Amobi desligou o carro, mas permaneceu sentada, encarando a casa. O coração batia alto demais, como se soubesse antes mesmo dela o que iria encontrar.
Algo estava errado. Muito errado.
E não importava mais o quanto aquilo doía. Não importava se era perigoso. Queria a verdade.
Respirou fundo.
Destravou a porta.
E foi bater na porta dos Bell.
Pip ainda não sabia, mas a garota que abriu a porta naquele instante era a mesma que, cinco anos antes, havia aberto aquela mesma porta para sua irmã. Pela última vez.
Naquela noite, Andie Bell voltou para casa. E foi Becca Bell quem a viu pela última vez.
──── O que você quer? - a loira perguntou através da fresta na porta.
Amobi manteve o olhar firme, certa de que Bell já entendia o motivo de sua visita.
──── Podemos conversar? - perguntou, com a voz baixa, mas decidida.
Becca hesitou. Seus dedos apertaram com força a maçaneta da porta, como se a qualquer segundo pudesse fechá-la e desaparecer para sempre atrás dela.
──── Eu… estou de saída - murmurou, desviando os olhos.
Pip deu um passo à frente, sem mudar o tom calmo, mas firme.
──── Você sabe de algo sobre a Andie, não sabe?
O silêncio entre elas pareceu dobrar o peso do ar. Becca não respondeu de imediato, mesmo com seu rosto ficando pálido, os ombros enrijecidos, como se aquelas palavras tivessem rasgado uma costura antiga e malfeita.
──── O carro da Andie naquela noite… - Pip continuou. ──── Você estava dirigindo, não estava?
A loira hesitou por mais alguns segundos, seus olhos fixos na morena em sua frente buscando uma saída. Por fim, ela deu um passo para trás, abrindo espaço para que ela entrasse. O silêncio entre as duas era denso, tenso, como se a casa soubesse o peso daquela visita.
Amobi entrou devagar, observando os quadros familiares nas paredes, tudo parado no tempo. Bell seguiu à frente, os ombros rígidos, e as levou até a cozinha.
──── Quer chá? - perguntou, já pegando a chaleira com as mãos trêmulas.
Pip assentiu, observando cada movimento dela com atenção. Becca estava diferente das outras vezes que se encontraram. Havia algo quebrado nela agora, algo que tentava manter firme por dentro, mas que estava prestes a desabar.
──── Como seus pais estão? - A mais nova perguntou com um tom de falsa tranquilidade.
──── Não vamos fazer isso, Pip. Fala o que você sabe e a gente acaba logo com isso.
Pip respirou fundo, as mãos úmidas apertando o tecido da própria calça. Bebeu um gole de chá antes de continuar:
──── Max... ele fez algo com você? - A pergunta saiu vacilante, mas ganhou força. ──── Ele te drogou? Te forçou a... algo que você não queria? Becca... ele transou com você enquanto você estava inconsciente?
O silêncio se tornou denso. Becca ficou imóvel por um longo momento antes de assentir. Um gesto quase imperceptível, como se só conseguir admiti-lo com o mínimo de movimento.
Ela virou-se de costas, apoiando-se no balcão com as duas mãos, os ombros tremendo levemente.
──── Ao contar à sua irmã sobre isso e pedir para ela ir à polícia… - Sua voz vacilou, apertando mais o balcão gelado. ──── O que ela deveria fazer?
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𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭
Fanfiction،،̲ ﹕𝐀𝐐𝐔𝐄𝐋𝐄 𝐄𝐌 𝐐𝐔𝐄... 𝅄 ⁀ 𝖯𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖥𝗂𝗍𝗓-𝖠𝗆𝗈𝖻𝗂 𝖽𝖾𝖼𝗂𝖽𝖾 𝖾𝗆𝖻𝖺𝗋𝖼𝖺𝗋 𝖾𝗆 𝗎𝗆𝖺 𝗂𝗇𝗏𝖾𝗌𝗍𝗂𝗀𝖺𝖼̧𝖺̃𝗈 𝖾𝗑𝗍𝖾𝗇𝗌𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝖽𝖾𝗌𝗏𝖾𝗇𝖽𝖺𝗋 𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗋𝖾𝖺𝗅�...
͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗌𝖾𝗏𝖾𝗇
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