Não sei a quanto tempo estávamos andando, mas todos esses homens que nos ladeavam pareciam bem tranquilos ao nos guiar floresta a dentro, todos pareciam bem imponentes e fortes ao caminhar, sempre retos e com o olhar confiante como se fossem os deuses do mundo, e talvez o fossem, porque eu desconfio que nem mesmo humanos eles são, não depois do jeito gracioso que eles nos encurralaram e nos desarmaram.

Todos são incrivelmente bonitos de uma forma assustadora, porque ao mesmo tempo que eu os admiro por suas belezas únicas eu lembro da forma sorrateira com que eles chegaram até nós. Letais, até o último fio de cabelo liso de suas cabeças. A sua maioria, eles são loiros ou platinados, mas havia aqueles que tinha a cor mais escura como o preto e o castanho, mas mesmo assim não deixavam de serem lindos. E talvez essa fosse mais uma de suas armas, eles enganam para depois acabarem com as pessoas quando elas se encantam com sua aparência. Inteligente muito inteligente.

_Pra onde vocês estão nos levando? - perguntei, tentando achar respostas, mas os dois homens ao meu lado continuaram impassíveis e olhando fixamente para o caminho a frente.

Junto com os meus acompanhantes, nós éramos os terceiros na "fila", sendo que na nossa frente estava Anthony junto com mais dois desses homens armados, e na frente, um deles meio que guiava todo o resto do grupo. Skye ia atrás de mim, e embora eu saiba que os outros estão atrás, eu não sei dizer a ordem, pois toda vez que eu me virava pra trás o cara chato do meu lado me cutucava com a lança dele e eu juro que ainda vou quebra-la na cabeça dele!

Nós continuamos andando e eles nos ignorando, até que o Guia - decidi chamá-lo assim já que não sei seu nome - parou e levantou a mão direita como um sinal, para logo depois fechá-la. Nossa comitiva parou e de repente um do homens que me ladeava foi para trás de mim e colocou uma venda nos meus olhos, amarrando-a fortemente antes de começar a me puxar novamente pelo caminho.

Se antes já era difícil caminhar na neve, agora então nem se fala, felizmente, não durou muito, até que eu sentisse os meus pés em algo diferente do que estávamos antes, e pelo barulho dos nossos sapatos no chão me fez pensar que estávamos em uma ponte ou algo parecido, principalmente pelo som que parecia ecoar a cada passo dado como se estivéssemos passando por um enorme buraco, ou talvez um penhasco, não sei, mas seja lá por onde estamos passando, obviamente eles não querem que a gente aprenda o caminho.

Alguns minutos se passaram depois que atravessamos o que eu acho ser a ponte, e dessa vez o lugar por qual andávamos não parecia ter tanta neve, o que de certa forma facilitou para mim que não estava vendo nada.

Nosso passo diminuiu aos poucos e eu escutei os homens conversando entre si, embora eu não conseguisse distinguir o que eles estavam falando, até que escutei um rangido, como se algo estivesse sendo tirado do lugar e depois escutei Anthony reclamando, para logo depois sua voz ir sumindo aos poucos como se estivesse se afastado rapidamente.

Mas o que diabos está acontecendo aqui?

Alguns segundos se passaram até que eles voltassem a me empurrar para me fazer andar novamente, e depois eu me vi sendo forçada a sentar em um pedaço de madeira aparentemente, e quando eu ia abrir a boca para reclamar que eles estavam sendo brutos demais, alguém me empurrou.

Incontáveis xingamentos passaram pela minha mente no momento que eu me senti ser empurrada para o que eu acho ser um buraco, para logo depois eu me sentir escorregando em uma espécie de rampa. O ar passava rapidamente pelo meu corpo e logo a possibilidade de que eu iria me estatelar no chão quando chegasse ao fim pelo fato de estar indo muito rápido passou pela minha cabeça, fazendo um pequeno pânico crescer dentro de mim.

Desesperada em desacelerar, eu firmei meus pés na lateral daquele escorregador e aos poucos senti meu corpo diminuindo de velocidade, aproveitando, retirei uma adaga que estava escondida no meio das minhas roupas e meio sem jeito e com um pouco de dificuldade eu soltei as amarras - é nessas horas que eu fico feliz por eles terem sido cavalheiros demais e não terem me revistado direito. Com as minhas mãos livres eu rapidamente retirei a venda que cobria os meus olhos e confirmei a minha suspeita: eu estava em um enorme escorregador todo tampado, não dando pra ver pra onde eu estava indo, e me deixando sem saber ou pelo menos tentar supor pra onde que ele dava. As coisas não parecem muito promissoras por aqui.

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