CAPÍTULO UM

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Um despertador tocando às seis e meia da manhã era tudo que ela, Dulce Maria menos desejava naquele dia. Sem antes mesmo abrir seus olhos, tateou sua mesa de apoio ao lado da cama na intenção de desligar, com êxito o despertador para em seguida sentar-se na cama esfregando os olhos, lutando fortemente contra sua vontade de permanecer na cama. Era comum que suas manhãs de segunda-feira viessem acompanhadas por um combo de náusea e dor de cabeça levando em consideração que seus finais de semana sempre terminavam em muita festa e bebida.

Apesar do desejo de se manter na cama, foi necessário que se levantasse, pois, um largo dia a aguardava pela frente, entretanto, ao se levantar e se direcionar à janela, o pequeno feixe de luz que atravessava a cortina bateu diretamente em seus olhos, trazendo-lhe uma dor que a fez desistir momentaneamente de sua ação, talvez ela não tivesse tido uma ressaca tão forte anteriormente e não bastasse as dor física, ela também não se lembrava muito bem o que havia acontecido na noite anterior. Talvez uma ducha fria pudesse ajudá-la a resolver seu problema naquele instante e foi exatamente o que ela fez: entrou embaixo da água que caía forte do chuveiro e ali ficou, deixando com que seu corpo se molhasse e se refrescasse naquele dia quente.

Depois de quase meia hora, enxugou-se e enrolou seus longos e negros cabelos molhados em uma toalha e em seguida vestiu-se com uma lingerie vermelha que realçava bem o seu corpo para só então resolver dirigir até a cortina e a abrir, permitindo assim que a luz do sol forte invadisse seu quarto, e lá estava ele, o cara que vivia sob o mesmo teto que ela e que ela jurava odiá-lo com todas suas forças. Foi questão de poucos segundos para que, o homem do lado de fora olhasse na direção da mulher seminua e se distraísse o suficiente para que a bola lhe acertasse em cheio o rosto. Dulce por sua vez revirou seus olhos demonstrando repúdio e depois, sem se importar se estava ou não com roupas que cobrissem seu rosto suficiente, aproximou-se mais para ver quem estava com ele. Aquele era Fernando? Como assim seu pai estava em casa? Até onde ela sabia, ele não estava em casa e sim em uma viagem que só o traria de volta no final de semana seguinte. Mais uma bolada, e Dulce se olhou, lembrando que estava exibindo seu corpo mais do que devia para quem sequer deveria ter a chance de apreciá-lo, só então voltou para dentro do quarto e depois de se hidratar com seus cremes caríssimos, resolveu se vestir. Usava um short jeans um pouco curto, e uma blusa meio larga, que tapava metade do short jeans uma blusa branca que era caída em um ombro; passou uma maquiagem que tirasse um pouco o semblante de quem estava sofrendo com ressaca e que pudesse realçar seus olhos amendoados, depois secou seus longos cabelos, deixando-o liso com as pontas enroladas como sempre gostava de fazer. Após se calçar com um de seus tênis de suas coleções enormes de calçados, colocou seus óculos de sol para que pudesse diminuir o impacto que a claridade causava em sua vista e se dirigiu ao jardim, onde seu pai e seu guarda-costas, ou melhor dizendo, Christopher, tomavam café da manhã, lendo um jornal.

— Bom dia pai — beijou-lhe o rosto enquanto jogava a mochila em cima de Christopher, derrubando seu suco — Foi mal, caiu! — um sorriso sínico de quem sempre o provocava e não se importava com a reação brotara em seu rosto.

— E ela já começa cedo. — Resmungou Christopher, buscando o mínimo de paciência. Ele já estava acostumado com o mau humor infinito de Dulce e embora sempre caísse em alguma discussão causada por ela, sabia que seu tio sempre estava do lado dele. — Bom dia, átomo.

— O que temos para o café? — ela o ignorou e enquanto observava o que de gostoso teria na mesa para seu dejejum se juntou a eles.

— Está encrencada, mocinha. — O tom sério na voz de seu pai entregava que alguma coisa errada ela tinha aprontado, entretanto, não fora capaz de se lembrar no primeiro instante.

— O que foi que eu fiz agora? — Sem conseguir olhar para o pai, Dulce se serviu com um pouco de suco de melão, que aparentemente parecia bom, mas ao levar à boca, o gosto amargo não lhe permitiu digerir o líquido.

— Uh, parece que alguém está com náuseas. A noite foi melhor que eu imaginava. — A entonação na voz de Christopher indicava que ele sabia o que havia acontecido e que ela estava realmente encrencada e ele estava feliz por isso.

— Leia isso — Fernando jogou o jornal que se encontrava próximo à ele na frente de Dulce, que de início ficara sem entender, afinal, o que um jornal iria ter que pudesse colocá-la em problemas? — Primeira página dos jornais Dulce Maria, como você me apronta uma dessas?

Seus olhos se arregalaram no mesmo instante, pegando o monte de papel, vendo, de cara, uma foto sua em cima do balcão do que parecia o bar, talvez, o mesmo que estivera na noite anterior. — O quê? Mas que palhaçada é essa aqui? — Perguntou sem acreditar no que ela estava vendo. — Isso deve ser alguma brincadeira de muito mal gosto.

Christopher tomou o jornal dela e após encher seu peito com ar, começou a ler, despejando com gosto suas palavras. — "Filha de um dos maiores empresários da Cidade do México arma confusão em boate de luxo. Além de criar iniciar uma briga com outra garota, a jovem de apenas 20 anos de idade começou a fazer se despir em cima do balcão do bar da boate Kiss, frequentada por famosos e pessoas da alta sociedade.

— Já entendi, Pudim de Calabresa! — revirou os olhos — Desculpa, papai, não me lembro de nada, e de verdade, não sei como isso foi parar nos jornais. —

— Estava trêbada, entendeu? Três vezes bêbada. — Riu, debochando da cara de desespero que Dulce tinha naquele instante e ela apenas desejou que aquele homem simplesmente evaporasse de sua frente.

— Qual será meu castigo dessa vez? — Talvez já tivesse ideia do que fosse, mas preferiu não abrir sua boca para caso estivesse errado, não piorasse seu castigo sem intenção.

— Um mês sem seus cartões de crédito e sem ir a festas ok, está oficialmente de castigo, acho que passou completamente dos limites. — Era incrível como Fernando, apesar de autoritário, ainda conseguia manter toda calma com a filha, que sempre aprontava algo que não o agradasse. Ela era filha única e foi ele o responsável por cuidar dela durante toda sua vida e por mais duro que às vezes ele parecesse em suas ações ele a amava e tentava compensá-la por toda a ausência que o trabalho lhe trazia.

— Ok. — Sem conseguir contestar e por medo de piorar as coisas, ela simplesmente tirou de sua bolsa seus cartões e os deixou sobre a mesa e saiu, em direção à garagem.

Talvez estivesse mais frustrada consigo que com o pai, porque, apesar de tudo, ela sabia que tinha extrapolado e que independente do que tivesse sido, o motivo que a levou a isso, era algo que ela não conseguia controlar.

Christopher a acompanhou em questão de segundos, entrando no carro em que ela agora aguardava. — Seu pai está preocupado porque não comeu.

— Perdi a fome, dá pra irmos logo? Não quero me atrasar. 

Meu Guarda-Costas | VONDY (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora