Capítulo 60

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- Eu fico! - digo sorrindo e Faruk me abraça.

- Acredito que algumas pessoas devem saber disso - ele diz com a voz em meu pescoço e se afasta - amanhã mesmo podemos anunciar que vamos nos casar - ele parece bem entusiasmado "Casar? Não quero casar agora!"

- Eu achei que poderíamos deixar do jeito que está... - digo abaixando a cabeça, ouço Faruk suspirar.

- Talvez possamos deixar isso para amanhã não é mesmo? - ele levanta meu rosto com a ponta do dedo em meu queixo - durma pequena Ada...- vejo ele desaparecer como névoa na minha frente, quando me dou conta estou sozinha.

Sigo para meu quarto e me deito, horas depois adormeço.

***

Acordo com Louise abrindo a porta.

- Ada?

- Entre Louise! - ela entra e se senta ao meu lado.

- Faruk está chamando para tomar café junto com todos. - sorrio.

- Está? - digo me fazendo de desentendida.

- Se quiser digo que não irá... - ela diz em voz baixa.

- Diga que irei! Já estarei descendo, mas antes peça para que troquem a água da banheira e quero tomar um banho... - ela me olha confusa - ... Onde mesmo você pega os meus vestidos? - digo por fim e Louise abre a boca em um imenso "O".

Ela assente e quando chega a porta diz.

- Os vestidos estão no quarto de Faruk... - me levanto e passo por ela apressada e quando vou abrir a porta do quarto Louise grita - Faruk ainda não saiu do quarto! - é tarde demais, já abri a porta e encontro Faruk parado no meio do quarto com as mãos no bolso, ele veste uma camisa branca e suspensório, aparentemente estava se trocando.

Acredito que meu rosto esteja vermelho como pimentão, Faruk solta um sorriso travesso e cruza os braços, como se pedisse uma explicação pela minha intromissão.

Olho para Louise e ela desaparece pelo corredor "Isso! Me abandona aqui mesmo!"

Olho para Faruk que ainda está sorrindo e com o olhar interrogativo.

- Eu vim pegar um vestido para eu tomar um banho, Louise disse que é aqui que eles ficam... - digo envergonhada.

-Realmente! - ele ri - Sinta-se em casa criança - "odeio quando ele me chama de criança!"

- Se puder parar de me chamar de criança eu agradeço! - digo entrando - onde exatamente ficam os vestidos. - passo por ele e olho em volta do quarto.

- Na primeira gaveta Ada - ele aponta para as gavetas - aquela que você não mexeu quando pegou o punhal da sua mãe... - ele cantarola.

- Ó... - "idiota!"

Caminho até a gaveta e puxo, encontro vários vestidos dobrados, um mais belo do que o outro.

- Vai tomar café conosco? - ouço Faruk perguntar, mas continuo distraída com os vestidos.

- Sim, apesar que a presença de Alicia vai me deixar bem irritada! - digo rispidamente. Ouço Faruk rir e quando olho para trás ele não está mais lá.

Escolho um vestido azul simples e volto para o quarto, os seres alados já estão enchendo a banheira e logo após se retiram do quarto.

Dispo-me e entro na banheira, a água está em temperatura agradável, fico alguns longos minutos e saio me secando, visto o vestido e abro a janela.

Hoje o dia está claro, mas a cena é horrível. Existem árvores derrubadas e consigo ver ao longo do caminho criaturas caídas, provavelmente mortas, meus olhos se enchem de lágrimas e por um momento me sinto culpada por isso.

A dor da culpa é tão grande que estou com remorso. "Faruk suporta essa dor? Por seiscentos anos?" Um soluço escapa da minha garganta e começo a chorar.

Saio de perto da janela e sento em minha cama, a realidade bate a minha porta e ela diz que tudo que aconteceu foi por que eu estava longe. Sinto meu mundo desabar e toda a dor da culpa cair sobre mim.

"Me perdoe Faruk, pelo que lhe causei..."

Fico alguns minutos chorando e ouço batidas na porta, olho para a porta e vejo Faruk com o olhar preocupado.

- Estão todos te esperando... - ele diz caminhando até mim, ele se abaixa na minha frente e apóia as mãos em meu joelho - Por que está chorando? - ele passa a mão pelo meu rosto.

- Me perdoe por ter causado tanta dor a você, pela minha família ter destruído sua vida, por tudo... - vejo ele fechar o olhar e apertar o maxilar.

- Ada nós já conversamos sobre isso... A culpa não é sua é provavelmente nem minha, acredito que a culpa seja unicamente do meu pai... - olho para ele confusa e ele continua - se ele não tivesse traído o guardião nada disso estaria acontecendo, não o culpo, mas as coisas acontecem por que tem que acontecer.

Seguro suas mãos e assinto. Ele suspira, me dá um beijo na testa e se levanta.

- Vamos tomar café? - ele diz animado e me puxa pela mão, sigo ele relutante, em pensar que o apelido dele é guardião Severo pelos desastres que acontecem aqui e pelas mortes que ele causou.

Chegamos a sala de jantar e ela não está tão cheia como de costume, as moças que estavam aqui provavelmente retornaram para casa ontem de madrugada.

Vejo uma fada e um ser alado sentado a mesa, alguns mortais e Alicia na primeira cadeira ao lado da ponta, na ponta que Faruk se senta. Reviro os olhos. Ela me olha com ódio estampado no olhar.

Faruk para ao lado da cadeira dele e ainda segura a minha mão.

- Ada, gostaria de apresentar Maiana - ele aponta para a fada - ela me substitui quando não coordeno o batalhão. Noel - ele aponta para o ser alado - meu braço direito, geralmente somos nós que cuidamos dos problemas mais sérios aqui em Pearl, os outros são guardas do vilarejo, geralmente eles me trazem as notícias de lá - ele se refere aos mortais.

Cumprimento todos com um sorriso e fecho a cara quando olho para Alicia, Faruk aponta a outra cadeira ao seu lado e eu me sento de frente para Alicia.

Logo é servido o café da manhã e todos os pratos são pequenas bolinhas de algo que grita. Estou horrorizada. Meu prato na verdade vem as deliciosas frutas de sempre.

Estou me sentindo em meio ao caos e loucura neste café da manhã maluco.

Após alguns minutos os gritos acabam, assim como as pequenas bolinhas que foram engolidas por todos, sinto meu estômago revirar.

Alicia atualiza Faruk sobre os eventos no castelo, logo após é a vez dos guardas contarem a situação do vilarejo, aparentemente existem feridos e alguns mortos. A fada conta como a floresta enganosa está e diz que precisará de parte do batalhão para conseguir arrumar os problemas, o ser alado diz que usará apenas um terço do batalhão para a floresta verde e que levará alguns seres alados do castelo.

Faruk ouve atentamente as novidades e sinto meu coração pequenininho, pois seu rosto está indecifrável, mas suas mãos estão trêmulas enquanto ele bate os dedos na mesa.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Where stories live. Discover now