Acordo com relutância e sinto meu corpo paralisado, não abro os olhos, mas o aroma que sinto não é mais desagradável como no buraco.
Sinto uma vontade enorme de levantar, mas não consigo me mover direito, parece que estou a muito tempo deitada e tivesse que me acostumar com os movimentos novamente.
Abro os olhos depois de longos segundos dormindo... Talvez...
Meus olhos parecem se acostumar a luz fraca depois de tanto tempo reclusa. Melhor as pontas dos dedos da mão direita e sinto um calor na mão esquerda.
Giro levemente a cabeça para o lado da minha mão e aos poucos sinto minha visão desembaçar e clarear.
Meus olhos se enchem de lágrimas e solto um soluço sentido. É estranho ouvir minha voz depois de tanto tempo sem falar. "Voz horrorosa, continua a mesma!"
Vejo o calor se afastar dá minha mão e tomar a extensão que vai do meu estômago ao meu pescoço e só então noto que estou sendo abraçada. Ouço alguém resmungar alguma coisa e pisco várias vezes seguidas ao perceber que a voz é de Faruk.
Olho para ele assim que ele se afasta e movo com dificuldade minhas mãos em direção ao seu rosto, ele está sorrindo e com lágrimas nos olhos, seu semblante está cansado e a barba está por fazer, mas ele continua lindo.
- Você está viva! - ele diz em som quase inaldivel.
- Faruk... - Sussurro em um fio de voz que sai da minha garganta, vejo o seu sorriso se alargar e ele me dá um beijo na testa.
- Eu jurava que estava morta quando te encontrei naquele buraco... Eu achei que tinha te perdido! - sua voz é falha e ouço passos em minha direção.
Ouço alguém exclamar meu nome é a voz é inconfundível, Rocca!
Olho com dificuldade para o outro lado e vejo Rocca sentado entusiasmado.- Ada você está bem? - ele pergunta cutucando minha bochecha, sorrio e assinto - você ainda pode falar? - vejo seus imensos dentes afiados se curvarem sobre meu rosto.
- Posso... - digo com a voz quase sumindo.
Ele se afasta e Faruk ordena que todos saiam, pois preciso descansar. "Acabei de acordar!"
Tento erguer a mão em protesto, mas logo ouço a porta se fechando e sei que todos já se foram. Faruk está do meu lado ainda, mas logo se levanta e de repente uma luz invade o quarto.
Faruk volta a se sentar do meu lado.
- Quanto tempo estou assim? - pergunto vendo minha voz voltar aos poucos ao normal.
- Dois anos e nove meses Ada, você ficou desaparecida durante dois anos e meio e ficou cerca de três meses desacordada em cima dessa cama. - sua voz é extremamente triste.
- Ó... - só então me dou conta que devo ter meus dezenove anos.
Me movo com dificuldade e Faruk me ajuda a se sentar na cama, apoio a cabeça na cabeceira e ele se senta na ponta da cama. Percebo que alguém abriu a porta e olho em direção a ela. Vejo uma moça entrar no quarto e noto que é Louise.
Ela carrega frutas em uma bandeja, para ao lado de Faruk e entrega a bandeja a ele, ouço soluços e sei que ela está chorando. Sinto um abraço apertado e com dificuldade retribuo.
- Estou bem - digo com a voz um pouco mais normal. Ela se afasta.
- Todos os dias achei que estava morta, todos os dias perdia a esperança de ver acordada novamente. - a voz dela sai embargada. Ela olha para Faruk e seu olhar escurece - Alicia terá o que merece? - sua voz é ríspida.
"Alicia!" Sinto uma tontura tomar meu olhar e por um momento acho que vou desmaiar, mas Faruk me segura para que eu não tombe na cama.
- Conversamos sobre isso depois, deixe-nos a sós... - ele diz tranquilamente.
Vejo Louise sair pela porta e encaro Faruk.
- Onde ela está!? - digo com a voz falha.
- Não se atormente com isso agora pequena Ada... Ela terá o que merece - a voz de Faruk é gélida ao pronunciar a última frase.
Sinto aos poucos meus movimentos voltando ao normal e mastigo lentamente uma fruta.
Depois de alguns minutos me atrevo a ficar de pé e com a ajuda de Faruk caminho até a janela. Olho para fora fora e vejo muitas criaturas e pessoas lá em baixo.
- O que eles fazem aqui? - pergunto com curiosidade.
- Eles vem todos os dias e rezam por você... - a voz de Faruk é terna.
Sinto meu coração acelerar e olho para Faruk incrédula.
- Você que me tirou do buraco? - pergunto.
- Sim... - ele diz tristemente.
- Você me viu sem roupas? - "Que vergonha! Que vergonha! Minha situação devia ser péssima, além do fedor de podre!"
Ele dá de ombros.
- Te tirei do buraco, te dei banho e cuidei de você... - ele diz olhando para fora da janela. Minha boca forma um imenso "O" e ele me olha gargalhando.
- Está brincando não é? - digo desacreditada.
- Não Ada! Eu realmente cuidei de você, te dei banho durante todos esses dias, cuidei de todo ferimento que tinha, escovei seus cabelos... - ele joga a cabeça para o lado - está ficando vermelha! - ele volta a gargalhar e instintivamente dou um soco em seu estômago, mas devo estar bem fraca, pois ele nem se move. - Qual é Ada! Não te fiz nenhum mal, apenas te dei banho e vesti suas roupas.
- Você... Você me viu nua... - digo olhando para baixo, ele gargalha novamente.
- Tenho seiscentos séculos e alguns anos nas costas sei como me portar perto de uma mulher mesmo que ela esteja sem roupas... - ele me puxa para um abraço - senti sua falta... - sua voz é carregada de ternura.
- Também senti a sua...
(Gente ainda acontecerão algumas coisitas antes do livro acabar, creio que mais uns quatro ou menos capítulos....
Agradeço a paciência e a atenção de vocês em cada estágio do livro).
YOU ARE READING
Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)
FantasyNão é fanfic (Concluído, ainda passará por revisão) #09 em FANTASIA (03/10/2017) #06 em FANTASIA (01/06/2017) #07 em FANTASIA (02/05/2017) Adaptação de Morfeu. (Imagens meramente ilustrativas) Ada perdeu a mãe em um suposto suicídio, mas descobre um...