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O carro mal havia reduzido a velocidade quando ela viu, bem na sua frente, no gramado diante da casa: a bicicleta de Cairo caída de lado. A roda dianteira ainda girando, lenta, como se o tempo estivesse suspenso no momento em que tombou. Aquilo foi o suficiente. Um arrepio cortou-lhe a espinha, afiado como gelo.
O instinto falou mais alto.
Ela abriu a porta antes mesmo que o motor parasse por completo, os pneus rangendo na terra úmida. Saltou do banco com um impulso seco, os pés tocando o chão com urgência, mal se lembrando de puxar o freio de mão. O cheiro de grama cortada, o som abafado do vento entre as árvores. Tudo parecia distante, irrelevante.
Pela janela do carro de Ward, Pip viu seu celular jogado no banco, esquecido. Um segundo a mais ali dentro parecia impossível. O silêncio do lugar não era natural. Era denso, pesado, como uma respiração presa no ar.
Tão quieto.
Tão errado.
Um nó apertou em seu estômago, e tudo dentro dela gritou ao mesmo tempo. Algo não estava certo.
A porta da frente rangeu sob a força com que Pip a empurrou. O som ecoou pela casa como um grito abafado, mas ela não parou.
──── Cairo! - chamou, a voz já tremendo, carregada de medo. ──── Cairo!
O interior da casa estava mergulhado em um silêncio sufocante, quebrado apenas pelo som dos próprios passos e da respiração ofegante. O ar parecia mais frio ali dentro, mais espesso, como se a casa inteira estivesse prendendo a respiração.
Ela passou pelo corredor estreito, os olhos varrendo cada canto, o coração batendo tão alto que mal conseguia ouvir seus próprios pensamentos.
──── Cairo! - gritou de novo, mais alto, mais desesperada, a garganta arranhando.
Quando se aproximava da cozinha, virou em um movimento brusco e esbarrou com força em alguém. Só podia ser ele.
Deu um passo para trás, o corpo ainda em movimento, os olhos arregalados. Elliot.