Capítulo 52

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Os vultos pretos a minha frente eram como fantasmas, me pareciam ecos da própria morte. Quantas vezes mais eu teria que encarar aquilo?
Por quanto tempo os rostos pálidos, as roupas pretas e os lamentos fariam parte da minha vida? Bem, eu sentia como se já não houvesse mais vida dali por diante.
Todos me encaravam enquanto o vento frio com cheiro de dor e morte bagunçava meu cabelo e agitavam a saia do meu vestido, meus olhos ardiam e meu rosto todo parecia doer.  Dentro de mim, havia apenas um vazio.

Tudo o que eu queria é que esse vento gelado do cemitério fosse trocado pela brisa com cheiro de mar da noite mais feliz da minha vida, da noite de um Luau que eu não queria ir, e que acabou sendo o melhor dia de todos.

- É, você realmente estava certo seu idiota. Você me avisou quando eu te conheci, que algum dia, eu iria te querer. E droga, eu te quero agora mais que tudo... -  fiz uma pausa em meio ao choro que mudava minha voz e dificultava o ato de falar, respirei fundo e olhei para seu rosto passivo e tremendamente pálido, os olhos fechados escondendo o tom de azul mais lindo do mundo, aquela era a imagem que eu tanto temi por muito tempo e agora aquilo estava acontecendo diante dos meus olhos  - E me diz, por favor alguém aqui me diz por que é que eu não posso ter você? Justo você...

Senti alguém me dar tapinhas na costa, estava sendo tão difícil falar e ao mesmo tempo conter as lágrimas que caiam aos montes.

- Um ano atrás eu cheguei aqui, uma garota dura, que não se permitia amar, ou melhor, que não conhecia o amor. Essa garota conhece um garoto, o maior idiota de todos. E aquele idiota é o que vai conquistar seu coração, aquele idiota é quem ensina a ela que amar é a coisa mais linda deste mundo, aquele idiota... Ele mostra a ela o que é o amor! Aquele garoto que ela julgara ser só um idiota, foi o que... O que morreu por ela. Você me fez acreditar no amor e agora você não está mais aqui para dividi-lo comigo, e agora... Agora eu não consigo acreditar que você se foi... O que será o meu "agora" nesses dias em que eu não terei mais você? Droga Felipe, eu amo você... Por favor, por favor... Você não pode me abandonar! Você não pode me deixar... Por favor!

Senti braços me envolverem enquanto eu gritava, aquela era a pior sensação do mundo. Dois homens pegaram na tampa do caixão enquanto eu implorava para que eles parassem.

- NÃO! NÃO POR FAVOR, PAREM COM ISSO! ELE VAI ACORDAR!

- Rebeca... Ele nunca mais vai acordar. - Léo me disse, seus olhos estavam vermelhos. - O Felipe morreu Rebeca.

- ELE SÓ ESTÁ DORMINDO! DROGA, VOCÊS NÃO VÊEM?! ELE NÃO VAI ME DEIXAR!

- Beca, o Fê não ia querer que você ficasse assim.

- Não fale dele no passado,  ele está vivo, só esta descansando um pouco.  Ele não vai me deixar...

Ele não vai me deixar, ele não vai me deixar, ele não vai me...

- DEIXAR! - senti duas mãos quentes no meu rosto enquanto eu me sentava na cama.

- Princesa, cê ta bem? - Felipe perguntou.

Sorri e o abracei sentindo lágrimas escorrerem dos meus olhos.

- Não poderia estar melhor. - respondi e colei nossos lábios em um beijo um tanto desesperado, me afastei e olhei fundo em seus olhos azuis apagados. - Eu amo você.

- Eu também amo você amor. - ele me deitou novamente e passou o braço pelo meu ombro, me alinhando em seu peito, pegou minhas mãos e ficou brincando com meus dedos enquanto girava a aliança de compromisso que me dera. - O que foi?

- Eu tive outro daqueles pesadelos... - contei a ele - Felipe se a polícia não tivesse chegado a tempo...

- Mas chegou amor. - ele beijou minha testa - E agora estamos todos bem. Aqueles idiotas estão presos, tudo está resolvido. Promete que vai parar de pensar nisso? Por mim?

Foda- Se O AmorWhere stories live. Discover now