Seus passos lentos e arrastados soaram abafados enquanto ela caminhava até seu carro. Ela entrou devagar no banco do motorista, olhando para as árvores ao seu redor e apoiando a cabeça no banco. Sozinha. Como no começo. Como sempre que precisava pensar.
E então começou a repassar tudo.
As mensagens anônimas.
O número desconhecido. Aquelas ameaças sujas, cruéis, que a fizeram sentir medo de verdade pela primeira vez desde que tudo começou. A forma como foram escritas, sempre carregadas de desprezo e raiva, mas... não soavam como Elliot.
Nem no conteúdo, nem no estilo. Ele tinha sido frio, sim. Covarde. Mas não cruel daquele jeito. E quando foi confrontado, Ward parecia arrependido, pelo menos um pouco. Algo ali nunca bateu.
As palavras de Cairo voltaram à mente como um eco insistente. Por que continuar com isso? Por que reviver tanta dor? Mas não era a dor que incomodava naquele momento. Não agora.
O que realmente pesava era outra coisa. Por acaso esqueceu como os Bell estavam naquele dia? O estado em que eles estavam. Aquela imagem não saía da cabeça. Os Bell.
O olhar de Becca.
Jason estava tenso ao volante. Dawn imóvel no banco ao lado. E Becca, pálida como um fantasma no banco de trás, os olhos arregalados como se estivesse vendo o fim do mundo de novo.
Não era só choque. Não era só medo. Era culpa. Culpa da forma mais crua e dolorosa.
Becca sabia de alguma coisa. Pip sentia isso com tanta certeza agora quanto sentia o vento gelado entrando pela janela do carro.
Ela se ajeitou no banco, girando a chave e ouvindo o som do motor preencher seus ouvidos. Já não importava estar sozinha. Ela já esteve sozinha antes. E se fosse o que precisava para encontrar a verdade de verdade… que fosse assim. Porque algo estava errado. De novo, só cabe a ela descobrir.
Não avisou Singh de seu próximo passo. Não tinha tempo. Sabia que, se falasse qualquer coisa, a outra possivelmente viria atrás, e Cairo precisava mesmo de uma pausa. Depois de tudo que enfrentaram, ela merecia respirar e a forma como fugiu há alguns minutos deixou claro.
Pip faria o mesmo, mas não podia. A inquietação dentro do peito estava crescendo a cada segundo, sufocante, como um grito preso que se recusava a morrer.
O carro avançava devagar pelas ruas de Little Kilton. Amobi mantinha as duas mãos firmes no volante, os olhos presos na estrada como se, ao desviar por um segundo, pudesse ser engolida pelas dúvidas que insistiam em puxá-la para trás. Pip sentia os pensamentos se atropelando. Tudo parecia desconexo até que começou a se alinhar, se encaixando com uma clareza desconfortável.
Andie vendia drogas. Max comprava, e não qualquer droga. Flunitrazepam. O tipo de substância que apaga memórias e apaga corpos. Pip se lembrou dos relatos, garotas desaparecendo por horas nas festas do apocalipse, voltando confusas, assustadas, sem lembrar de nada. Nat da Silva. A bebida batizada. O olhar vazio quando contou.
E Becca?
O pensamento bateu como um soco. Max poderia ter feito isso com ela também? A possibilidade era mais que plausível, e era horrível. Ainda assim, fazia sentido. O estômago de Pip se revirou violentamente. A verdade, ou o que se aproximava dela, começava a tomar forma. Uma forma feia, escura e sufocante.
Max Hastings teria drogado e estuprado Becca Bell em uma festa do apocalipse? Sentiu que realmente ia vomitar.
A rua dos Bell apareceu diante dela como uma lembrança antiga. Familiar demais. Ela diminuiu a velocidade ao se aproximar da casa. Apenas o carro de Becca estacionado na frente da garagem, parecia que já estava esperando por ela. As janelas estavam todas cobertas por cortinas brancas, fugindo da luz do dia.
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𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭
Fanfiction،،̲ ﹕𝐀𝐐𝐔𝐄𝐋𝐄 𝐄𝐌 𝐐𝐔𝐄... 𝅄 ⁀ 𝖯𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖥𝗂𝗍𝗓-𝖠𝗆𝗈𝖻𝗂 𝖽𝖾𝖼𝗂𝖽𝖾 𝖾𝗆𝖻𝖺𝗋𝖼𝖺𝗋 𝖾𝗆 𝗎𝗆𝖺 𝗂𝗇𝗏𝖾𝗌𝗍𝗂𝗀𝖺𝖼̧𝖺̃𝗈 𝖾𝗑𝗍𝖾𝗇𝗌𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝖽𝖾𝗌𝗏𝖾𝗇𝖽𝖺𝗋 𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗋𝖾𝖺𝗅�...
͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗌𝖾𝗏𝖾𝗇
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