Capítulo 42

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A parte da tarde é mais divertida, pois Rocca e Uga vem me ver.

Eles ficam perto de mim o tempo todo, mesmo com suas carinhas assustadoras eu não consigo deixar de achar eles os seres mais fofos que já vi.

São meus xodós!

Passei a tarde toda rindo e brincando com eles. Eles parecem crianças. E por um momento esqueci de todos os meus problemas. O dia todo foi chuvoso e não quero saber o que chuva representa no humor de Faruk.

***

Caio deitada de asas e braços abertos na cama rindo incontrolavelmente. Uga e Rocca não se cansam e continuam brincando, haja energia!

Meu sorriso vai sumindo aos poucos quando me lembro de papai, sinto uma dor esmagadora e sei que é saudades, faz uma semana amanhã...

Faz uma semana que supostamente morri e sinto meu coração partido, um soluço escapa dá minha garganta e quando vejo estou aos prantos, vejo Uga e Rocca pularem na cama e me abraçar.

- O que foi Ada? - Uga pergunta.

- Eu sou uma imbecil! Uma idiota! Sou um ser humano desprezível - Lembro das palavras da carta e Faruk tinha razão... - abandonei tudo para vim e salvar a todos e não consigo nem mesmo salvar a mim mesma! - minha voz sai entrecortada.

Choro compulsivamente e vejo que Rocca está triste e Uga acaricia meus cabelos, a dor se torna maior, pois papai acariciava meus cabelos quando eu precisava.

- Você não é essas coisas que disse! - Uga exclama.

- Sou Uga! Fingi minha morte para vim parar neste buraco, meu papai está sozinho agora e eu aqui cercada de pessoas e criaturas que conheço a pouco tempo... Abandonei meu pai para salvar um povo que nem sabe minha história de vida, que nem conhece meus passos... Eu... Eu sou uma inútil em qualquer lugar que eu esteja... - Rocca sussurra algo em meu ouvido, não entendo e olho para ele confusa.

- Sinto muito Ada, a culpa é minha e de dona coruja... - seu olhar é triste.

- Não, vocês queriam que mamãe fosse feliz e ela foi... Vocês já cumpriram com a missão de vocês... Eu é que estou falhando na minha. - seco minhas lágrimas e tento movimentar meu outro braço, mas ele ainda dói demais para tentar forca-lo.

Fico algumas horas deitada e alguém toca a porta. Rocca e Uga adormeceram em cima das minhas asas, ouço a porta se abrir, mas não me movo.

- Trouxe seu jantar majestade

- Pode levar de volta - digo melancolicamente.

- Vai ficar doente majestade!

- Estou bem! - digo mais alto do que quero.

Escuto a porta se fechar e sei que estou só novamente, olho para o teto e sinto meu coração virar pó.

Minha vida é péssima! E só piorei ela nos últimos dias, apesar de que não teria escolha de qualquer forma, já que Faruk disse que enlouqueceria papai ou ainda pior... Ele acabaria morrendo.

Prefiro conviver com a dor de ter abandonado ele do que com a dor de ter causado uma desgraça maior na vida dele.

Adormeço.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora