Capítulo 14

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Volto para o lado do passageiro e entro batendo a porta.

- Rapaz simpático! Seu novo amigo? - papai está sorrindo ridiculamente.

- Não! Eu odeio ele! - cruzo os braços.

- Ó! - papai sorri - Por isso ele disse que você era amiga da irmã dele. Bem... Gostei do seu jeito. Ele é bem... Digamos... Culto! - papai parece estar admirado com Faruk! Reviro os olhos e lembro do que ele me disse. Sem que papai percebesse eu recebi uma ameaça! "Ela diz também que odiaria perder o senhor e que faria qualquer coisa para protegê-lo, não é mesmo Ada!". Sua frase se repete na minha cabeça.

Papai dá partida e seguimos para casa. Chegamos no mausoléu e papai questiona.

- Querida por que está com essa cara de poucos amigos!?

- Não quero o senhor de conversinha com Faruk! - ele me olha e começa a gargalhar. "Oi?".

- Está com ciúmes de seu pai com o rapaz! - reviro os olhos "antes fosse".

- Não papai! Mas não gosto dele! Só isso! - entro em casa e subo bufando.

"Quem Faruk pensa que é?! Ele vai ter uma grande surpresa quando eu cometer meu suposto suicídio".

Amanhã tenho que ir a uma loja de medicamentos para adquirir o passaporte para meu suicídio.

Estou ansiosa. Preciso de alguém para servir de cúmplice! E só tem uma pessoa que poderia me ajudar! Tessa! Ligo para ela.

- Alô?

- Tessa sou eu, Ada!

- Ada! Que bom que ligou, como está? - parece entusiasmada.

- Preciso de sua ajuda!

- Claro! Diga! Eu ajudo sim! - "Você não faz idéia do que seja, é por isso!"

- Quero que me ajude a encomendar minha morte... - ouço um grito.

- Ficou louca menina! Não! - "sabia!".

- Calma, não será de verdade, irei tomar um veneno que mata temporariamente que nem em Romeu e Julieta! Então serei enterrada e quero que você me desenterre! Se não, vou morrer de verdade em baixo da terra!

- Desista! Você está louca! Não vou te ajudar, pode esquecer.

- Se não me ajudar vou morrer de verdade Tessa, e a culpa será sua! Então você é quem sabe...

- Você não teria coragem!

- Veremos! Sexta-feira papai estará te dando a notícia da minha suposta morte e aí, se não me ajudar, eu vou estar mesmo morta. Quero ver como vai se sentir se não me ajudar! Você é minha amiga ou não Tessa? - "OK! Estou sendo malvada colocando ela nisso, mas ela é minha única amiga!"

- Por que está fazendo isso Ada? - sua voz sai preocupada.

- Quando você me salvar eu te conto. Não me deixe lá para morrer! - ouço um suspiro.

- OK! Mas você ficará em dívida comigo para o resto de sua vida! - "ieah!"

- Sim, sim, sim! Me prometa não contar para ninguém!

- Não vou!

- Nem para meu pai!

- Ninguém Ada, isso incluí seu pai! Apesar de que vai fazer ele sofrer.

- Cuide dele enquanto eu estiver fora, não deixe ele fazer besteira!

- Prometo cuidar dele, você vai para onde?

- Resolver um assunto! Minha mãe não cometeu suicídio, ela foi assassinada! - fica um silêncio mortal e finalmente Tessa fala.

- Tem certeza disso?

- Absoluta e sei quem foi! Vou atrás dele e vou matar ele, depois volto para casa.

- Está louca! Isso é coisa para a polícia. - Tessa está cuspindo praticamente as palavras.

- Vai me ajudar ou não?

- E eu tenho escolha!? Mas se algo lhe acontecer eu ... - sua voz some.

- Não se preocupe comigo Tessa! Vou ficar bem, sei o que estou fazendo, tenho tudo planejado!

- OK, me promete que vai voltar viva!

- Prometo. - me despeço de Tessa e desligo o celular.

Desço e papai já está me esperando para jantar.

- Por que demorou querida?

- Liguei para Tessa, estava me despedindo dela. - papai me olha confuso. "Preciso começar com o teatro!". - modo de dizer papai, aliás não estamos mais no mesmo colégio.

- Entendo...- papai começa a comer, me sirvo e faço companhia para ele. A parte mais difícil será encontrar Pearl, mas amanhã vou seguir discretamente Alicia.

Depois de amanhã vou executar meu plano, estou ansiosa e nervosa, tem que correr como planejado. Só assim vou me ver livre de Faruk.

Espero que papai me perdoe. Espero que ele me entenda quando eu voltar e contar tudo.

- Filha?

- Sim - respondo levando mais uma garfada a boca.

- Teria como você fazer um favor a seu velho pai? - assinto - amanhã eu gostaria que você fosse ao supermercado e fizesse compras, as coisas aqui em casa estão acabando, eu fiz uma lista e vou deixar o cartão de crédito com você, tudo bem? - "Isso é perfeito!".

- Claro papai, farei sim! - bato palmas e papai ri.

- Feliz por ir fazer compras? - ele volta a rir.

- Claro, não é sempre que faço! - ele balança a cabeça e volta a comer. Não quero dizer, mas será perfeito. Amanhã vou comprar o veneno com o cartão e isso fará meu suicídio parecer mais real.

Terminamos de comer e eu retiro os pratos, lavo toda a louça e guardo. Arrumo tudo em seu devido lugar. Subo e começo a redigir a carta que papai vai encontrar na minha mão.

"Papai! Estou lhe escrevendo esta carta para que saiba que te amo! Sinto muito por ter o mesmo destino de mamãe! Não suportei a dor de perdê-la e não consegui ver seu sofrimento!
Acredito que quando ler esta carta eu já estarei morta! Sinto muito não ter correspondido suas espectativas e não ter sido forte o suficiente para suportar a dor da perda! Eu tentei papai!
Quero que o senhor construa sua vida novamente, porém longe desta cidade que carrega a tragédia esculpida em suas ruas. Talvez eu não tenha o direito de lhe pedir... Mas quero que você se permita viver sem se lembrar da minha existência e não se culpe, jamais terei a oportunidade de dizer que o senhor conseguiu me fazer muito feliz. Por isso quero que saiba que fui uma filha sortuda por ter você ao meu lado. Sinto muito por decepcionar o senhor.
PS. De sua filha querida, Ada Roth!"

Termino de escrever a carta e sinto uma dor no peito, meus olhos se enchem de lágrimas, mas prometi ser forte e irei! Vou vingar a morte de mamãe e resgatar meus amigos. Depois vou voltar e viver minha vida livre das ameaças de Faruk!

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Where stories live. Discover now