Capítulo 26

1.6K 122 4
                                    

Christopher a olhou com um olhar de medo e Dulce riu. A enfermeira desinfetou o braço dele e prendeu a borracha. – Você está muito tenso, solte o braço.

Olha pra mim. – Dulce debruçou-se perto dele, enquanto o olhava nos olhos e segurava a outra mão dele.

Christopher cerrou os olhos com força, ao sentir a agulha entrar dentro dele, e num movimento repentino, quase tirou o braço, mas Dulce o segurou e lhe deu um selinho demorado, o que fez Christopher relaxar na mesma hora. A enfermeira apenas os olhou sorrindo, e depois de colher o sangue, aplicou o soro. – Prontinho. – Sorriu e Dulce se separou.

Obrigada. – Dulce falou com as bochechas coradas.

Se precisar de alguma coisa, chame um enfermeiro ok? – Ela assentiu e a enfermeira saiu.

Está doendo? – Perguntou segurando o riso.

Não ri de mim. – Fechou a cara.

Ok! Mas com uma condição. – Sorriu.

O quê?

Que me conte o porquê de seu trauma. – Mordeu o lábio.

Por que quer saber? – Ergueu uma sobrancelha.

Porque quero saber se você é um franguinho ou realmente tem motivos para ter pavor de agulhas.

Tudo bem. – Suspirou. – Quando eu tinha 10 anos, eu fiquei muito doente e meus pais me levaram para o hospital. A enfermeira quebrou uma agulha em mim, e errou a veia umas 3 vezes. Desde então eu nunca mais voltei num hospital.

Uau! – Exclamou. Mas que anta, como ela conseguiu fazer isso?

Ela era estagiária, foi demitida no mesmo dia, e para conseguirem aplicar outra injeção em mim, tiveram que me segurar. Acho que tinham uns dois ou três enfermeiros me segurando, e um aplicando, mas tiveram que me sedar, já que eu quase arranquei a agulha do braço.

Dulce soltou uma gargalhada. – Não consigo imaginar você fazendo isso.

Pois é. – Sorriu sem graça e olhou para a mão, que ainda estava entrelaçada com a dela.

Dulce seguiu o olhar dele, e soltou a mão rapidamente. – Desculpa.

Está tudo bem. – Sorriu. – Obrigada.

De nada. Isso que eu fiz foi só pra te distrair ok? – Se sentou no sofá. – Depois vou ligar pra sua namorada vir ficar aqui com você.

Vai me deixar aqui? – Fez menção de se sentar.

Faz o favor de ficar quieto? – Ordenou. – Vou te deixar aqui com a sua namorada.

E por que você não fica comigo?

Por que eu tenho mais o que fazer.

E o que tem de interessante pra fazer?

Olha não te interessa, mas se quer saber, vou procurar o Arthur.

Aquele cara que passou o dia inteiro trancado no quarto com você? – Arqueou a sobrancelha.

É! É ele sim. – Sorriu.

A final, o que vocês ficaram fazendo uma tarde inteira trancados no quarto hein?

Tem certeza que quer que eu conte? – Sorriu sínica.

Não acredito que você foi pra cama com o garoto que você acaba de conhecer. – Arregalou os olhos.

E se foi? O que tem com isso?

Eu nada. O Rodrigo é que deve ter um chifre maior que minha bunda.

E você acha que depois eu não fiquei com ele? Ou se esqueceu de que ele foi lá em casa ontem? - Sorriu.

Aquele cara não tocou em você não né? – Se sentou engolindo seco.

E por que não tocaria? Ele e meu namorado, até onde sei. – Deu de ombros.

Dulce eu estou falando sério. Me responde, o que ele fez com você? – Sentiu seu estômago embrulhar e colocou a mão na boca.

Dulce o olhou. – Ai meu Deus. – Correu pegando uma lixeira e antes que ele pudesse segurar voltou tudo o que tinha no estômago e mais um pouco. Dulce fez careta e depois riu. – Acabou? – Ele assentiu. – Vou pegar agua pra você. – Se virou, mas ele a segurou.

Se quiser ir embora você pode ir Dulce. – A soltou.

E perder minha chance de virar essa história e eu cuidar de você? – Gargalhou e saiu.

O que você está fazendo comigo garota? – Perguntou baixo para si mesmo. – Você vai acabar comigo. – Se afundou na maca sentindo seus olhos começar a pesar.

Está com sono? – Dulce falou entrando no quarto trazendo consigo um copo com água.

Sim. – A olhou.

Dulce leu um adesivo pregado no soro. – É o medicamento. Já, já você dorme. – Sorriu levantando a cabeça dele e dando agua na boca do mesmo com cuidado. – A enfermeira me disse pra você se manter deitado.

Ok! – Terminou de beber a agua. – Quando vou poder ir embora?

Assim que melhorar. – Riu. – Agora tenta dormir, assim o tempo passa mais rápido. – Falou depois de colocar o copo na mesinha ao lado e puxou o lençol, o cobrindo até a altura da cintura.

Estou com frio. – Falou baixo.

É por causa da febre, mas você não pode cobrir. Agora dorme ok? – Ele assentiu e ela sentou-se novamente. Christopher ficou olhando pra ela o tempo todo até pegar no sono, e Dulce fingia não se importar, enquanto trocava sms com alguém. Depois de um tempo recebeu uma ligação.

Oi Mai... O que houve?... Nada de mais eu acho, quem te contou?... Tinha que ser... Não precisa, eu dou conta dele... – Olhou Ucker. – Está dormindo. Está um pouco pálido... Credo Mai. – Segurou o riso. – Febre, dor no estômago e vômito... Provavelmente, o Dr vai esperar sair o exame primeiro... Que horas?.. Vou esperar... Avisa a Annie pra mim?... Obrigada. Vou desligar, antes que ele acorde. Ele está com muita dor, e enquanto está dormindo está tudo bem... Ok, até logo, beijos! – Desligou o celular e afundou no sofá. – Ainda não acredito que estou num hospital cuidando de um marmanjo de 25 anos. – Revirou os olhos e voltou sua atenção ao celular.

Passaram-se duas horas a Dulce andava de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Seu pai já havia lhe ligado umas 4 vezes, mas todas ela desligou com raiva.

Dulce! – Falou Christopher com a voz falha.

Dulce parou de andar e olhou pra ele. – Oi?

Está doendo muito. – Falou tentando impedir as lagrimas de saírem.

Vou chamar a enfermeira!

Não! Fica aqui comigo. – Se encolheu.

Dulce o olhou e suspirou. – Ok! – Foi até ele se sentando na beirada da maca. – Já vai passar. – Começou a massagear a barriga dele. – Alivia?

Um pouco. – Sorriu forçado e fechou os olhos. – Dulce, posso te pedir uma coisa?

Aproveita que eu estou boa com você hoje! – Sorriu.

Deita aqui comigo? – Dulce arregalou os olhos. – Ei, calma. É que estou com frio, e preciso de algo me aquecendo. – Dulce o olhou, e depois de alguns segundos pensando, ela se deitou, com a cabeça no peito dele, enquanto continuava a massagear a região onde estava doendo. 

Meu Guarda-Costas | VONDY (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora