𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭

͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝖿𝗈𝗎𝗋

Nada.

Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Nenhum sinal.

Seus amigos riam quando algum deles se assuatava, e o som parecia deslocado, como se viesse de um lugar muito longe. Ela confiava em Singh, claro que confiava. Mas a ausência de qualquer contato começava a corroer essa confiança com pontadas de ansiedade que subiam do peito até a garganta.

Seu olhar caiu até o celular mais uma vez. Nada.

Talvez tenha mudado de ideia.
Talvez tenha ido até lá sozinha.
Talvez ele tenha…

Não. Amobi balançou a cabeça discretamente. Ela não podia pensar assim. Elas tinham prometido. Juntas. Era a única maneira.

Mas e se já fosse tarde demais?

O celular vibrou contra o piso de madeira, assustando ela mais do que qualquer cena daquele filme barulhento. Era um número desconhecido.

Cara atendeu depois do terceiro toque.

  ──── Alô? - A voz dela soou distraída no começo, como se ainda estivesse focada no filme, até a voz do outro lado soar estranhamente familiar, mas não o suficiente para ela reconhecer com facilidade. ──── Quem é?

Pip soube que era Cairo quando Ward franziu o cenho. Viu o momento exato em que sua amiga despertou completamente para a conversa, a atenção antes dispersa agora totalmente alerta.

O olhar de Cara encontrou o de Amobi no mesmo instante. Sem dizer nada, ela estendeu o celular para ela, a expressão séria.

  ──── Desde quando Cairo Singh tem meu número? - A morena perguntou em um sussurro para não chamar atenção dos outros.

Tudo o que Pippa conseguiu fazer foi dar de ombros e levar o aparelho até a orelha. Cairo estava ofegante.

  ──── Berners Lane. Elliot está em Berners Lane.

Pip engoliu o seco, seus dedos brincando com os fios soltos de sua camisa.

  ──── Onde você tá? Vou te buscar.

O silêncio durou três segundos antes das palavras trêmulas de Cairo caírem sobre ela como facas.

  ──── Me desculpa, sargento.

E então a linha ficou muda.

Ela afastou o celular do ouvido, o coração martelando no peito. Berners Lane. Aquele nome soava alarmantemente familiar.

  ──── Cara - chamou antes mesmo de formular a pergunta em sua mente.

Ward olhou para ela enquanto pegava o próprio telefone de volta. Amobi continuou.

  ──── Berners Lane… costumava morar lá, certo?

A garota assentiu confusa, mas não parecia desconfiada ou preocupada.

  ──── É… vendemos a casa já fazem anos. Por que, Pip?

  ──── Nada - A mentira saiu naturalmente, como todas as outras nos últimos meses.

O aperto em seu peito se intensificou. Cairo pediu desculpas. Isso só podia significar uma coisa. Era tão óbvio. Ela já estava lá. Com Elliot.

A respiração de Amobi vacilou por um instante, mas ela manteve a expressão neutra. Seus olhos encontraram sua melhor amiga, focada no filme novamente, e, por um segundo, tudo pareceu se misturar. O passado, o presente, o medo, a culpa.

Não mandaria Naomi para a cadeira como prometeu, mas mandaria seu pai. Destruiria a vida de sua melhor amiga. De sua irmã. Tudo por um projeto escolar.