CAPÍTULO NOVE

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Quase quatro anos de convivência e Dulce ainda não tinha descoberto a maneira de se controlar quando Christopher esgotava com seu único resquício de paciência. Mantendo seus olhos fechado, ela sugou lentamente todo ar que podia caber em seus pulmões, o manteve preso lá dentro por alguns segundo e depois soltou-o gradativamente.

— Some-da-minha-frente! — falou entredentes pausadamente.

— Calma Maria! — Christian até tentou acalmá-la, já prevendo o desastre que sua amiga poderia causar.

— Está nervosinha é? O que foi? Brigou com o namorado? Morro de dó, mas nem ligo. — Provocou.

— E desde quando lhe interessa minha vida privada? — De forma sorrateira e ágil, Dulce tirou de seu pé um de seus chinelos e antes que qualquer um pudesse reagir, ela o lançou na direção de Christopher, acertando-lhe em cheio a lateral esquerda do rosto.

— Au!!! Qual é o seu problema? Isso doeu garota! — Christopher choramingou, colocando sua mão no local golpeado, seu rosto ardia, mas a dor não era mais intensa que a raiva que ele estava sentindo naquele momento.

— Meu Deus a menina endoidou de vez.

— Christian, eu estou dizendo, se não tirar esse imbecil da minha frente agora eu juro que pego uma faca e cometo uma loucura e eu não estou blefando.

Dulce chegou a pegar uma faca do faqueiro sobre a bancada, mas no mesmo instante Christian que não sabia se ria da situação catastrófica ou se se preocupava com o fato de presenciar um assassinato, tomou a faca das mãos de Dulce e parou entre os dois. Dulce estava vermelha, seu rosto se ruborizou quase ao tom de um pimentão e sua respiração estava tão pesada que sentia que iria explodir a qualquer instante.

— Christopher, é melhor você ir, nunca vi ela agir assim.

Christopher, entretanto, não pareceu temer a ameaça vindo dela, simplesmente puxou uma das banquetas ali perto e se sentou, mantendo em seu rosto um sorriso sínico ao mesmo tempo que continuava massageando seu rosto.

— Pra mim já deu! De verdade, espero que esse ano passe logo para eu me formar, arrumar um emprego e ir embora daqui pra nunca mais ver essa sua cara.

Em passos largos ela saiu dali, esbravejando palavrões que ela quase nunca usava. A raiva tomara completamente conta de seu ser e nem mesmo se importou com o vaso que esbarrara no meio do caminho. Chegando em seu quarto bateu a porta com tanta força que o quadro pendurado na parede caiu no chão.

— Droga, porque você me irrita tanto, seu idiota? Por quê? Que ódio!  Por que não volta para aquilo que chama de cidade? Minha vida era melhor antes de você aparecer aqui.

Discutindo sozinha, Dulce começou a andar de um lado para o outro enquanto pensamentos maliciosos passavam por sua cabeça. Por um momento ela parou no meio do cômodo e começou a rir, porque aquilo era sem dúvidas, insano.

— Dulce?

— Mas que porra, Christopher, vai embora!

Ele não a ouviu, simplesmente entrou no quarto e fechou a porta, mas Dulce, por sua vez, pegou o celular que era o objeto mais fácil e mais próximo a ela no momento e lançou na direção dele, mas ele conseguiu desviar a tempo, o que fez o aparelho se chocar contra a porta e depois parar no chão, trincando toda a tela.

Sem êxito, Dulce começou a agarrar seus travesseiros na cama e a jogá-los na direção dele enquanto ele atravessava o cômodo na intenção de chegar até ela e quando finalmente o fez, ele a prendeu em seus braços, imobilizando-a com dificuldade.

— Me solta, seu idiota!  — Tentou se soltar, mas foi em vão, Christopher era alto, seus músculos eram bem trabalhados e ela não teria metade da força necessária para conseguir escapar dele.

Meu Guarda-Costas | VONDY (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora