Capítulo 69

3.4K 403 18
                                    

Estou sentada a algumas horas no quarto e já recebi a visita de Rocca e Uga. Eles praticamente se jogaram em cima de mim, ao me ver.

Faruk não apareceu e já está começando a escurecer, ouço um toque na porta e corro para abrir, "deve ser Faruk!"

Abro a porta e me decepciono um pouquinho, mas logo uma alegria genuína invade meu ser. Pulo no pescoço de Tales.

- Nem acredito que estou vendo você de novo! - digo sorrindo contra seu pescoço.

- Eu que não acredito que você está aqui! - ele me aperta e depois de um longo tempo me solta.

- Obrigada - ele me olha confuso - foi você que me apoiou na hora que eu mais precisava... - digo olhando para os olhos dele, e por um momento vejo um sorriso bobo no rosto dele.

- Imagina - ele diz bagunçando meu cabelo.

Pego na mão dele e levo ele para minha cama, nos sentamos encostados na cabeceira.

- Me conte um pouco sobre você! - digo. Ele sorri e olha para baixo.

- Não é algo surpreendente!

- Deve ser melhor que a minha vida! - digo ironizando - Conta vai! - digo dando uma cotovelada nele.

- Bem... - ele olha para mim - sou filho de mortais e vivi minha vida inteira no vilarejo, não costumava me aventurar por aí, até que um dia meu pai ficou doente... - seu olhar se torna triste - ... Comecei a trabalhar de ferreiro e durante muito tempo levei uma vida comum - ele sorri amargamente - conheci uma garota... Ela era um ser alado lindo, mas quando seus pais descobriram nosso caso tivemos que terminar. - ele maneia a cabeça para um lado e para outro - comecei a sair durante alguns dias para caçar e acabei ganhando esse físico! - "ele está se gabando?" Reviro os olhos - Ei! Demorei muito para conseguir ser assim! - rimos juntos e seu olhar se torna sombrio, ele abaixa a cabeça - então conheci você, aparentemente um anjo caiu do céu para mim, mas acabei descobrindo que esse anjo já tinha a missão de proteger alguém... - ele me olha e sorri.

"Ele gosta de mim?" Estou um pouco surpresa e acabo ficando sem palavras, mas me apresso para falar.

- Você encontrará alguém que te faça muito feliz - digo e passo a mão em seus cabelos, Tales sorri.

Tales é o tipo de garoto que qualquer menina gostaria de ter, mas infelizmente não consigo gostar dele da mesma forma que gosto do problemático do Faruk.

- Eu já encontrei, mas aparentemente ela já tem alguém... - seu sorriso é fraco - Mas se você diz que irei encontrar alguém, então irei... - ele acaricia meu rosto e para de sorrir, seus olhos estão focados em meu rosto e ele me puxa para um abraço - sempre que precisar estarei a sua disposição Ada. - assinto ainda abraçando ele e me afasto.

Quando olho para a porta vejo Faruk nos encarando com uma carranca, sorrio. Olho para Tales e vejo que ele está se sentindo encomodado, seguro a mão dele e dou um beijo em sua bochecha.

- Já vou Ada, qualquer coisa é só me chamar... - ele sorri e se levanta, passa por Faruk.

Faruk revira os olhos e fecha a porta, caminha até mim e se senta na cama. Ele me puxa e deita minha cabeça em seu colo. Ele realmente parece um anjo negro.

- Ele vinha todos os dias te ver - as palavras de Faruk saem em um tom acusador.

- Ele é uma pessoa muito especial para mim... - digo lembrando do dia do baile.

Faruk aperta o maxilar e me encara.

- Quais suas intenções com aquele rapaz? - começo a gargalhar.

- As mais pervertidas possíveis - digo em meio ao riso, ele ri ironicamente.

- Posso saber quais entram na sua lista de perversão? - seu tom é seco.

- Creio que não! - digo soltando um sorriso travesso.

Ele me puxa para cima e me prensa contra a cabeceira, minhas asas ficam abertas cada uma para um lado.

- Terei que te convencer a praticar... Talvez... - ele se aproxima do meu ouvido - suas perversões comigo.

Sinto minha respiração ficar irregular e um arrepio percorrer meu corpo.

- Está perto demais! - digo tentando acalmar meus ânimos. Faruk se afasta e joga a cabeça para o lado.

- Devo pedir desculpas? - seu tom é descontraído.

- Não... É que... - "você me deixa um pouco nervosa! Com sensações estranhas e frio na barriga!" Faruk levanta as mãos como se estivesse se rendendo.

- Não precisa se explicar senhorita Ada! - ele volta a se distanciar. Decido perguntar sobre Alicia.

- O que fará com Alicia? - ele fecha o olhar.

- Cortarei a cabeça dela! - seu tom de voz é frio, sinto um calafrio.

- Entendo... - ele olha para mim e começa.

- Eu passei cada hora, minuto e segundo esperando você acordar - seu olhar é triste - imaginei você acordando enquanto eu lhe banhava, enquanto te alimentava... Você tinha se tornado uma criança novamente, dependia de alguém para continuar respirando e não morrer de fome ou desidratada.

Penso em como devo ter dado trabalho.

- Sinto muito causar todos esses problemas... - ele ri amargamente.

- Ada não fiz isso por obrigação, será que não percebeu? - olho para ele sem entender, ele segura meu rosto com as duas mãos - entenda! Entenda de uma vez por todas... Eu. Te. Amo - ele diz cada palavra com a mesma intensidade.

Sinto meu coração palpitar. Sorrio. Ele solta meu rosto e diz.

- Muita coisa aconteceu enquanto esteve fora, por isso não posso perdoar ela... - ele parece mais triste ainda e ouço trovões " não, agora não!"

- Estou bem Faruk! - digo para acalmar ele.

- Ada seu pai... - ele engole seco. "Não pode ser..."

Sinto meu mundo girar.

- Meu pai? - pergunto com a voz trêmula.

- Alicia... Ela...

- Diga Faruk - grito com ele deixando uma lágrima rolar.

- Sinto muito - ele me abraça apertado e soluços ecoam no ar. Sinto uma raiva tomar meu corpo.

- Por que não impediu? - grito e empurro ele.

- Eu não sabia... Até ir ver ele, imaginei que tivesse voltado para casa, que tivesse se arrependido... - começo a socar ele.

- Por que não impediu! - grito.

- Por que eu não pude! Estava muito ocupado procurando você! Alicia me ameaçou! - ele grita - antes de prender ela, eu questionei primeiro, quis saber do seu paradeiro e ela mentiu, como chantagem trouxe seu pai para cá! Ele enlouqueceu Ada, não consegui evitar, ela disse que você estava morta e que eu tinha matado você, seu pai ia me matar e eu ia deixar... Fechei os olhos e quando abri vi Alicia apunhalando seu pai pelas costas. Ela fez tudo parecer minha culpa e por um tempo acreditei, deixei ela cuidar de mim, deixei ela me amar... - volto a socar ele com mais força e me levanto abruptamente da cama.

- Não! Realmente é tudo sua culpa! Tudo! - digo e corro para as janelas, abro apressada e alço voo.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें