Capítulo 50

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Não foi difícil achar algum traficante disposto a me oferecer informações no Rio de Janeiro,  para eles eu era só mais uma garota atrás de drogas. Na verdade eu estava atrás de quem as oferecia.

Assim que montei na moto fiquei parada pensando no que fazer a seguir... Eu ia chegar sozinha lá no meio da gangue? Claro que eu ia.

Mas tinha que ter uma estratégia.  O que de fato eu ia fazer com eles? Mata-los? Não acho que teria coragem. Mas iria machucar aqueles caras seriamente.

Do que eu preciso mesmo? É claro! Uma arma. Sorri e girei a chave na ignição, só precisava pegar o dinheiro na minha mochila e depois rodar por aí. Uma arma não deve ser algo difícil de conseguir.

O vento gelado fez os pelos dos meus braços se arrepiarem, faltavam algumas horas para o sol se pôr  e eu com certeza demoraria pelo menos umas duas horas até achar alguém disposto a vender uma arma. Droga, droga, droga.
Deve ser por isso que dizem que vingança é um prato que se come frio, porque demora tanto que até esfria. Qual a graça de comer comida gelada?

Ah Rebeca, se concentre, me repreendi mentalmente e voltei a prestar atenção nas ruas a minha frente. Em meia hora eu estava novamente na pousada onde haviam alguns carros estacionados, talvez houvessem mais alguns loucos como eu que resolveram se hospedar ali. Entrei correndo pela recepção assustando a menina de óculos que dormia novamente,  subi o mais rápido possível para o quarto e abri a porta com força.  Porque é que eu estava fazendo tanto barulho?

- Quem é vivo sempre aparece né?  -uma voz grossa soou me deixando um pouco nervosa porque eu sabia que aquela voz não era do Felipe.  Subi meu olhar rapidamente e encontrei o quarto cheio de pessoas.

Léo, Murilo, Ana, Kath e Felipe estavam parados me encarando. Senti meu coração palpitar de saudade daqueles pestes e suspirei.  A saudade era grande,  mas eles só estavam ali para me atrapalhar.

- O que vocês estão fazendo aqui? - perguntei grosseiramente,  não podia deixar brechas pra eles tentarem me convencer a não ir. - Como encontraram a gente?

- O gênio do Felipe gravou snap no Cristo. - o Léo respondeu, fuzilei o Felipe que deu de ombros.

- Onde você tava com a cabeça Rebeca? - o Murilo gritou me fazendo estremecer.

- No pescoço.  - respondi com sarcasmo.

- Você podia ser um pouco mais criança? Porque acho que não é possível.  Fugir de casa? Quantos anos anos você tem?

- Quem você acha que é?  Meu pai? Me deixar presa no quarto?  Deixa de ser ridículo e me dá licença pra eu pegar minha mochila.  - tentei passar entre eles mas o Murilo me empurrou pelos ombros fazendo eu me afastar alguns passos.

- Não, sua idiota. Eu te deixei lá porque eu sabia que você faria exatamente o que está fazendo agora, porque você é impulsiva e egoísta!

- Egoísta?  Eu quero vingar os nossos pais!

- Nossos pais estão mortos Rebeca! Porque você não para um pouco e pensa em quem está vivo, em quem realmente precisa de você?  O que você acha que aconteceria conosco se você morresse?  Acha que ficaria tudo bem? - ele parou para recuperar o fôlego e passou a mão pela testa suada - Você acha que a vovó aguentaria mais uma morte? Quem explicaria pra Mel que a irmã dela nunca mais ia voltar?  Com quem eu iria implicar?  Eu te amo Rebeca,  e eu só fiz o que fiz justamente porque eu te amo.

- Você é um idiota Murilo. - sussurrei enquanto me afundava no seu abraço e logo senti outros braços nos envolverem - Gente isso tá muito cliche.

- Você é cliche sua retardada - Kath me puxou do Murilo e me abraçou tão forte que achei que ia me quebrar no meio.

- Voce me deixou sozinha com o Leonardo,  quase que eu não consigo lidar com ele. - Ana gritou me abraçando também.

- E eu fiquei sem você pra editar as minhas fotos Beca. - Léo disse me puxando das duas.

- E eu fiquei... Ah eu tive que te aturar por todo esse tempo sozinho - Felipe brincou e todos demos risada.

- Gente... Tudo bem que agora esse momento tá todo bonitinho mas...

- Mas o que Rebeca? - Murilo perguntou cruzando os braços.

- Eu não vou desistir,  mas eu mudei os meus planos.  Vocês vão me ajudar, eu só quero conversar com eles.

- Conversar com eles? - Murilo indagou arqueando uma sobrancelha.  - Jura?

- Eu juro. - falei - Eu consigo as minhas respostas e aí nós podemos chamar a polícia.

- É... É uma idéia bem mais racional do que você ir lá sozinha.  Mas ainda assim...

- Ô Murilo,  ou vocês vão comigo ou eu vou sozinha, não tem outra opção.

Todos me encararam pensativos.

- Tô dentro - o Felipe foi o primeiro a dizer.

- Eu também.  - dessa vez foi o Léo.

- Com certeza vou com você - Ana e Kath disseram ao mesmo tempo.

Todos nós encaramos o Murilo, que depois de alguns segundos suspirou e olhou para mim revirando os olhos.

- Taaaaa... Você venceu, nós vamos.

Sorri e o abracei fortemente,  olhei para todos eles ali no quarto.  Era evidente que todos nós estávamos morrendo de medo de ir conversar com os traficantes, e o que estava me deixando emocionada naquele momento era que mesmo com aquele sentimento horrível de sentir-se com medo, mesmo com a grande chance de nós acabarmos morrendo no meio disso, eles iam comigo a qualquer custo. Uau, eu me sentia realmente emocionada.

Acho que no tempo que morei com os meus primos e com o Felipe eu mudei muito minha personalidade, coisa que eu achava que nunca aconteceria. 

Na minha cabeça eu seria aquela velinha que se vestiria como louca e sairia por aí escutando funk e pegando os "velhinhos"

De coração de pedra eu passara para a menina coração de manteiga.  Eu havia me encontrado,  e isso era graças àqueles rostos que me encaravam naquele quartinho apertado, prontos para partir.

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Hello galera como estão?  aproveitem muito os capítulos porque agora provavelmente só vou publicar mais três ou quatro.  Isso ai, foda-se o amor está chegando ao fim.... (CHORANDO) Bom até o próximo capítulo! !!

Foda- Se O AmorWhere stories live. Discover now