Capítulo 19

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Acordo abruptamente e sinto meus pulmões se encherem de ar, arregalo meus olhos e estou me sentindo presa. Está tudo escuro "deu certo!" Estou enterrada.

O espaço aqui dentro é muito curto. Não consigo me mover. "Tessa, não demore!".

***

Estou me sentindo sufocada e estou começando a entrar em desespero.

Já se passaram algumas horas e Tessa não apareceu, sinto uma vontade enorme de gritar.

***

Passam mais algumas horas e eu já perdi as esperanças quando ouço algo bater em meu caixão, as batidas duram alguns minutos e finalmente ouço Tessa gritar.

- Ada empurre a tampa do caixão! - sinto um alívio percorrer meu corpo todo.

Me movimento tentando empurrar a tampa, mas ela não levanta.

- Tessa acho que está travada! Ela não levanta! - grito de volta.

Ouço algo bater na tampa e sei que Tessa esta pisando no caixão. Ouço ela destravar a tampa e minutos depois ela grita novamente.

- Tenta agora!

Me movimento tentando levantar a tampa e ela vai ao meu lado. Me sinto livre. Está tudo escuro, ou seja já é noite. Só poderei ir para Pearl amanhã!

Saio do buraco com a ajuda de Tessa.

- Você está bem? - Tessa pergunta me abraçando.

- Estou. - ela está chorando e sei que meu velório foi triste. - estou aqui! Estou viva, não se preocupe.

- Eu sabia que estava viva, mas conforme a noite foi passando e o dia chegando comecei a achar que estivesse mesmo morta. Ada eu vi seu pai chorar e se perder em pensamentos durante horas, vi sua amiga Alicia estrar em choque e gritar debruçada em seu caixão...- interrompo.

- Alicia chorou minha morte?

- Chorou muito, ela dizia que você não deveria ter feito isso, tipo, se matado! Que não poderia ter abandonado o irmão dela, por que ele te amava ... Eu vi o irmão dela ficar horas abaixado e quando se levantou seus olhos estavam inchados, ele é seu pai não saiam de perto do seu caixão, ele não parava de olhar para seu rosto.

Estou boquiaberta, Faruk chorou minha morte! E mais impressionada ainda Alicia disse que ele me amava! "Não pode ser". Sinto um estranho e leve frio em meu estômago. "Foco Ada!".

- Está tudo bem, estou aqui Tessa e vou precisar dá sua ajuda por mais algum tempo antes de ir atrás do assassino de mamãe. - Tessa se afasta e me olha confusa.

- Para o que exatamente?

- Preciso de dinheiro para conseguir comer. - Tessa me olha, vejo alívio em seu olhar.

- Achei que pediria para eu matar alguém! - começo a gargalhar.

- Não, nunca vou pedir algo tão sério. - reviro os olhos.

- Me ajude a fechar sua cova e vamos sair daqui, não podemos fazer muito barulho! - "ela só diz isso agora?".

- Por que?

- Por que eu dopei o coveiro e ele pode acordar e chamar a polícia, daí já viu né! Vamos para a cadeia. Eu por te ajudar nessa ideia maluca e arrombar um túmulo e você por forjar a própria morte.

- OK! - desço e fecho o caixão, Tessa não trouxe lanternas ou se trouxe não acendeu, creio que seja para não chamar a atenção.

Saio do buraco.

- Trouxe uma pá para você, me ajuda a voltar toda a terra e colocar todas aquelas flores no seu túmulo. - ela aponta para atrás de mim, me viro e dou de cara com várias flores e uma pá.

Pego a pá e começo a ajudar Tessa a fechar o buraco. Após fecharmos colocamos as flores no túmulo novamente e saímos às pressas, sigo Tessa. Ela se certifica que o coveiro ainda dorme e encosta as pás na parede e saímos. Noto que fui enterrada de pijama. "Nossa, papai nem pediu para alguém trocar minha roupa! Dá próxima vez eu escrevo uma carta especificando a roupa que quero ser enterrada!".

Caminhamos bastante e depois Tessa pede um táxi, o taxista me olha e vejo que ele esta rindo. Reviro os olhos.

- Vocês bem que poderiam ter escolhido outra roupa né! - Tessa me olha e dá de ombros.

- Ninguém estava se importando com o que vestia, estávamos ocupados chorando Ada! - "Grossa!" Sei que deve ter sido difícil, por isso não questiono mais.

- Desculpe fazer vocês passarem por isso, não queria causar tanta dor, mas é a única chance que tenho. - ela bufa.

- Não Ada! Não é! Você poderia ter avisado a polícia, poderia ter conversado com seu pai, poderia ter optado por contratar alguém mas você colocou na cabeça que tinha que fazer tudo sozinha e veja só? Estamos indo para um hotel hospedar você! E ainda pior! Eu estou mentindo para todos que te amam. Todos! - vejo lágrimas em seus olhos. "O que ela queria que eu fissesse, ninguém acreditaria!".

- Ninguém ia acreditar em mim! Você não entendi Tessa. - digo secamente.

Ela solta uma gargalhada amarga e olha pela a janela. Sinto-me culpada, mas não vou deixar me afetar. Meus planos são maiores, com propósitos maiores.

Seguimos caladas pelo resto do caminho e ao chegar ao hotel Tessa me entrega cem reais.

- Esse dinheiro dá para você comer pelos próximos 5 dias, duas refeições! O hotel está pago durante essa noite e o dia todo de amanhã, só entrar, boa sorte Ada - seus olhos se enchem de lágrimas.

- Vou ficar bem! Não se preocupe! - ela me abraça.

- Seja lá o que for que faça, volte em segurança! - ela se afasta e se vira para sair.

- Obrigada Tessa. - ela acena de costas mesmo. E pega o mesmo táxi para casa.

Sou eternamente grata pela ajuda que recebi. Eternamente grata.

Sigo para o hotel e pego as chaves que estão no nome de Tessa. Subo pelo elevador e me hospedo. O quarto não é muito grande, tem uma cama de solteiro e um banheiro pequeno.

Tomo um banho rápido e volto a vestir o pijama! Vou ter que ficar com essa roupa suja até amanhã de manhã. Assim que amanhecer terei que buscar minha mochila, vou ter que cuidar para não ser vista. Como vou tomar café no hotel e só vou usar uma pequena parte desse dinheiro vou comprar um moletom vermelho com capuz como meus cabelos, assim será mais fácil disfarçar meu rosto.

Faruk - Amando o Inimigo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora