͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗌𝖾𝗏𝖾𝗇

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Ela levantou em um salto, chamando atenção de seus pais e seu irmão.

  ──── Desculpa, eu… eu preciso fazer uma coisa urgente!

E saiu antes que qualquer pergunta pudesse ser feita, batendo a porta da frente atrás de si. Cambaleou ao montar na bicicleta, as mãos tremendo de pressa e nervosismo. O caminho até lá levaria longos minutos, longos até demais. Mas não importava. Ela ia chegar.

O que diabos a Pip estava fazendo naquele lugar?

  ──── Cairo?! - A voz de seu irmão soou atrás dela, então sentiu a mão dele em seu ombro antes de fugir pedalando. ──── O que aconteceu?

  ──── É a Pip - ela respondeu, soltando-se da mão do mais velho e olhando para ele brevemente. ──── O celular dela... o rastreador, ela tá num lugar estranho. Sozinha. Longe. Disse que tinha algo errado na investigação e eu deixei ela ir sozinha! Eu tenho que ir até lá. Agora!

O brilho despreocupado que Ravi carregava no almoço sumiu num instante, substituído por olhos arregalados e um nó na garganta que o fazia tropeçar nas próprias palavras. Assentiu rapidamente, girando nos calcanhares para correr de volta para dentro da casa.

Tropeçou nas próprias palavras ao explicar para os pais que precisavam ir atrás de Pip, mas, segundos depois, voltou com a chave do carro em mãos, ofegante, com o rosto tenso.

  ──── Deixa a bicicleta, vamos de carro!

Cairo não hesitou. Largou a bicicleta no gramado e correu até o banco do passageiro. O motor ainda nem havia aquecido e Ravi já dava ré, saindo da garagem quase em um solavanco.

  ──── Onde ela tá? - perguntou, os olhos presos na estrada enquanto acelerava.

  ──── Em uma… caverna? - ela mostrou a localização para o mais velho, seus dedos tremendo levemente. ──── Eu devia ter ido com ela, devia ter… ajudado, não sei! Eu avisei ela, eu…

  ──── A gente vai achar ela, Caio. Tá tudo bem. Chama a polícia e passe o endereço para eles. Vamos achar ela.

O apelido fez seu peito esquentar e sua mente esvaziar nem que fosse pode alguns segundos. Eles não disseram mais nada por um momento. O carro avançava pela rua como um disparo, com o GPS no painel apontando para o ponto vermelho piscando. O ponto onde Pip estava.

As bordas da visão turvavam como se o mundo estivesse afundando em névoa líquida. Ela tentou engatinhar para longe mas parecia impossível. A dor na cabeça latejava depois da queda, e o gosto metálico do sangue em sua boca a deixava nauseada.

O som de passos apressados ecoou pela caverna. Becca. Ela arfava enquanto se aproximava, jogando a luz da lanterna em seu rosto e só deixando ela mais tonta.

Pip tentou se arrastar, mas mãos agarraram seus tornozelos com força. Bell a puxou com violência, fazendo com que seu corpo raspasse pelas pedras irregulares. Ela gritou, ou pelo menos tentou. O som saiu abafado, fraco.

Ela puxava Amobi em direção ao poço aberto, onde a água escura brilhava sob a luz trêmula da lanterna. A mais nova tentava se segurar em tudo que podia: raízes nas pedras, pequenos degraus de pedra, até suas unhas lascaram.

Estava agarrando o casaco de Pip novamente quando passos novos preencheram a caverna.

  ──── Pip?! - uma voz masculina ecoou, não reconheceu de primeira mas foi o suficiente para lhe trazer conforto.

O grito ecoou pelas paredes de pedra como um trovão.

Becca congelou.

  ──── Sargento?! - outra voz, cheia de desespero e medo. Reconheceu em segundos.

Becca girou o rosto para a entrada da caverna, onde a luz de outra lanterna tremia no escuro. Duas silhuetas apareceram a distância, olhando diretamente para ela.

Ela cambaleou para trás, ofegante, como se finalmente tivesse percebido o que estava fazendo. A lanterna escorregou de sua mão, rolando para o chão, e ela virou-se de repente, correndo em disparada pela escuridão da caverna.

Cairo não hesitou e correu até Pip, o coração batendo tão forte que parecia sacudir seu peito inteiro. Ela se jogou de joelhos ao lado da parceira, as mãos trêmulas indo direto ao rosto frio e suado de Pip.

  ──── Ei, ei, tô aqui! Tá tudo bem agora, você vai ficar bem - sussurrou com urgência, afastando o cabelo grudado no suor e no sangue da testa da garota. ──── Watson chamando… está aí, Sherlock?

Ela piscou devagar, os olhos pesados, a pele pálida sob a luz da lanterna que Ravi mantinha firme logo acima. O mundo ao redor parecia balançar, mas a voz de Singh era um fio ao qual ela podia se agarrar.

  ──── Precisam… Precisam ir atrás dela…

  ──── A polícia está lá fora - Ravi falou, ofegante, parado logo atrás das duas. ──── Eles vão pegar ela.

Cairo, se sentou e tirou seu casaco, colocando-o embaixo da cabeça de Pip com cuidado para não machucar ela.

  ──── Eu deveria ter te escutado, ter ido com você… - Sua voz vacilou, e os olhos se encheram de lágrimas que ela piscou com força.

  ──── Como… Como me encontrou?

  ──── Ainda tenho sua localização. Tive que te salvar para irmos tomar sorvete mais vezes, sargento.

Pip tentou sorrir, mas o rosto inteiro doía.

  ──── Sabe… Você é mais inteligente do que parece, Cairo Singh.

Cairo riu, um som quebrado e tremido, mas ainda assim verdadeiro.

  ──── Obrigada, Pippa Fitz-Amobi.

Pip assentiu minimamente, fechando os olhos, o corpo mole sobre o chão frio da caverna. Mas ainda consciente, respirando, viva.

Lá fora, as sirenes ecoaram na floresta.

Lá fora, as sirenes ecoaram na floresta

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⟡ ֺ 𓂂 notes ! ˚

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⟡ ֺ 𓂂 notes ! ˚

OO1 : Finalmente consegui entregar o último/penúltimo capítulo, ainda com quase 5 mil palavras. Tem referência ao primeiro beijo delas no final, capítulo 22 se quiserem ver. O que acharam??

OO2 : Votem e comentem para me ajudar, vejo vocês no próximo capítulo.

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⏰ Last updated: Jun 11 ⏰

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𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now