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A madrugada começou a atingi-las como socos no rosto, sendo quase impossível se manter acordada independente do medo que sentiam. As luzes apagadas deixavam apenas a luz do poste da rua filtrada pelas cortinas, projetando sombras difusas nas paredes.
Mesmo com aquele peso sobre suas pálpebras, Pip tinha seus olhos fixos no teto e sua mente distante, correndo em círculos, consumida pelo medo e pela culpa. Cada vez que fechava os olhos, via seu golden retriever correndo pela floresta buscando pelo galho perfeito, assombrado pela possibilidade de nunca vê-lo novamente.
Cairo estava ao seu lado, deitada de barriga para baixo, com uma das mãos apoiada em sua cintura, oferecendo um calor reconfortante que Pippa não sabia que precisava. A mais nova prometeu ser seu apoio durante a noite, resistindo bem à exaustão, mas, inevitavelmente, o cansaço a venceu.
Ela acabou adormecendo com o rosto semi-enterrado no travesseiro, a respiração calma, contrastando com a turbulência que rondava a mais velha.
Por um instante, quis invejar a tranquilidade de Singh, mas logo percebeu que não era tão simples. Enquanto a garota parecia dormir como um "anjinho", o franzir leve de sua testa e os murmúrios indistintos que escapavam de seus lábios contavam outra história.
Pip olhou para sua parceira, observando o pequeno tremor que tomava conta de suas mãos de vez em quando, como se lutasse contra algo em seus sonhos.
Ela sabia o que aquilo significava e uma pontada em seu peito a atingiu sem aviso. Saber que, mesmo inconsciente, Cairo revivia todo aquele caso nunca resolvido em sua mente fazia Amobi querer afastar toda a dor da mais nova, mas ela não sabia como.
Os minutos se arrastaram enquanto Pip tentava se manter imóvel, permitindo que Singh encontrasse algum tipo de paz, mesmo que em sonhos turbulentos. Passou os dedos suavemente pelos cabelos escuros da garota, tentando acalmá-la, sussurrando um "tá tudo bem" quase inaudível. Não sabia se estava dizendo isso para Cairo ou para si mesma.
