– YoonGi! – exclamei. Ele parou de cozinhar, apagou o fogo e se virou para mim, parecendo assustado:

     – Olhe, eu sei que eu como vocal não sou lá o melhor, e o ovo aqui está intacto, mas... – ele começava a dizer, mas eu me levantei, e ele automaticamente parou de falar. – O que foi?

     – Quem canta essa música, são... Vocês, certo? – perguntei. Ele assentiu vagarosamente. – Qual o nome dessa música?

     – For You... Por quê? – ele quis saber, franzindo as sobrancelhas, formando uma fofa expressão confusa. Senti meus olhos se encherem de lágrimas e sorri. Meu sorriso era tão largo, que começou a virar risada, e quando as lágrimas caíram, os braços de YoonGi me envolveram. – Meu amor, por que está chorando? – ele beijou minha testa.

     – Essa música praticamente me salvou – respondi, e me afastei dele, olhando-o nos olhos. – Muito antes de ter essa intimidade com você, lá no hotel, eu havia saído para o café-da-manhã, e estava tocando essa música.

     – E ela... Te salvou?

     Sorri mais uma vez.

     – Eu acabei sendo atormentada pelas lembranças do passado, sabe? Essas coisas não acontecem com frequência. Mas a sua voz nessa música, sua voz cantando esses versos me salvou de mergulhar naquelas memórias ruins – respondi. YoonGi permaneceu me encarando por mais alguns segundos, e então sorriu. Eu o abracei.

     – Eu te amo, Emma – ele disse. E eu também o amava.

*

     Agora eu estava de frente para o presídio de segurança máxima. YoonGi também estava comigo, agora ele usava calça jeans e blusa branca.

     A prisão tinha o tamanho de cinco campos de futebol americano, e parecia mais um castelo do que um presídio de verdade. Tinha duas torres gigantes nas duas primeiras pontas dianteiras e traseiras, e em cima de cada ponta, dois guardas fortemente armados observavam tudo o que acontecia ali embaixo. No portão de ferro dianteiro, que parecia ser muito pesado, quatro policiais também fortemente armados, estavam ali para fiscalizar o que entrava e saía. Me aproximei, destemida, de um guarda, com YoonGi atrás de mim. Ao lado dele, havia uma porta de tamanho normal, e de ferro. O guarda tinha pele e olhos negros, era careca e tinha um porte físico bastante bombado.

     – Ligaram para mim daqui, dizendo que eu precisava ver algo. Meu nome é Emma  – falei. Pensei que o guarda havia fingido não me escutar, mas depois de dois segundos sem dizer nada, sua voz grossa invadiu meus ouvidos:

     – Me acompanhe – ele abriu a porta de ferro, e então entramos num corredor escuro, iluminado apenas em intervalos iguais com lâmpadas fluorescentes.

     O corredor se abriu numa sala enorme. Bem iluminada e movimentada, várias mesas tomavam conta do local, e vários policiais passavam daqui para lá, procurando coisas, e pessoas assinavam papeladas ou pesquisavam algo nos vários computadores. Mais atrás deles, pude ver várias salas, para onde alguns suspeitos eram levados e interrogados. Na maioria das vezes, nem sempre do jeito bom.

     – Com licença, detetive, esta garota disse que ligaram para ela, chamando-a para vir aqui – a voz do guarda me despertou dos pensamentos. Quando olhei para frente, ele estava falando com um homem, de aparentemente trinta anos, e este tinha o cabelo preto longo, de forma que o prendia num rabo de cavalo, uma barba espessa tomava conta de seu rosto, mas seus olhos azuis claros eram o destaque, iluminando o rosto que já tinha algumas rugas.

     O detetive olhou para mim e então semicerrou os olhos, como se tentasse relembrar algo.

     – A senhorita é...?

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