Cap 3 - "Mean"

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Um dia eu vou viver em uma grande e velha cidade

E você será simplesmente mau

Um dia eu serei grande o suficiente para você não poder me atingir

E você será simplesmente mau

Por que você tem que ser tão mau?

Mean – Taylor Swift                          

Trecho de "1989"

Pov. Janel Jancowski

Polonia, 1986 - 23 de Fevereiro.

Levantar da cama naquela manhã não foi difícil, o resto do dia é que foi. Eu ainda não conseguia acreditar que estava indo para um encontro com um soldado, a possibilidade de um dia sair com um soldado, era tão ridícula na minha cabeça, que eu nunca tinha nem olhado para um.

Minha mãe achou legal apesar de tudo, claro, eu não disse a ela que ele trabalhava como guarda-costas do Presidente Jaruzelski, nem disse isso ao meu pai, mas para a minha sorte, aquela noite ele havia sido chamado para um turno a noite na fabrica, o que significava que ele não estaria em casa, no horário em que Henry chegasse.

Fiz tudo aquele dia como sempre, arrumei a casa, fiz algumas lições do colegial, ajudei meus primos a arrumar algumas coisas no quarto deles, ajudei minha mãe na cozinha, mas as quatro da tarde, eu sabia que teria que me arrumar.

Demorei duas horas para ficar pronta, de modo, que quando o Henry chegou na frente de casa, eu ainda estava prendendo o último grampo no cabelo, coloquei o casaco por cima do vestido, e sai. Não iria dar chance para que os meus primos, atormentassem a cabeça do Henry.

Se os meus tios não tivessem escolhido ir para a Inglaterra trabalhar, eles jamais estariam em casa, para inicio de conversa, pensei.

Fechei a porta, com dificuldade, por dois motivos, o primeiro, Oton e Haskel queriam sair para fora, para conversar com Henry, o segundo motivo, é que meu coração batia mais forte do que nunca, tentei andar normalmente, aquilo era um encontro normal como qualquer outro, eu  já tinha tido outros antes. Porque eu estava tão nervosa? Me perguntei a caminho do carro.

Eu estava tão distraída, que não vi o skate do Oton na frente de casa, e quase fui parar no chão, se não fosse por Henry ter ido parar ao meu lado e me segurar.

- Obrigada, os meus primos vivem deixando coisas aqui em frente, isso mesmo depois de incessantes horas de bronca da minha mãe, alertando-os.

- Sim, mas, acho que você deveria prestar atenção ao andar, já que como disse, eles vivem deixando coisas por aqui.

- É isso mesmo?

- Isso mesmo o que?

- Esse encontro mal começou e você esta falando que eu sou atrapalhada?

- Não, não exatamente, apenas estou dizendo para você ser mais atenciosa.

- Credo, você pareceu minha mãe falando agora. Acho que se eu quisesse ter um encontro com a minha mãe, eu poderia nem ter me arrumado.

- O.k, eu já entendi Srta. Jancowski, não irei mais tocar nesse assunto. Mas, deixa eu ver se entendi direito, você se arrumou para um encontro, o qual até onde eu entendi, um encontro com alguém que você não queria conhecer?

- Eu não sei a onde eu estava com a minha cabeça em aceitar ter um encontro com você, você consegue ser tão insuportável... Quer saber? Acho melhor cancelarmos. – falei me afastando, e indo para trás, sem ver de novo o skate, e caindo, mas antes que eu fosse de costas no chão, Henry me puxou pela cintura, até que estivéssemos bem próximos. – Essa é a situação mais patética da minha vida, em que momento foi que eu virei a mocinha da história?

- Como?

- Bem, você esta aqui na minha frente, me segurando pela cintura, depois de eu quase ir de costas no chão, eu poderia ter me machucado? Sim, eu poderia. Você fez certo em não deixar isso acontecer? Talvez, tem seus contras e prós. Mas repare com isso é ridículo, o que o destino esta querendo dizer com isso? Repito, em que momento foi que eu virei a mocinha da história?

- Acho que é o destino dizendo para você que sua teimosia uma hora tem que acabar.

- Haha, certo, e o que ele esta dizendo para você?

- Que as vezes eu preciso parar de ir atrás de meninas que eu vejo em protestos.

- Quer dizer então, que você faz isso com frequência?

- Não, eu nunca fiz na verdade, você foi a única que realmente fez com que eu fizesse uma loucura dessas. Em fim, você me perguntou o que o destino esta dizendo para mim, e claro, que a resposta certa, não é essa que dei.

- Qual é então a resposta Henry? – senti a mão dele apertar a minha cintura com mais força. – Mas, antes que me responda essa pergunta, será que dá para gente ir indo, daqui a pouco minha mãe saíra de casa, se perguntando o que ainda estamos fazendo aqui na frente e eu não quero explicar o porque.

- Sim, claro. – Henry, me soltou, e senti um vazio estranho quando ele fez isso. Henry foi até o lado do carona, e abriu a porta para que eu entrasse, um cavalheiro, pensei, interessante. Entrei no carro, e logo em seguida Henry entrou também, ele deu a partida e então saímos da frente da minha casa. – Respondendo a pergunta, o destino esta querendo que eu entenda a mesma coisa que você, que nem sempre as coisas são como a gente quer, eu poderia ter reparado em qualquer outra menina naquele protesto, ou para ser mais sincero, eu poderia agora estar com outra menina, uma menina que não vai a protesto, uma menina que não luta tanto assim por política, mas acho que a vida é isso. Uma dificuldade, as vezes faz bem Janel. E você é a minha dificuldade do momento.

Fim do trecho de "1989".

You Are In Love [Projeto 1989]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora