Capítulo 110

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Faltando pouco mais que dez minutos para o fim da aula tive que me retirar da sala. Talvez eu não devesse ter comido tanto antes de dormir.

Deixei minhas coisas na sala e saí correndo para o banheiro. Sabia que era apenas questão de tempo até voltar toda a comida que parecia não ter sido digerida ainda. Ovos mexidos com bacon, sanduiche de pasta de amendoim, peito de perú e alface, e um copo de milk shake de chocolate.

A cara de meu pai quando me viu comendo tudo aquilo não foi das melhores.

Passei pelos seguranças que estavam perto da porta e fui rumo ao banheiro. Como esperava foi apenas o tempo de chegar lá. Vomitei não apenas uma, mas três vezes seguidas me xingando mentalmente por ter comido tanta porcaria de uma só vez. Agora meu estômago queimava como se tivesse tendo um ataque gástrico.

Depois de ter a certeza que não voltaria a vomitar, dei descarga e fui lavar a boca.

Ô sinal já havia tocado e o banheiro estava começando a encher, então saí de lá. Antes que pudesse chegar no corredor que dava acesso à minha sala encontrei Christopher, Maitê e Arthur – e atrás deles os seguranças –

- Está melhor? – Maitê me olhava.

- Sim. – Me limitei. Vi que Christopher carregava minha mochila. – Não precisava se incomodar, eu ia buscar minhas coisas.

- Com a cara que você saiu duvidei até que voltaria. – Arthur comentou. – Está mais pálida que uma folha de papel Dulce.

- Eu comi demais ontem, não estou me sentindo muito bem. – Christopher me estendeu os braços e sem resistir me deixei ser abraçada por ele. Ele estava com um cheirinho tão bom. – Eu quero ir pra casa.

- Não vai ver a Lunna hoje?

- Não. O Arthur vai lá agora.

- Vou sim.

- Diz a ela que depois eu vou lá, não estou me sentindo nada bem.

- Pode deixar. Eu vou indo, ainda tenho que passar em casa, a gente se vê. – Assenti.

Quando chegamos em casa fui me deitar no sofá. O cheiro de comida vindo da cozinha estava insuportável mas fiquei com preguiça de ir para o quarto.

Eu já estava começando a cochilar quando Christopher veio tirar meu sapato. Senti algo quente e macio ser jogado em cima de mim e depois um beijo ser depositado em minha bochecha, bem próximo à minha boca.

- Chris...

- Oi?

- Deita comigo?

- O que está sentindo? Você quer um chá, um remédio ou algo do tipo?

- Estou com asia, sei lá. Tá queimando meu estômago.

- Vou ver se tem algum chá para você. Já já o almoço fica pronto.

- Eu não quero comer. – Minha voz saiu falha. – Só quero que isso passe logo.

O dia foi longo, e a noite também. Um mal-estar que parecia não ter fim nunca. Acordei no meio da noite e após mais uma onda de enjoo tomei um banho.

Christophe dormia feito uma pedra na minha cama, isso porque ele disse que cuidaria de mim.

Desde o que houve com Lunna, ele tem estado preocupado. Sei que tem dormido pouco, as olheiras em seu rosto não escondem isso.

Enquanto passava um pouco de creme hidratante me senti um pouco tonta. Por um momento pensei que o fato de não ter comido quase nada o dia todo – isso porque Christopher me obrigou a tomar uma sopa e um copo de suco – eu estava fraca, mas então uma voz dentro de mim gritou. Eu estava enganada. Isso não era a comida. Eu já estava assim antes de comer aquelas besteiras.

- Dulce? – Christopher chamou atrás da porta. Sua voz estava sonolenta.

- Oi?

- Está tudo bem?

- Está. – Me limitei me encarando no espelho em busca de algo, qualquer sinal que comprovasse minha suspeita. Passei a mão sobre meu ventre. Estava diferente. Eu não fazia exercícios havia muito tempo e estava bem firme. – Eu já vou. 

Meu Guarda-Costas | VONDY (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora