Capítulo 33

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- Entaaao? - pergunto quando todos ficam em silêncio - conta aí.

- Como vocês se lembram, eu fui presa por cúmplice de assassinato...

- É claro que a gente lembra né, não é todo dia que a nossa avó é presa.

- Cala a boca aí tia - o Murilo responde dando um tapa na minha cabeça.

- Eu queria poder explicar pra vocês. E por muito tempo fugi disso, e ainda por cima confesso que se não tivesse sido presa vocês nunca saberiam disso. Por que? Bem, isso vai mudar a vida de todos aqui... Principalmente a de vocês dois - ela continua olhando pra mim e pro Murilo. - Fui culpada por encobrir o assassinato de um policial que ocorreu há dezoito anos, e não por participar. Mas vocês tem que entender que eu só tentava proteger quem eu amava...

- E quem era? - perguntei já meio nervosa, achando tudo aquilo muito estranho.

- Sua mãe - senti como se fosse um choque elétrico percorrendo todo o meu corpo, olhei em choque pro Murilo que estava meio que sem reação.

- Que? A minha mãe!?! A minha mãe que morreu há dois anos num acidente de carro, matou um policial??!

- Não exatamente - minha vó me respondeu com a voz tremendo e as mãos também - foi o seu pai, o pai de vocês.

- Porque é que o meu pai iria matar alguem? E um policial ainda por cima. - eu e o Murilo dissemos ao mesmo tempo.

- Ei vocês, fiquem calmos.. Deixem a vó explicar. - o Carlos diz.

- Fácil porque não é da tua família que tão falando né? - o Murilo retruca nervoso.

- Vocês são nossa família, e também queremos entender - o Léo diz ao meu lado e colocando a mão no meu ombro.

- Vou contar a história, espero que entendam porque eu quis evitar tudo isso. Sua mãe, Lydia tinha apenas dezenove anos quando aconteceu. O Murilo tinha dois anos, foi um pouco antes dela engravidar de você, Rebeca. A nossa condição era precária, eu e o seu avô mal tínhamos dinheiro para nós mesmos porque recebiamos a aposentadoria do José. Desde quando Lydia começou a namorar com o Paulo, ele era traficante de drogas. E quando sua mãe engravidou do Murilo e eles se casaram, tiveram que se mudar pra uma casinha na favela.. Um pouco longe de nós. E para se manterem e conseguirem criar o Murilo seu pai continuou a traficar, Lydia não gostava nem um pouco daquilo... Mas amava Paulo, ele a amava, e os dois amavam incondicionalmente o Murilo. Estava tudo bem dentro daqueles padrões, mas ele foi denunciado por uma quadrilha rival e a polícia invadiu a favela. Ouve um tiroteio entre os traficantes e a polícia, Paulo fez Lydia e Murilo se esconderem dentro da casa e saiu para protege-los... Um policial foi atingido pela bala da arma do seu pai, Paulo saiu correndo enquanto o tiroteio continuava. Lembro até hoje o desespero estampado na cara dele e da sua mãe quando chegaram em casa... Se esconderam , e depois de alguns dias souberam que o policial atingido havia morrido, deixando para trás a esposa gravida. Paulo entrou em desespero, fizeram muitas dívidas desesperados para saírem da favela e daquela máfia do tráfico.

Respirei fundo e continuei encarando as minhas mãos, não conseguia me mover, as palavras ficavam circulando na minha cabeça sem fazer sentido algum.
O meu pai, traficante? O meu pai, assassino?

- Eles não morreram num acidente, não é? - perguntei já sabendo a resposta.

- Não. -minha vó responde pesarosa.

Abaixo a cabeça e apoio ela com as duas mãos, então toda a minha vida foi una mentira? Até a morte dos meus pais, foi uma mentira? Ficamos todos em silêncio, escutando apenas o barulho dos pássaros piano na varanda da lavanderia.
Eu queria gritar, gritar tanto até que não tivesse mais voz. Queria quebrar alguma coisa, estava louca de raiva... Mas triste também.

- Foram mortos por outro grupo de traficantes, como eu disse, seu pai tinha dívidas e fugiu. Esses eram da pesada... Fizeram uma emboscada... - a voz dela tremeu, e mesmo sem estar olhando eu sabia que lágrimas escorriam dos seus olhos agora.

- Quem eram? - perguntei me levantando e assustando a todos - quem eram os desgraçados?

- Eu não sei minha filha, eu nao sei...

- Quem eram?! - gritei e o Murilo se levantou pra me segurar.

- Beca, tenha calma por favor.

- E esse policial? Vocês tiveram noção, de que o meu pai, fez uma criança crescer sem um? Que ele fez uma esposa perder o marido? Quem é o cara... E a mulher dele? Vocês foram atrás... E o bebê??!

- Só soubemos quando nasceu, um menino. Mas nunca fomos atrás por medo de descobrirem o seu pai querida, e por fim acabaram descobrindo...

- Eu vou atrás desses merdas desses bandidos, e vou querer conhecer essa mulher e o filho dela! - falo com a voz firme.

- Rebeca, você nao vai mexer com nada disso... - o Murilo tenta me segurar.

- Não vou? Eu vou sim, e quero ver alguem daqui tentar me segurar. Você Murilo, porque não se meche e me ajuda? Tão falando dos teus pais também porra, ou será que você é adotado e ninguém sabe também? - falo com a voz carregada de sarcasmo e ele revira os olhos.

- Eu sei, mas eles mataram os nossos pais, tu acha mesmo que isso não me dói? Dói sim, mas eles são da pesada... E se fizerem alguma coisa com você hein?

- Eu não tenho medo.

- Eu tenho, eu já perdi os meus pais e não quero perder você também. Ta me escutando?

- Olha foi mal aí turma, mas minha cabeça ta explodindo... - digo com a respiração um pouco acelerada - eu preciso sair daqui...

O Murilo segura na minha mão, mas eu solto e abro a porta saindo correndo logo em seguida. Entrei no elevador e respirei fundo varias vezes tentando espantar a tempestade que se formava na minha mente.

Oioioi gente, espero que tenha ficado um pouquinho claro pra vcs kkkk, se vcs nao entenderem alguma coisa só perguntar OK? Espero que gostem, bjossssss ❤

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