Capítulo 49

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Existem muitas maneiras de se conhecer sua... An, sogra. Aquela definitivamente não era uma maneira já existente! Senti meu rosto queimar e foi como se o meu mundo caísse, a lei da gravidade não existia mais e estava tudo de cabeça para baixo e flutuando por aí.
Eu quase não conseguia ouvi-los, não conseguia absorver a cara de surpresa da mãe do Felipe, e a expressão dele mudando ao ligar os pontos, como naquelas tarefas que as professoras sempre passavam.

Eu, infelizmente, também havia os ligado.

A mulher do policial estava grávida... Ela estava grávida dezoito anos atrás quando o marido foi morto pelo meu pai. A mulher grávida era a que estava bem na minha frente, chamando o Felipe de filho. O Felipe tem dezoito anos.

Não é preciso ser inteligente para perceber aonde aquilo ia chegar.

- E quem é essaa moça linda? - Mara colocou a mão no meu ombro, me tirando dos devaneios, meus olhos foram atraídos para uma linda aliança em sua mão.

- E.. eu... - eu tentava falar alguma coisa mas nada saia direito então resolvi ficar quieta.

- Essa é a Rebeca mãe, ela é... Minha namorada.

Olhei para ele, mesmo com tudo aquilo, senti meu estômago embrulhar e arrepios percorrerem o meu corpo. Namorada? Ah meu Deus, ele disse para a mãe dele que eu sou a namorada!

E então ele sorriu para mim, e por aqueles pequenos e rápidos segundos foi como se meu pai pai tivesse praticamente destruído a família dele.

- Olhe só! Na última vez que eu te vi você era... Como a garotada fala hoje em dia mesmo? - ela sorriu - O rei delas.

Não pude evitar e dei risada, o Felipe corou e olhou com uma cara acusatória para a mãe que deu uma gargalhada e nos convidou para entrar. Minha garganta queimou e eu fiquei imaginando o quanto fora difícil a vida daquela mulher.

- Venham, eu estava preparando o almoço. Rebeca você gosta de strogonoff?

- Claro, eu amo strogonoff.

Mesmo pra mim, digamos assim "sem vergonha na cara"; era muito constrangedor falar com a sogra. Eu não sabia o que dizer. Felipe puxou uma cadeira pra mim e sentou-se ao meu lado, ele estendeu a mão e buscou a minha que estava tremendo apoiada na minha coxa.

- Onde estão os meninos? - ele perguntou.

- Ah, estão na escola. Eles adorariam te ver,  na ultima vez você só tinha doze anos.

- É, já faz muito tempo - ele suspirou e olhou em volta - Você reformou a casa?

- Sim, o Rodrigo fez um financiamento para podermos reformar.

O Felipe riu ao ver a minha cara de quem não entendia nada.

- Minha mãe estava em más condições e me mandou pra morar com o Léo, melhor amigo de infância - ele sorriu - e eu não vim para cá desde então. E Rodrigo é o meu padrasto.

Sorri e assenti um pouco mais aliviada por saber que ela havia recomeçado.

- Você nunca me disse que tinha irmãos.

- Eles são filhos da minha mãe e do Rodrigo, o Diego tem dez anos e o Luis tem doze.

Ele e a mãe conversaram um pouco enquanto eu me perdia nos meus pensamentos.

- Fê... - sussurrei e ele me olhou com uma sobrancelha arqueada - Você sabe o que isso significa...

- Eu sei. - ele disse me olhando profundamente - E não ligo pra isso, tudo que importa pra mim agora é você. Nós vamos superar. - ele sussurrou de volta.

- O que vocês vieram fazer aqui no Rio? - a mãe dele perguntou enquano enchia xícaras de café pra nós - Vamos beber um pouco de cafezinho enquanto cozinha o feijão.

Olhei para o Felipe em busca da resposta, o que eu deveria dizer a ela? Na minha cabeça aquilo seria totalmente diferente, ia ser difícil lidar com a viúva do policial. Mas agora a viúva era mãe do meu... Namorado? Era a mãe do Fê que estava sentada ali.
- Viemos saber sobre o pai. - ele disse, segurei o fôlego e olhei espantada para ele. Eu não esperava que fosse tão direto.

- Sobre o seu... Seu pai? - ela perguntou surpresa.

- É que... - comecei hesitante - Recentemente descobri uma história sobre os meus pais... Meu pai era traficante antes de eu nascer...

- Ah... - ela parecia já estar entendendo onde eu queria chegar. - Foi o seu pai, não foi?

- Foi... - falei gaguejando.

Ficamos todos em silêncio, eu sentia meu coração martelar o meu peito e meu rosto formigava inteiro.

- O que querem saber? - ela perguntou lançando um sorriso fraco para nós.

- Eu queria pedir perdão, em primeiro lugar.

- Voce não precisa pedir perdão amor, não foi você. - o Felipe disse apertando minha mão e sorrindo para mim.

- Felipe tem razão, Rebeca. - a mãe dele disse - Não passou pela minha cabeça que você se sentia culpada. Não se preocupe com isso querida, eu já perdoei até mesmo o seu pai.

- Como? Ele destruiu a sua vida.

- Foi há muito tempo, as pessoas crescem e mudam. Elas amadurecem, aprendem diversas coisas, entre elas, as pessoas aprendem a perdoar.

Sorri fracamente para ela.

- Mãe, precisamos saber se você sabe qual era a outra gangue que meu pai e a polícia estavam atrás.

- Ah... Eu acho que me lembro de uma.  - ela disse franzindo a testa - Mas porque querem saber disso?

- Foram eles que mataram os meus pais.  - respondi engolindo em seco.

- Ah, querida... Eu sinto tanto!

- Tudo bem, já faz alguns anos.

É claro que não estava tudo bem, tocar naquele assunto estava sendo doloroso demais para mim e tudo o que eu queria era sair dali.

- Acho que... Talvez eu me lembre.  - ficamos em silêncio enquanto ela se perdia em seus pensamentos - Acho que é "Os Punk".

Os Punk? Aquilo parecia estranho, mas ainda sim, familiar.  Fiquei repetindo na minha mente as duas palavras até que... AH MEU DEUS! A lembrança do muro pixado da casa da Bia veio a minha memória como um maravilhoso flash back. As pesquisas que eu havia feito algumas semanas atrás...

Los Punkers

- Eu sei... - disse me levantando da cadeira um pouco nervosa e acabei cambaleando pra trás - Eu sei... Sei quem são...

- Princesa,  ce ta bem? - o Fê levantou-se rapidamente e passou o braço na minha cintura para me segurar. 

- Los Punkers.  Foram eles que mataram os meus pais.  - sussurrei e senti uma onda de calor e adrenalina varrer todos os outros sentimentos do meu corpo.  Naquele momento nada mais importava, a única coisa que eu estava interessada era naqueles canalhas e no sofrimento que eu ia causar a eles.

Me soltei do Felipe e o afastei para o lado para que eu pudesse passar e voltar para fora da casa,  uma pequena parte da minha mente apitava sinais vermelhos dizendo que eu não devia sair dali, eu não devia fazer o que eu ia fazer naquele momento.
Sai pela porta em que havíamos entrado e corri até a moto, ouvindo vozes abafadas gritando o meu nome.  Girei a chave na ignição e dei partida saindo em alta velocidade,  o vento castigava meu rosto e alguns fios de cabelo atrapalhavam minha visão.  Mas naquele instante, nada mais importava.

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Olá galera!  É,  eu sei que todo mundo já parou de ler o meu livro, e eu sei que a culpa é minha porque eu não publico a sei lá quantos meses.  Bom mas agora eu vim decidida a terminar essa história, então se algum serumaninho aí ainda lê,  por favor vote e comente pra eu saber. Mil perdões galera, fiquei morrendo de saudade ♡

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