CAPÍTULO NOVE

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— Dulce calma, tá bom? Eu não entendo, de verdade porque me odeia tanto se eu não te fiz nada.

— Não fez nada?

— Não, eu só estou aqui para cumprir o meu trabalho, você me odeia de graça.

— Sabe qual é o seu problema? Você nasceu, Christopher! Nasceu pra estragar minha vida, fazer dela um inferno. Por que não morre e me deixa em paz?

— Não diga isso, porque se eu morrer, você se sentirá culpada. 

— Eu me sentir culpada de me livrar de você?  — Riu incrédula, aquilo era alguma espécie de piada?  — Tem noção do quanto eu odeio você, e desejo nunca ter te conhecido?  — Sentiu seu corpo ser virado de frente pra ele, mas ainda preso em seus braços.

— Sei que é da boca pra fora.  — A voz dele saíra em tom de sussurro. Dulce não pode evitar olhar para seus lábios tão próximos e aquilo mais uma vez a deixou fora de si.

— Não... Não é nada da boca pra fora. 

Com o coração palpitante e a respiração ofegante, Dulce se viu presa ali, sem conseguir tirar os olhos dele. Era uma sensação tão forte que por alguns segundos ela se esqueceu de toda a raiva que estava sentindo.

— Sei que é, você é incapaz de odiar uma pessoa, mesmo que as pessoas te odeiem. Eu conheço você mais do que queria conhecer.

— Mas com você é diferente, eu te odeio, ok?  — Alterou a voz dando leves murros no peitoral dele. — Te ode...  — Christopher a calou com um beijo, talvez fosse a única maneira de acalmar a fera.

Paralisada, Dulce ficou sentindo os lábios quentes e macios dele colados aos dela e sentia como se aquele beijo tivesse sugado sua força mental e física. Somente depois de um tempo sem reagir, seu instinto fez com que ela cedesse a ele. Abrindo seus lábios, ela deu passagem para que a língua dele pudesse entrar em sua boca. Já sem controle de suas ações, Dulce passou os braços por cima de seu ombro, usando uma de suas mãos para puxá-lo mais para si.  Oh céus, que beijo era aquele? Era tão diferente, tão... doce. Seus lábios eram tão macios que ela não se importava de ficar presa a eles pelo resto de sua vida.

Uma tensão sexual jamais antes sentida pelo menos por parte dela. Christopher se afastou e a olhou nos olhos, Dulce não tentou sair, pelo contrário, permaneceu ali o encarando a fundo, ambos com a respiração ofegante demais para pronunciar uma palavra sequer, então ele voltou a beijá-la, sendo correspondido de imediato. Alguns passos na direção da cama e então ela o empurrou para trás. Christopher caíra sentado e ela não hesitou ao sentar no colo dele com uma perna de cada lado de seu corpo. As mãos dele pressionavam suas pernas e as dela se embolavam nos cabelos ondulados de Christopher. O beijo poderia ser descrito pelos dois como algo jamais feito antes, daqueles de desejar sempre mais e de fazer com que os corpos tivessem a sensação de estarem pegando fogo. 

Por um breve momento Dulce se lembrara que aquilo não era correto. A voz de Christian mais cedo falando que isso iria acontecer ou mesmo como as pessoas iriam julgá-la uma vez que todos acreditavam que Christopher e Anahí tinham mesmo um relacionamento. Como se tivesse um ímã entre os dois, foi difícil ela conseguir se afastar e então saltou para fora do colo dele.

— Dulce?  — Esperou ela falar algo, mas o que ela diria? Que não queria? Que não tinha gostado?  — Me desculpa, eu não devia ter feito isso.

Mas tudo que ela fez foi ir até a porta, abri-la e esperar que ele saísse. Ela não conseguia encará-lo, também não conseguiria dizer nada. Ele a beijou e ela correspondeu de maneira que jamais tinha feito sequer com o namorado e o pior, ela tinha adorado o beijo.

— O que foi que você fez, Dulce Maria? Puta merda!  — Falou para si mesmo assim que Christopher saiu e fechou a porta.

Com as pernas fracas, Dulce foi se sentar no sofá, na esperança que sua cabeça pudesse voltar à órbita. De todos os anos morando sob o mesmo teto que ele, jamais tinha se imaginado beijando Christopher e nunca sequer tinha reparado nele como um homem.  — Droga, pior que ele beija tão bem. Ainda não podia acreditar no que estava acontecendo. Passou os dedos levemente pelos lábios tentando acreditar. Agora jogada no sofá seu pensamento vagava longe.

— Quem beija bem?

Ela saltou para fora do sofá, assustada. Christian agora entrava no quarto, confuso porque tinha visto Christopher fora de si e agora Dulce.

— Que? Quem beija bem?

— Você falou aí.

— Só pensei alto, estava falando sobre o Rodrigo com o Christopher e...deixa pra lá, só estou pensando demais.

— Está mais calma? Se acertaram?

— Estou sim, ele conseguiu me acalmar, acredita nisso?

Ela queria rir, talvez porque fosse cômico, talvez porque era trágico demais, mas ela não iria contar como ele a tinha acalmado.

— Você está estranha.

— Estou?

— Sim.

— Estou normal, já volto, preciso ir ao banheiro, pode pegar água pra mim lá embaixo? Tá quente aqui.

Meu Guarda-Costas | VONDY (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora