͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗌𝖾𝗏𝖾𝗇

Start from the beginning
                                        

  ──── Ir à polícia?...

Bell deu uma risada fraca, um som partido, e balançou a cabeça devagar.

  ──── É… Só que ela diz que não pode… Não pode ir porque… porque foi ela quem vendeu ao Max Hastings a porra das drogas que ele usou pra te estuprar.

Pip não respondeu. Não podia. Bebeu mais do chá, engolindo o enjoo.

  ──── Ela disse que precisava de dinheiro - continuou a loira, com a voz trêmula, como se cada palavra machucasse. ──── Que ia embora no dia seguinte. Que não aguentava mais o papai… aquele jeito dele. Aquela raiva constante.

  ──── Pra onde?

  ──── Não sei… ela só… disse que tinha que ir. Ela não aguentava mais o papai. O jeito dele. Aquela raiva. Depois de todo aquele tempo… de sermos nós duas contra ele… ela ia me deixar aqui. Aí eu… eu acho que explodi. Perdi a cabeça. Eu… Ela ficou lá deitada. Sangrando. Vomitando e se engasgando. Morrendo. E eu só assisti… Só fiquei lá assistindo ela morrer.

  ──── Ela já estava ferida… ela e Elliot brigaram. Não foi culpa sua… - murmurou Amobi, brincando com a caneca com chá em sua frente.

Becca balançou a cabeça, firme, mesmo com o rosto destruído.

  ──── Não importa mais… ela já morreu.

O silêncio que se seguiu era denso e sufocante. Os passos inquietos da mais velha sobre o carpete era o único som ali presente. Seu corpo inteiro parecia tremular com o peso do que havia confessado. Por um momento, ficou em silêncio, respirando fundo, como se estivesse se preparando para atravessar mais um limiar.

  ──── Quer ver onde ela está?

Pip ficou imóvel, o coração acelerado, como se cada batida ecoasse nos ossos. Ela buscou nos olhos de Becca alguma mentira, alguma hesitação. Mas só havia certeza ali.

  ──── Quero.

  ──── Termine seu chá e vamos - disse suavemente, indo atrás das chaves do carro.

Estava tão tensa, tão cheia de adrenalina, que a sugestão pareceu lógica. Sentia o corpo inteiro pulsando, e qualquer coisa que a acalmasse seria bem-vinda. Ela bebeu e deixou a caneca sobre o balcão quando Becca voltou com as chaves do carro.

  ──── Vamos.

O caminho até a porta parecia mais longo do que deveria, e por um momento, algo lá no fundo da mente de Pip se incomodou…

Mas ela estava tão focada, tão desesperada por respostas, que ignorou a pontada de desconfiança.

O carro percorria a estrada vazia, silencioso, com os faróis mal iluminando a escuridão formada pelas árvores. Dentro, a atmosfera era pesada, repleta de palavras não ditas. Pip olhava pela janela, notando que a floresta ao redor parecia mais sombria e distorcida do que na sua memória, quase como se as árvores fossem conscientes do que se aproximava.

Becca dirigia concentrada, sem tocar no rádio ou conversar. O único som era o dos pneus no asfalto, intensificando a tensão que preenchia o carro. O céu coberto tornava a noite mais escura, com a floresta parecendo se fechar ao redor deles.

Galhos se projetavam como dedos esqueléticos, enquanto Amobi sentia um gosto metálico na boca, sinal de nervosismo. O estômago se contorcia com essa apreensão crescente.

Ao virar numa trilha de terra, Bell não diminuiu a velocidade, impondo a certeza de seu destino. Pip, por outro lado, começou a questionar tudo ao seu redor.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jun 11 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now