Capítulo 64

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Acordo com uma imensa dor de cabeça e levo a mão na cabeça resmungando de dor. Levanto para olhar em volta e tudo se clareia com calma. Sinto meu sangue parar de correr e noto que estou em um lugar mal iluminado e com muitos insetos peçonhentos.

Sinto um desespero me tomar e me levanto, dou um passo e escuto o barulho de uma corrente, olho para meu pé e vejo que estou presa. Tento movimentar minhas asas, mas uma dor atravessa todo meu corpo e minhas pernas fraquejam, caio de joelhos no chão.

Começo a escutar passos e vejo uma mulher descer as escadas, ela está vestindo preto e possui o rosto cheio de marcas horríveis, só então me lembro da floresta e de Alicia.

"Onde estou?"

Ela caminha em minha direção e cantarola, minha respiração fica irregular e sinto um nó se formar em minha garganta.

- Quem é você? - pergunto assustada.

- Sou sua nova mamãe Ada! - ela sorri, seus dentes estão podres.

- Não conheço você! Por que está fazendo isso? - pergunto lembrando aos poucos de Faruk.

- Digamos que estou em divida com Alicia, graças a ela o guardião Severo poupou minha vida.

- O que pretende fazer comigo? - pergunto.

- Vejamos... - ela leva a mão ao queixo - creio que torturar um pouco e te fazer minha escravinha. - minhas mãos estão trêmulas.

- Onde está Faruk? Por que ele não me achou? Quanto tempo estou aqui? Cadê Alicia? - lanço as palavras desesperada.

- Faruk não conseguiu te encontrar a tempo de impedir que você sumisse, Alicia virá te ver logo logo, quando os subordinados de Faruk pararem de seguir ela. E você está aqui a uma semana.

"Tudo isso?"

- Por que não me matou ainda? - ela me olha com desprezo.

- Você é muito curiosa menina! Estou começando a pensar em cortar sua língua! - ela vocifera.

Engulo seco e me sento novamente no chão.

- Faruk... - digo quase em um sussurro, mas a mulher gruda em meu pescoço e está me enforcando. Sinto o ar sumir dos meus pulmões pouco a pouco.

- Ele não pode te ouvir aqui! Este lugar é enfeitiçado, então eu aconselho a fechar a matraca e parar de agir como uma vítima! - ela solta meu pescoço e puxo o ar com força, tanta força que acabo tossindo.

Vejo a mulher se distanciar e voltar com uma gosma fedorenta. Sinto ânsia de vomito.

- Sua comida será essa! - ela diz e joga a gosma no chão perto de mim e sai. A ânsia se torna maior e acabo vomitando na beirada da parede.

Olho em volta e sinto meu coração apertado, começo a chorar e a implorar a presença de Faruk, sinto uma dor enorme cruzar meu peito e sinto uma dor aguda na asa.

Depois de alguns minutos chorando olho para minha asa e vejo que ela está infeccionada, está suja e inchada. O ferimento exposto só aumenta a cena horrível.

Movo ela com cuidado a minha frente e retiro um pouco da sujeira. A asa está muito dolorida.

Me pergunto como ainda estou viva já que fiquei desacordada por tanto tempo, mas no fundo sei que aquela bruxa me alimentou e provavelmente foi com essa coisa gosmenta ao meu lado no chão.

Me encolho contra a parede e sinto um vazio dentro do meu peito "por que fui deixar o papai?!" Me sinto arrependida e assustada.

Meu maior erro foi forjar minha morte e vir para cá e o pior de tudo, Alicia conseguiu me enganar se fazendo de amiga.

"Sou uma estúpida!"

Estou me sentindo fraca e inútil, tanto fisicamente quanto emocionalmente.

Quando olho para os lados a única coisa que vejo é a escuridão, a única coisa que sinto é um vazio, o único cheiro que sinto é o de podre, a única coisa que escuto é o silêncio e as vezes alguns ruídos emitidos pelos insetos.

Passo horas sentada e em estado catatônico, ignorando a dor e tudo a minha volta, me concentrando apenas em meu sofrimento e minha fome, mas ainda é pouco demais para mim conseguir comer a gosma fedorenta.

Vejo a bruxa descer novamente, mas ignoro qualquer sinal que ela esteja dando ou qualquer movimento que ela esteja fazendo, até ela perguntar.

- Como está se sentindo jogada neste buraco majestade? - seu tom de voz é macabro.

- Não te interessa! - digo rispidamente.

- Claro que interessa, pois se estiver te agradando darei um jeito de piorar a situação. - engulo seco e decido provoca-la.

- Estou me sentindo em meu quarto, no meu castelo, perto de Faruk! - digo ironizando.

- Oras! Está bem agradável! Creio que podemos piorar. Ela se aproxima de mim e sinto minha cabeça ser lançada contra a parede, eu poderia tentar resistir, mas estou muito fraca.

Vejo tudo ficar escuro.

***

Acordo presa a uma maca, sinto sinto uma dor em minha asa e olho em direção a ela, minhas asas estão abertas cada uma para um lado.

Olho para os lados e vejo que ainda estou no buraco ou seja la o que for, mas agora minhas mãos e pernas estão presas e meu vestido se foi.

Estou me sentindo fraca, machucada e humilhada.

Ouço a voz horrenda da bruxa cantarolar e levanto levemente minha cabeça para observar o que ela está fazendo. Dou de cara com ela afiando um punhal.

Deito a cabeça novamente e fico em silêncio, "ela vai me torturar!" Fecho os olhos e sinto uma lágrima quente rolar pelos meus olhos.

Sinto o som ficar mais próximo e abro os olhos de uma vez.

- Vejam só! Acordou! - ela sorri sadicamente - resolvi brincar um pouquinho com você, mas é lógico que curarei suas feridas depois, por que para mim brincar todos os dias, preciso que todos os dias esteja inteira.

Sinto uma dor aguda em meu peito e começo a chorar e soluçar.

- Ó... O bebê está com medo? - ela pergunta dissimulada.

- Por favor me deixe ir embora... Eu prometo desaparecer e nunca mais voltar. - digo desesperada.

- Não! Quero ter o prazer de lhe causar dor e sofrimento! - ela diz aproximando o punhal para minha barriga.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Where stories live. Discover now