– Por que você deu aquelas informações para o Scott? – indaguei.

     – Que informações? – ou ele se fez de desentendido, ou realmente não estava entendendo nada.

     – Sobre quem eu vim fotografar na Coreia – respondi, para refrescar sua memória.

     – Scott... o seu ex-namorado? – ele perguntou.

     – É – eu respondi, impaciente. Eu sei que poderia estar correndo risco de levar uma bronca por falar com ele daquele jeito, mas eu estava com raiva.

     – Eu não disse nada – ele se defendeu.

     – Como não? O Scott disse que você tinha contado... – parei de falar e comecei a raciocinar. Todos os anos em que trabalhei naquela empresa, meu chefe nunca mentiu para mim, então... Por que ele o faria agora? Eu tinha muitas amizades no meu local de trabalho, a não ser uma pessoa, que me odiava por um motivo que eu desconhecia: – Mônica – eu e Simon falamos ao mesmo tempo.

     – Eu vou falar com ela – ele disse.

     – Obrigada – agradeci. – E desculpe por ter falado com você daquela maneira.

     – Está tudo bem – ele falou. – No seu lugar, eu faria a mesma coisa.

     Se tinha uma coisa que eu admirava no Simon, era a sua gentileza e seus vários pontos de vista. Ele tinha uma esposa e uma filha de cinco anos, muito fofa, só pra ressaltar.

     Simon quebrava aquele tabu que existia entre chefe e funcionário; ele era gentil não só comigo, mas também com todos os outros profissionais ali existentes. Simon disse que fotografia era a paixão dele, e como ele era o superior no meio de nós, nos tratava como filhos. Era engraçado vê-lo tentando ajudar um fotógrafo de vinte e sete anos à pegar um bom ângulo para uma foto.

     – Obrigada mais uma vez – eu disse. – Tchau.

     – Tchau – antes que eu desligasse, ele disse: – Não precisa fotografar os pontos turísticos de Seul hoje. Você tem muito tempo para isso. Tire esse dia de folga, vai precisar de energia para o resto da semana, porque eu vou mandar por e-mail o que eu quero que você faça.

     À propósito, eu nunca vi uma pessoa tão exigente quanto Simon.

     – Tudo bem. Obrigada. Tchau.

     – Tchau. Se cuide – ele desligou.

     Joguei o celular na cama e suspirei, puxando os cabelos para trás. Eu estou começando a odiar o Scott, ele não tinha o direito de me dizer aquelas coisas e não tinha muito menos o direito de dizer aquelas coisas sobre os BTS. Eu mal os havia conhecido, mas soube que eles eram boas pessoas logo de cara. Não importa se eles usam lápis de olho, isso não os tona gays ou qualquer outra coisa, e se eles forem, ninguém tem absolutamente nada a ver com isso. O que Scott fez foi completamente ridículo.

     Deixei o celular no quarto e saí do mesmo. Eu não queria pegar nele nem tão cedo, hoje ele só me trouxe problemas.

     Andei até o elevador e fui para o andar onde ficava o restaurante do hotel: servi meu café da manhã, me sentei numa mesa afastada das outras e comecei a comer em silêncio.

     Eu ainda precisava ver o resultado das fotos, mas onde eu veria? Ah, provavelmente seria no site da Big Hit. É, deveria ser lá.

     Enquanto comia, pensava na minha conversa da noite anterior com YoonGi. De repente, algo estranho começou a acontecer comigo: meu coração bateu aceleradamente contra o meu peito e as palmas das minhas mãos começaram a suar instantâneamente. Eu sabia muito bem o que era aquele sentimento. Só fazem dois dias! Emma, você não pode se apaixonar. Você tem dois traumas, e sabe muito bem disso. O primeiro trauma, foi ser traída com quase Connecticutt inteira. O segundo trauma... Era aquele que eu não iria esquecer nunca.

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