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Eles o enterraram no início da tarde, sob um céu cinzento que parecia compartilhar do luto da família. Pip e Josh decidiram que, na primavera, plantariam girassóis sobre o túmulo porque são dourados e alegres. Como Barney. Enquanto enchiam a cova com terra, o silêncio entre os dois era quase palpável, quebrado apenas pelo som abafado das pás. Era o tipo de silêncio que falava mais do que qualquer palavra.
Mais tarde, Cara e Lauren apareceram na casa de Pip, trazendo uma bandeja de cookies recém-assados, na tentativa de oferecer algum conforto. A cozinha se encheu do aroma doce, mas a presença das amigas mal conseguiu penetrar a muralha de emoções que cercava a garota.
Ela se sentia incapaz de falar, temendo que cada palavra saísse embargada por um choro ou distorcida por um grito de raiva. Uma mistura confusa de emoções a consumia: uma tristeza tão profunda que parecia sufocá-la, e uma raiva latente, que ela mal sabia de onde vinha. As duas sensações se chocavam em seu peito, tornando impossível identificar qual delas era mais forte.
Suas melhores amigas, percebendo o estado da amiga, não ficaram por muito tempo. Elas sabiam que, naquele momento, Pip precisava de espaço.
Quando a noite caiu, a casa mergulhou em um silêncio estranho, pesado. Amobi sentou-se em sua cama, o olhar perdido na escuridão do quarto. Havia um zumbido constante em seus ouvidos, como se o mundo ao redor estivesse distante e irrelevante. O dia inteiro havia solidificado o luto em seu peito, tornando-o algo mais profundo, mais denso.
Estava entorpecida, esgotada de tantas lágrimas e pensamentos que rodavam em espiral.
Barney não voltaria. Essa verdade doía mais a cada vez que ela a reconhecia. E, ainda pior, era o fato de que ela nunca poderia contar o motivo a ninguém. O segredo que guardava pesava como uma âncora, arrastando-a cada vez mais para o fundo. A culpa, silenciosa e corrosiva, era a mais insuportável de todas.
Seu telefone parecia em outro estado, estava agitado vibrando sobre a mesa, acendendo repetidamente com o nome de Cairo.
O quarto estava mergulhado em um silêncio opressor, quebrado apenas pelo zumbido baixo do aparelho que insistia em chamar sua atenção. Mas ela não se mexia. Não agora. Não hoje.
