Capítulo 103

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Voltamos para a sala de espera onde ficamos mais um bom tempo esperando. A essa altura Christian já estava com a gente. Do outro lado da sala de espera estava Blanca e o marido. Percebi que eles não se falavam, na verdade o falso pai de Lunna parecia estar mais irado do que preocupado, mas também não é para menos, o cara foi enganado por dezessete anos acreditando firmemente que Lunna era fruto dele com Blanca.

Me pergunto como Lunna reagirá quando souber disso e o que meu pai está pensando sobre isso. Ele deve estar confuso.

- Você tem certeza disso? Ele não sonhou com isso? – Christian perguntou ainda sem acreditar no que Christopher acabara de dizer. – Ele pode ter ouvido errado, não sei, afinal, por que alguém realmente iria querer matar a Dulce?

- Eu estou me fazendo essa mesma pergunta. Não é a primeira vez Christian, lembra de quando ela foi envenenada? Foi por pouco.

- Poderia ter sido um acidente, não sei.

- Não, não foi, e agora mais do que nunca temos certeza disso. – Eu continuava calada, para falar a verdade ainda estava em choque. Era difícil de mais aceitar que minha irmã estava à beira da morte e ninguém dava uma notícia sequer, e o pior, tudo isso por culpa minha.

Houve-se um silêncio prolongado até que meu pai finalmente apareceu. Vi que tinha um curativo no braço onde provavelmente haviam tirado bastante sangue dele.

- Oi meu amor. – Ele parou na minha frente. – Está tudo bem? – Assenti.

- Alguma notícia? – Ele deu uma olhada em volta provavelmente a fim de encontrar Blanca. – Podemos ir lá no café? Preciso conversar com você. Vocês dois podem vir também, só quero conversar com ela longe de certas pessoas.

- Não vai dizer nada a ela?

- Ela me escondeu a paternidade da Lunna por dezessete anos, não estou nem aí para ela. – Meu pai me estendeu a mão e com a ajuda dele me levantei.

Chegamos na lanchonete do hospital e pedimos café para cada um de nós e ainda fui obrigada a comer um sanduiche, já que ainda não tinha comido nada, o que achei súper injusto porque não era a punica ali.

- E aí? – Perguntei aflita.

- O estado dela é delicado, muito delicado.

- E quando vou poder vê-la?

- Ainda não sei, não me deixaram ver também. Ela levou um tiro na cabeça e a bala está em um local bem delicado. Foi mesmo um milagre ela ter sobrevivido até agora.

- E o que estão esperando para tirar de lá?

- Como disse é delicado Dulce. Uma cirurgia pode ser fatal, e se por um acaso ela sobreviver haverá sequelas.

- Como assim? Quais tipos de sequelas?

- Perda total de memória ou parcial e provavelmente ela não poderá mais falar.

- E quais opções nós temos? – Segurei firme a mão de Christopher sobre a mesa.

- Se ela não fizer a cirurgia, ela morre, se fizer, há oitenta por cento de chance de chegar a óbito também.

- E o que você decidiu.

- Primeiro quero saber de você. Você é a irmã dela, a pessoa mais apegada a ela e que mais a conhece.

- Eu não estou em condições de decidir isso pai. – Estremeci só de pensar em ter que dar a sentença de morte à minha própria irmã.

- Mesmo que façam a cirurgia e que ela sobreviva, não há previsão de quando ela irá acordar.

- Ela vai conseguir andar normalmente se acordar?

- Talvez. Não há certeza de nada filha. Estou com você no que você decidir.

- E o senhor? O que pensa sobre isso?

- Penso que não gostaria de perder a filha que acabei de ganhar, mas também não quero permitir que ela passe o resto da vida sofrendo sequelas.

- É complicado, eu não sei. Eu cuidaria dela o resto da minha vida sem esforço algum se for preciso, mas a questão é: O que ela gostaria?

- Você a conhece mais do que todos nós filha, o que você acha que ela gostaria? De desistir ou de seguir lutando pela vida. – E então me lembrei de como minha irmã gostava de viver. Sempre sorridente, espontânea, engraçada, cheia de sonhos.

- Lunna é mais forte e mais corajosa do que podemos imaginar. Se ela ainda está lutando para sobreviver quando já devia ter partido há horas, quem somos nós para evitarmos isso?

Meu Guarda-Costas | VONDY (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora