͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗌𝖾𝗏𝖾𝗇

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O carro parou com um leve solavanco, o motor tossindo uma última vez antes de silenciar por completo. Becca desligou os faróis e soltou o cinto sem dizer nada.

Pip ainda estava tonta, os pensamentos começando a embaralhar, mas forçou-se a abrir a porta. O ar frio da floresta a atingiu de imediato, úmido e espesso, com cheiro de terra molhada, folhas apodrecidas e algo mais… algo mais antigo, mais denso. Quase podre.

A loira contornou o carro até o porta-malas. A luz fraca da lanterna do celular tremeluziu quando ela o abriu, revelando duas lanternas maiores, encardidas pelo tempo e uso. Ela pegou as duas, entregou uma à garota sem olhar em seus olhos.

Nenhuma das duas falou.

Elas pararam diante de uma formação rochosa quase engolida por galhos secos e musgo. Uma abertura estreita se escondia ali, uma fenda na pedra como uma boca entreaberta, respirando o frio da floresta.

Becca não hesitou. Só entrou.

E Pip, mesmo com o gosto amargo subindo pela garganta, mesmo com as pernas fraquejando, seguiu atrás.

A luz das lanternas oscilava contra as paredes úmidas da caverna, projetando sombras longas que dançavam entre os pilares naturais de pedra. O chão era irregular, coberto por cascalho e musgo escorregadio, e o som dos passos ecoava abafado pelo silêncio opressivo do interior.

A cada curva, o ar parecia mais denso, mais frio, com umidade se agarrando à pele como suor. Pip caminhava um pouco atrás de Becca, observando a silhueta rígida da garota à sua frente. As formações rochosas estreitavam-se ao redor, como se a própria caverna estivesse se fechando sobre elas.

  ──── Onde a gente tá indo? - Pip perguntou, a voz saindo mais fraca do que pretendia, quase engolida pelas paredes úmidas.

Becca não olhou para ela, continuou andando.

  ──── Estamos quase lá.

O silêncio voltou como um manto pesado. Só o som do gotejar ritmado da água e os passos cuidadosos as acompanhavam.

Algo estava errado.

Elas viraram mais uma curva estreita entre as paredes da caverna, e a loira parou. O som dos passos cessou, dando lugar ao gotejar insistente de água escorrendo pelas pedras. Diante delas, o chão terminava abruptamente em um buraco circular de bordas irregulares, cercado por musgo escuro e limo. O poço.

  ──── Chegamos - ela anunciou.

Becca se abaixou sem pressa, apoiando a lanterna na borda. A luz iluminou o interior úmido e profundo. Lá embaixo, apenas a água turva refletia o feixe tremeluzente. Uma velha escada de metal enferrujado descia rente à parede, mergulhando na escuridão líquida.

Pip parou alguns passos atrás, sem conseguir tirar os olhos do poço.

  ──── Foi aqui que coloquei Andie. Foi aqui que coloquei a minha irmã - Bell murmurou. A voz dela soava estranhamente serena agora. ──── Foi ela mesma que me mostrou esse lugar.

Ela virou o rosto em direção a Amobi, a luz da lanterna cortando sua expressão pela metade de uma forma sombria.

  ──── Agora você sabe onde ela tá e… e eu vou ter que te colocar ali também.

Ela tentou recuar mais um passo, mas as pernas já não obedeciam direito. A caverna girava lenta e pesadamente ao redor dela. Ela se apoiou na borda de pedra do poço, os dedos escorregando na umidade do musgo. A respiração vinha em ondas curtas e trêmulas.

  ──── Começou a fazer efeito, não é?

Becca deu um meio sorriso. Frio. Amargo. Triste.

  ──── O chá - ela disse com uma voz calma demais, como se narrasse uma lembrança distante. ──── Eu coloquei Flunitrazepam nele. O mesmo que Andie escondia naquele coelho idiota. Encontrei ele antes de você.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Donde viven las historias. Descúbrelo ahora