Cap 18 - Are In

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Trecho de "1989"

Pov. Janel Jancowski

Polônia, 1989 – Dois meses depois do Protesto

Todo mundo tem seu tempo de cura, seu próprio tempo para superar a dor, não é fácil para ninguém, a dor as vezes é tão forte que precisamos nos afastar de tudo, para poder ver o que existe do outro lado.

Quando minha avó por parte de pai faleceu, muita coisa na minha vida mudou, pelo fato da minha família ser toda polonesa, e morar na Pôlonia, todo domingo era uma festa, muita comida, e muita risada, até que ela se foi, a família tentou prosseguir com os domingos, mas não encontrar ela no fogão, ou até mesmo tricotando em um canto, enquanto todos os netos, pulavam em volta e pediam doce, fez com que tudo ficasse estranho demais, como deixa, minha tia Ksenia e o meu tio Petroski, foram para o Estados Unidos, junto com  o meu primo e a  minha prima, e depois, os pais do Oton e Haskel, decidiram ir para a Inglaterra.

Os domingos passaram a ser na casa da minha avó materna, mas com o tempo, isso também se desfez, depois que alguns primos foram servir o exercito, e que um dos meus tios se divorciaram. A minha vida mudou, e eu e a minha família demoramos para nos reerguer, mas com Oton e Haskel por perto, nos sentimos na obrigação de sermos felizes, até que finalmente voltamos a ser felizes de verdade.

Diante daquela situação com Henry, eu sabia que era assim, que eu teria que fazer, afinal, quantas pessoas se casam com o seu primeiro amor? Não é só porque meus pais eram o primeiro amor da vida um do outro, que eu teria que me casar com Henry, com isso em mente, voltei a viver.

Não abandonei os estudos, não abandonei os meus amigos, não abandonei a minha família, não abandonei o Soliedariedad, e graças a eles, pude sorrir novamente.

E decidi até mesmo dar uma chance para que outra pessoa pudesse entrar no meu coração, eu precisaria fazer isso mais cedo ou mais tarde, eu sabia que não precisava de um amor para poder ser feliz, eu já era feliz sem isso, mas sabia que as coisas ficam mais fáceis, quando você tem alguém para caminhar ao seu lado.

Fercaw me ajudou a superar a dor, e o meu primeiro beijo com ele, fez com que as coisas fizessem um pequeno sentido naquele momento de dor.

Eu não vi mais o Henry, mas Anninka passou a ser parte da minha vida, pois começou a namorar o Kilom, ela inclusive ficou sabendo que nós dois fazíamos parte do Soliedariedad, e não disse nada a respeito, não sei exatamente se era uma coisa que ela gostava, mas nunca reclamou, nem para mim, e nem para Kilom. Como eu queria que Henry tivesse reagido do mesmo jeito, pois é, mesmo não vendo o Henry, ele ficou sabendo de praticamente toda a minha vida, por causa da irmã dele, e também, por causa do até então, melhor amigo, Kilom, melhor amigo, no verbo passado, porque quando ele descobriu que Kilom era do Soliedariedad ficou revoltado, e quando descobriu a meu respeito, disse que agora sim, não queria me ver nem pintada de ouro, mas honestamente eu estava com tanta raiva dele, naquele momento, que se eu visse ele na rua, eu atravessaria para o outro lado.

Quando o natal chegou, eu senti como se tivessem me jogado em um rio congelado e tivessem me deixado lá para morrer, as lembranças voltaram como raios, é difícil perceber, mas com o tempo, um toque pode fazer muita falta, e as lembranças, fazem com que a saudade fique mais intensa. Lembrar daquela noite, daquela noite em especial, a noite que não entreguei apenas o meu coração, eu me entreguei de corpo e alma para Henry, a vontade de vê-lo nem que por um segundo foi avassaladora, mas eu sabia que aquilo seria como uma droga, se eu o visse, eu não conseguiria manter distancia, e eu precisava manter distancia, primeiro porque Henry era um vício, e segundo, porque eu estava namorando com outra pessoa, no caso, Fercaw.

Fercaw de algum modo percebeu que eu estava estranha aquela noite, cada beijo, não era um beijo romântico, era mais amigável, como se ele quisesse me dizer que estava tudo bem, mas no meu interior, eu sabia que não estava, então depois da ceia, quando ele foi embora, eu pude finalmente relaxar, e fiquei algumas horas conversando com Oton e Haskel, que passaram a ser mais do que meus primos, meus irmãos.

Na noite do dia 31, as noticias de que o presidente estava renunciando chegaram, e por isso, aquele ano, marcou a vida de todos, e marcou a minha vida de um jeito único, talvez, vocês pensem que toda essa história acabem desse jeito, mas não, minha vida deu algumas reviravoltas.

Alguns dias depois da renuncia oficial do Presidente Jaruzelski, o trem saiu dos trilhos, e eu estava por perto quando isso aconteceu, no aniversário da Anninka, no dia 3 de fevereiro, estávamos todos reunidos na casa dela, até mesmo Henry estava lá, com a nova namorada, Loene, que também era do exército. A festa estava muito agradável apesar das controvérsias, Henry estava claramente chateado, pois eu estava com Fercaw dentro da casa dele, mas era o aniversário da irmã dele, e a irmã dele, também era amiga do meu namorado, então, ou ele ficava na festa, e aguentava, ou ele ia embora, e magoava a irmã dele.

Todos estavam no quintal, e eu fui ao banheiro, quando estava saindo, escutei a campainha, atendi a porta, e ali estava a policia, o que a policia estava fazendo ali? Foi a primeira pergunta que se passou pela minha cabeça, mas analisei a situação, e vi, que eu estava na casa de dois militares, sendo assim, isto significava claramente, que eles poderiam ter amigos da policia, e fui realmente muito ingênua na resposta que dei.

- Olá, a festa esta acontecendo lá no quintal, podem entrar.

- Senhorita, na verdade nós estamos com um mandato de prisão.

- Mandato de prisão? Acho que esta havendo algum engano. – falei assustada.

- Essa casa, é de Henry Malcom Kas Podleski?

- Sim, então não há engano nenhum. Podemos entrar?

- Senhor, esta casa é de militares e temos crianças hoje aqui, e tem uma festa acontecendo no quintal, eu sei que é um mandato de prisão, e o senhor poderá fazer o seu trabalho, eu peço só que espere um pouco aqui, deixarei a porta aberta, para que saiba que não estou mentindo, ou que estou deixando brecha para que alguém fuja, mas para não alarmarmos ninguém, espere apenas um minuto aqui, que eu já volto.

- O.k, senhorita.

Fui correndo para trás da casa, cheguei ao quintal, e fui até Kilom.

- Kilom preciso da sua ajuda em alguma coisa!

- O que esta acontecendo Janel?

- Preciso que chame o Henry, já que vocês voltaram a conversar, e eu não.

- Você esta querendo falar com ele agora? Vão cantar os parabéns, daqui a pouco.

- Não, é uma coisa muito urgente, e preciso que venha comigo.

Eu e Kilom fomos até o Henry.

- Por favor Henry, é algo urgente.

- Certo. – Ele avisou a Loene que já voltava, e então saímos.

Entramos na casa.

- O que esta acontecendo Janel?

- Um mandato de prisão.

- Um mandato de prisão? – falou Kilom.

- Sim, um mandato de prisão para o Henry, e não me olhem mais desse jeito, eu também não estou entendendo nada.

- A onde eles estão? – falou Henry.

- Lá na porta.

- Certo, vamos lá!

Fomos até a porta, dali em diante, tudo aconteceu muito rápido, Henry foi algemado, eu fui correndo avisar a Anninka, que o Kilom e o Henry tiveram uma coisa importante para resolver no quartel, e avisei que eu tinha que ir pegar uma coisa em casa, e que não iria mais voltar, e que o Kilom  também iria demorar para voltar. Voltei correndo, e entrei no carro junto com Kilom, e fomos direto para a delegacia.

k6n

You Are In Love [Projeto 1989]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora