Capítulo 20

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Acordo bem tarde, é quase horário de almoço e estou morrendo de fome! Vou ao banheiro e tomo um banho, infelizmente terei que passar a maior vergonha da minha vida.

Desço de pijamas para tomar café e me tornei uma celebridade, pois todos estão olhando para mim, sinto meu rosto quente e creio que esteja vermelho como pimentão. Me sento em minha cadeira e começo a comer.

'Ada'
'Ada porque você me deixou! Por quê?'

Travo. "Meu Deus!" Olho em volta e não vejo Faruk, como que ele está em meu pensamento, como posso ouvir seus pensamentos.

Será que vale para todos o que Alicia falou! Por que se valer faz todo sentido! Ou nem tanto assim!

Faruk deve me odiar muito mesmo, apesar de que as frases que ouvi saíram carregadas de tristeza!?

Não, não, Faruk deve estar triste por seus planos terem falhado e ele não ter conseguido me ter em suas mãos para brincar com meus sentimentos.

Se for da mesma forma que Alicia falou então eu também posso ouvir qualquer pessoa de Pearl chamar meu nome! Basta ela nutrir algum sentimento muito forte como amor ou ódio!

Termino meu café e saio do hotel, o dinheiro está dentro do meu bolso esquerdo e caminho em direção a uma loja de roupas a duas quadras. Infelizmente estou descalça. Pareço uma sem teto, e as pessoas estão me olhando com desprezo. "Ai! Até dói ver esses olhares".

Entro na loja e vejo uma mulher me olhar e cochichar algo no ouvido da outra.

- Com licença, estou querendo comprar uma bota simples e um moletom vermelho de preferência! - sorrio.

- Sim - a vendedora me mostra as botas mais em conta, opto por uma preta que vai até meus joelhos, ela custa apenas cinquenta dólares, o moletom custa vinte e cinco dólares. Me sobram apenas vinte e cinco dólares e resolvi ir caminhando.

Coloco as botas e o moletom vermelho por cima, quem me olha de longe deve achar que é estilo, mas na verdade é falta de grana.

Estou caminhando a algumas horas e decido parar no parque que fica a três quadras. Estou exausta.

O frio esta menor aqui e o sol já pode ser visto no céu. É verão! Sei que estou no domingo.

Todos os lugares estão quase fechando e agradeço por ter encontrado uma loja aberta.

Chego ao parque e sento-me em um banco, estou realmente cansada. "Como será que é em Pearl?" Estou me perguntando.

Será como aqui? As pessoas sabem o que é tecnologia? Será que existem carros? Acho que é não para todas as perguntas, no fundo sei que Pearl é completamente diferente daqui.

Avisto uma barraquinha de cachorro quente, vou até ela e compro dois. Um para agora e outro para mais tarde, quando estou me distanciando resolvo voltar e compro mais um.

Acho que três cachorros quente serão o suficiente.

Volto a caminhar, a floresta deve estar a mais ou menos três horas de caminhada. Conseguirei chegar meia hora antes do sol se pôr, isso se eu não parar nem um minuto de caminhar.

Tenho as palavras cravadas em minha mente e coração, é como se elas estivessem dormindo dentro de mim e quando ouvi Alicia pronunciar cada uma, elas tivessem despertado.

Caminho durante muito tempo e minhas pernas começam a fraquejar. Vejo uma senhora caminhar em minha direção e decido perguntar a ela a hora.

- Senhora? - ela me olha confusa. - poderia me informar a hora - ela olha no relógio em seu braço.

- Quatro e quarenta e oito mocinha! - ela sorri.

- Obrigada. - retribuo o sorriso e volto a caminhar.

***

Finalmente consigo ver a floresta no fim da rua. E o sol ainda não se pôs, é minha chance.

Ignoro as dores nas minhas pernas e começo a correr. Passo em frente de minha casa, mas não olho em sua direção, continuo correndo, como se minha vida dependesse disso.

Chego a entrada da floresta e vou até a árvore que escondi minhas coisas. Observo se não tem ninguém e continuo correndo pela trilha.

Corro mais um pouco e vejo a rocha ao longe, abro a mochila e guardo a sacola com os cachorros quente "quando eu achar um lugar para dormir vou comer um" estou morrendo de sede e assim que eu achar um lago vou tomar toda a água possível.

Retiro um dos meus vestidos. Ele é claro e me troco ali mesmo. Guardo o pijama e me cubro com a capa. É hora de pronunciar as palavras, paro em frente a pedra.

- Deste mundo cruel quero me salvar! Um ser místico eu sou, podem me levar! Assim que o sol se pôr para casa vou retornar!

" É agora!" Caminho com a mochila em minhas mãos em direção a pedra e fecho os olhos ao atravessar. Sinto uma onda gélida atravessar meu corpo e sei que estou do outro lado.

Abro os olhos e vejo que estou em uma floresta também, só que as árvores são maiores, os barulhos de animais são mais altos e tem olhos sobre mim. "Meu Deus! Tem olhos sobre mim!" Vejo uma árvore se mover e olhar para mim.

- Quem é você? - sua voz é alta e bastante intimidadora.

"Minta Ada!"

- Sou do outro lado, vim por pedido de meus pais. Eles disseram que é para eu procurar por Faruk!

A árvore se enverga toda e se aproxima de mim, sinto seu hálito e o calor de sua voz cobrir meu corpo e quando ela fala um vento quente atravessa meu corpo.

- Como é seu nome?

- Me chamo Ana! - sorrio nervosamente.

- Terá que caminhar muito! O castelo de Faruk fica a três dias daqui! - meu coração está acelerado e eu decido que preciso caminhar, mas estou cansada.

- Poderia por gentileza me mostrar um lugar em que posso descansar até que amanheça.

Ouço uma risada zombateira.

- Amanhecer? - sua risada ecoa por toda a floresta e vejo todas as árvores rirem em uníssono. O barulho é tão grande que tampo os ouvidos com a mão. - Aqui não existe dia tolinha!

"Como não!"

- Apenas me mostre um lugar para descansar! - a árvore se curva novamente e me analisa.

- Siga as árvores que disserem olá! Não responda! Apenas siga. Tem uma caverna a alguns minutos daqui, ela fica próximo ao lago Rob.

- Obrigada! - me viro para as árvores que estão dizendo olá e começo a caminhar.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Where stories live. Discover now