𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭

͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝖿𝗈𝗎𝗋

O mundo de Cairo quando uma ideia idiota cruzou sua mente.

Seu peito afundou, como se todo o ar tivesse sido sugado da sala em um instante. A cabeça girou, e ela precisou ajustar sua postura para não perder o equilíbrio.

Era uma ideia absurda. Louca. Inacreditável.

Andie Bell está morta. Completamente morta. Mas… e se não estiver?

  ──── Pip! Vamos! - Lauren chamou logo atrás dela , ao lado do carro dos Ward, antes que Singh pudesse pensar em dizer algo. A impaciência clara no tom da ruiva.

A garota respirou fundo, os olhos ainda fixos nos de Singh por um segundo a mais antes de pegar o celular da mais nova novamente. Com dedos ágeis, digitou o número de Cara e o salvou.

  ──── Assim que o carro de Elliot parar e tivermos a localização exata, você liga para Cara - Pip instruiu, entregando o celular de volta para ela. ──── Diz que precisa falar comigo e vamos até a localização, entendeu? Vamos chamar a polícia e fazer isso juntas. Entendeu o que estou dizendo, Cairo?

O olhar de Amobi era firme, determinado. Cairo assentiu devagar.

  ──── Tudo bem - respondeu, a voz baixa, quase sem vida.

Ela segurou os ombros da morena por um instante, os olhos claros presos nos dela, como se quisesse garantir que sua parceira realmente entendeu e não faria besteira. Então, sem aviso, a puxou para um abraço apertado, quase desesperado, como se aquele instante precisasse durar mais do que deveria.

Sentiu o cheiro familiar de Cairo, café, o calor de sua pele contra a dela, e antes de soltá-la, depositou um beijo firme e demorado na bochecha dela.

  ──── Vai ficar tudo bem - murmurou contra sua pele, antes de se afastar.

Sem olhar para trás, virou-se e foi em direção aos amigos, deixando Singh ali, sozinha, ainda sentindo o fantasma do toque de Pip.

Cairo fechou os dedos ao redor do celular, sentindo o peso da promessa que Pip queria tanto cumprir.

Não era ele. Não podia ser ele.

Seu estômago se contorceu ao ver o carro desaparecer no horizonte, levando Pip com ele. Na tela de seu celular, o rastreador mostrava uma pequena bolinha roxa que se movia lentamente pelo mapa, marcando cada metro que sua parceira se afastava.

O mundo parecia ter ficado em silêncio ao redor dela após o som do motor do carro desaparecer. Seus pulmões ainda trabalhavam para recuperar o fôlego, mas era sua mente que mais pesava. A ideia queimava dentro dela, girando e se expandindo até parecer grande demais para ser contida. Andie poderia estar viva. Pode estar presa em algum lugar há anos e agora ela veria Andie novamente. Andie poderia brincar com ela de novo.

Seu estômago deu mais uma volta, e por um momento o chão pareceu ceder sob seus pés. Aquele primeiro pensamento poderia ter vindo como uma simples possibilidade, mas agora ela as sentia como uma certeza.

Se Andie estivesse viva, então tudo o que ela achava que sabia estava errado. Sal se matou por nada. Ou nem sequer se matou. Sua família desmoronou por nada. E Elliot... Elliot era um monstro e ela caiu direitinho em cada uma de suas palavras. Feito uma mosca boba ao pousar na boca de uma planta carnívora.

Seus dedos apertaram ainda mais o aparelho em sua mão. O coração disparou, mas não de medo. Não dessa vez. Era adrenalina, era impulso, era energia demais para ser contida. Sua respiração ficou acelerada, e antes que pudesse racionalizar, antes que o pavor tentasse puxá-la de volta ao chão, Cairo se virou e disparou.