada naquilo, era tudo cansativo demais, não só de fazer, mas de ver também, eu falava isso toda vez que ia com meu pai ao quartel.

Não sei quando foi que isso mudou na minha cabeça.

Não sei se foi o exercício físico que me esgotava, e ao mesmo tempo, fazia com que eu me sentisse vivo, se foi a rotina de estar ali, a disciplina. Se foi o orgulho do meu pai ao ver que eu estava ali por vontade própria, ou se foi o fato das meninas passarem a correr atrás de mim.

Só sei que em algum momento, peguei gosto pela coisa.

Passei a gostar de tudo, e tudo o que dizia a respeito me chamava a atenção, eu queria estar ali cem por cento, e por isso, passei a fazer tudo o que era possível.

Fiz da minha vida um treinamento diário. Foram dois anos, um de treinamento para aprender de tudo, e outro viajando ao redor do mundo.

Fiz curso de aviação, para me tornar piloto, aprendi a pilotar caças, aviões, e até helicópteros. Aprendi a dirigir tanques. Aprendi a atirar com qualquer arma, e com perfeição. Aprendi a lutar várias artes marciais. Aprendi técnicas de sobrevivência. Aprendi até outras línguas também.

Eu não queria apenas ser um bom soldado, eu queria ser o melhor, e para ser franco, melhor até que o meu pai.

Acho que o meu pai e tantos outros perceberam isso, porque acabei me tornando major, mesmo sendo tão novo.

Quando minha irmã me contou que queria se alistar, eu estava em uma época da minha vida que, eu queria respirar, sossegar um pouco, eu tinha me esforçado tanto nos últimos anos, que queria sair um pouco com os meus amigos que eu não via há anos, então, quando minha irmã disse que não sabia se conseguiria, eu disse que ensinaria a ela, algumas coisas que eu sabia, e assim, o foco seria a partir de então, a minha irmã.

Funcionou.

Comecei a sair com os meus amigos, conheci algumas meninas, estava tudo perfeito, até o meu pai decidir que eu estava distraído, que não estava mais focado, o que era verdade de certa forma, e decidiu intervir pela primeira vez na minha vida. Meu pai me fez ser o chefe da guarda presidencial, botou uma responsabilidade gigantesca nos meus ombros.

No inicio, eu achei tudo uma merda, eu estava sentindo falta da vida que estava levando nos últimos tempos, até que entendi que aquilo era um cargo sério, o maior da minha vida, e que apesar de ter sido forçado aquilo, eu precisava entender, que o meu pai confiava em mim, a ponto de ter me colocado, naquele cargo.

E foi a melhor e a pior coisa da minha vida.

Conviver com o Presidente Jaruzelski, me fez passar a pensar igual a ele, eu fingia entender coisas, que não são para ser entendidas, porque simplesmente, não podem ser aceitas, por ninguém. 

Isso sem falar nas tantas outras coisas que mudei em mim, por causa disso.

Mas de alguma maneira aquilo fez com que conhecesse ela, naquela manifestação.

Ir viajar depois daquela noite com a Janel, foi uma das piores coisas que já fiz na vida, mas era o meu trabalho, e eu precisava ser leal a isso, por mais que não fosse fácil para ninguém, muito menos para mim.

Entrei no avião, e voltei a ser o Henry de sempre, o major, o que dá ordens, o que é focado, o que ama o que faz, talvez, e só assim, eu conseguisse sobreviver aqueles próximos sete meses que viriam pela frente.

Fim do Trecho de "1989"

You Are In Love [Projeto 1989]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora