Capítulo 51

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Eduardo

Acordo com o barulho do meu despertador e vejo que já são seis da manhã. Bárbara está dormindo serenamente e eu sinto pena de acordá-la, mas temos que ir ao hospital para saber como Débora está. Levanto-me silenciosamente e vou até a cozinha e Malu já está no fogão fazendo um café com um cheiro maravilhoso. Instantaneamente as lembranças do Orfanato me invadem e eu sorrio. Ela fazia o nescau quente todos os dias e eu geralmente bebia mais de um copo quando acordava antes de todos.

- Bom dia. - Sorrio beijando sua bochecha enquanto coa o café.

- Bom dia meu filho... Dormiu bem? - Questiona carinhosamente.

- Dormi sim e a senhorita?

- Ah filho... Sabe como é né? Preocupação. Quase não dormi pensando na Débora. - Sua expressão é triste e eu morro de pena da situação.

- Sinto muito... Ela te ajudou bastante né?

- Sim. Débora fez por mim muitas coisas que nunca imaginei que uma pessoa poderia fazer pela outra. Tudo que conquistei e tenho até hoje, devo a ela.

- Compreendo perfeitamente. Ela não tinha obrigação, mas ainda sim o fez. Isso sim é a maior demonstração de carinho.

- Sim... E agora acontece isso... Ela está sofrendo e não quer deixar isso transparecer, mas eu sei que ela está mal e não posso fazer nada para ajudar.

- Claro que pode! Demonstre carinho e amor. Isso com certeza irão ajuda-la.

- Você tem razão. Tenho que ser forte e dar apoio.

- É assim que se fala. - A abraço carinhosamente e enxugo suas lágrimas que caiam sobre seu rosto.

- Vamos tomar café ou vai levar na cama para a princesa lá em cima?

- Vou levar. - Sorrio um pouco constrangido pela situação, mas ela sorri.

- Vou preparar uma badeja caprichada e vocês comem juntos.

- Está bem.

- Quem diria hein? Que hoje você estaria aqui levando café para a minha menina, mesmo nessas circunstâncias.

- O mundo dá voltas né? Eu também nunca pensei que voltaria a vê-la novamente.

- Pois é... Para vocês verem como é coisa do destino ficarem juntos.

- Nunca acreditei muito em coisa de destino, mas ultimamente não duvido de mais nada.

- O importante é que vocês estão felizes.

- Sim, nunca me senti tão leve em tempos.

- Você namorou muito né? - Ela pergunta com um sorriso travesso enquanto arruma as frutas na bandeja.

- Não... Digamos que curti bastante, mas nunca levei ninguém a sério.

- Por que meu filho?

- Ah... Eu não confiava muito em mulheres... Preferi só curtir sem me apegar a ninguém. Também passei uma fase meio complicada na faculdade. - Abro um sorriso amarelo me recordando dos meus relacionamentos vazios e das minhas crises de bebedeira.

- Entendo... Quer falar sobre isso? Sabe que sou uma boa ouvinte. - Ela sorri docemente e eu penso que pode ser bom falar sobre isso.

- Tudo bem... Só foi uma fase meio complicada sabe... Eu estudava bastante e comecei a usar remédios para me manter acordado e comecei a exagerar nas bebidas. Sofri um coma alcoólico uma vez, mas foi à única. Depois desse episódio, tomei um rumo certo na vida.

- Foi difícil para os seus pais né?

- Sim... E foi a cara de decepção que eles fizeram quando acordei que impulsionou a dar um jeito na minha vida.

- O importante é que você está bem e aprendeu com seus erros. Eles servem para isso, sabe? Nos ensinar a ser pessoas melhores.

- Você está certa, aprendi muito com tudo o que aconteceu.

- Isso é o que importa.

- A bandeja está pronta!

Exclama sorrindo estendendo em minha direção e eu sorrio. Pego a bandeja dando uma piscadela e subo em direção ao seu quarto. Assim que chego, coloco a bandeja em cima da cômoda silenciosamente e fecho a porta a pegando em seguida.

- Bom dia! - Exclamo sorrindo e ela se despreguiça.

- Bom dia... Nossa! Hoje é meu aniversário?

- Que eu saiba não! - Sorrio me sentando na cama enquanto ela se senta também.

- Por que o café na cama então?

- Quero agradar você, marrenta.

- Aí sim, adoro ser mimada. - Ela sorri pegando um morango e mesmo descabelada e com cara de sono, ainda continua linda.

- Se depender de mim, será...

- Você me faz feliz, obrigada.

- Não agradeça. Fazer você feliz, me faz também.

- Que bom... Vamos comer então? -

Questiona e eu concordo. Comemos rapidamente e eu percebi que Bárbara está um pouco mais animada. Nós tomamos banho juntos e nos arrumamos em questão de minutos. Coloquei o terno, pois pretendo resolver alguns problemas na empresa, já que Babi não está com cabeça para isso. Descemos e encontramos Malu na sala já arrumada. As levo em meu carro e um silêncio se instala. Como se ir até o hospital fosse algum presságio. Viajamos em silêncio e ao chegar, vou falar com o médico e ambas esperam no banco.

O hospital é o melhor da cidade e o médico também. Farei de tudo para ajudar de alguma forma. Bato na porta de sua sala depois que me identifico e ele responde educadamente para entrar.

- Bom dia doutor. Vim saber sobre a paciente Débora que está com câncer.

- Ah sim, me lembro de você. A paciente está bem melhor e fizemos diversos exames, mas preciso falar com o familiar mais próximo também.

- Ah claro, a filha dela está lá fora a sua espera.

- Pode chamá-la até a minha sala e conversaremos todos juntos. Acredito que seja melhor.

- Certo.

Respondo me levantando um pouco preocupado, mesmo falando que ela está melhor. O que será que ele falará? Vou em direção a Bárbara e Malu que estão aflitas no banco.

- O médico que falar com todos juntos.

- Como minha mãe está?

- Ele disse que ela está bem, mas que quer falar conosco.

- Está bem.

Andamos de mãos dadas com Malu ao nosso lado e eu tento passar uma calma que nem sei se teria se fosse minha mãe passando por tudo isso. Sinto que está suando frio, mas mesmo assim sei que está tentando ser forte. Malu também está com a expressão um pouco preocupada, mas ainda assim está se controlando. Assim que chego na porta do doutor, bato e ele diz para que entremos e nos sentamos nas três cadeiras de frente para sua mesa.

- Olá doutor, sou Bárbara, filha da paciente. Como ela está? - Questiona aflita enquanto se senta.

- Olá Bárbara, sua mãe está bem melhor. Entretanto, de acordo com os exames que fizemos, o câncer invadiu o cérebro. Eu sei que isso é bem complicado, pois o câncer está no estágio IV. Infelizmente no caso dela não há mais cura e o tomaremos medidas paliativas através e muito apoio afetivo. Sinto muito por isso, mas estou disponível para ajudar no tratamento da melhor forma possível.

Bárbara está com o olhar fixo, paralisada, com água nos olhos e totalmente assustada. Meu cérebro parou na parte em que o médico disse que o câncer atingiu o cérebro. Malu fica em silêncio até que não aguenta e cai no choro. Eu tento acalmá-la enquanto Bárbara ainda permanece imóvel e calada e o médico em silêncio. Eu não sei o que é pior: Eu sofrer ou ver as pessoas que amo sofrendo.

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Meu para sempre é você - ATUALIZAÇÕES INTERROMPIDAS TEMPORARIAMENTETempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang