͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗍𝗐𝗈

Começar do início
                                        

A garota caminhou em direção às árvores, contando mentalmente cada passo, sentindo o pânico apertando seu peito. A ideia de dar passos errados a afastar do destino certo a consumia.

No passo trinta, seu coração acelerou, fazendo sua respiração ficar irregular.

No sessenta e sete, o suor começou a escorrer pelas costas e axilas.

No noventa e quatro, ela murmurou baixinho: "por favor, por favor, por favor", como se isso fosse ajudar.

Quando chegou no passo cem, entre as árvores, ela parou e esperou. A paisagem ao redor era silenciosa, com folhas que mudavam de vermelho para amarelo-pálido, cobrindo a lama no chão. O som de um assovio longo cortou o silêncio, arrastando-se até desaparecer. Pip olhou para cima e viu o vulto de um milhafre-real, suas asas largas recortadas contra o céu cinza, antes de sumir no horizonte.

Quase um minuto depois, o celular de Pip vibrou no bolso. Ela o tirou com as mãos trêmulas, leu a mensagem:

Destrua tudo e deixe aí. Não diga o que você sabe a ninguém. Chega de perguntas sobre Andie. Isso acaba agora.

Amobi olhou para as palavras, os olhos saltando de uma para a outra, tentando processar. Com um suspiro forçado, guardou o celular e sentiu a pressão da presença invisível que a observava, seu coração batendo forte. Queria ligar para Cairo.

De joelhos, colocou a mochila no chão, tirou o notebook, o carregador e os pendrives, colocando tudo sobre as folhas de outono.

Abriu o notebook e, com as lágrimas ameaçando cair, usou o salto da bota para pisar no primeiro pendrive. O plástico se rachou e o metal amassou. Ela não hesitou e repetiu a ação com o outro pendrive, ouvindo o som do dispositivo quebrando.

Quando olhou para o notebook, um feixe de luz da manhã refletiu na tela. Sem pensar, levantou a perna e chutou o computador. A tela se achatou, uma grande rachadura cortando o vidro. Outra lágrima escorreu, e ela deu mais um chute, dessa vez no teclado, fazendo as letras voarem para longe, caindo na lama. Com um movimento impiedoso, suas botas esmagaram o vidro da tela, que saltou da estrutura de metal.

Ela não parou. Continuou chutando o notebook, lágrimas escorrendo sem controle como uma tempestade em suas bochechas pálidas, molhando seu rosto. O metal ao redor do teclado se partiu, revelando a placa-mãe. Cada golpe fez o computador se despedaçar ainda mais, quase arrancando partes de si própria no processo. Até que, exausta, ela tropeçou na máquina destruída e caiu de costas sobre as folhas macias.

Ela ficou ali por um momento, deixando as lágrimas afogarem seu rosto e o ar escapar de seus pulmões. Depois, se levantou, pegou o notebook quebrado e o jogou contra o tronco de uma árvore próxima. O computador caiu, imóvel, entre as raízes.

Só conseguiu ficar ali, respirando pesadamente, com a dor do que acabara de fazer atravessando seu corpo. Seu rosto ardia com o sal das lágrimas, mas ela não se moveu.

Esperou, sem saber o que viria depois.

Não sabia o que fazer a seguir. Seguiu as instruções, mas não tinha certeza se isso seria o suficiente. Barney estaria prestes a ser liberado para ela ali?

Ela decidiu esperar. Esperar por outra mensagem. Chamou o nome do cachorro, mas o silêncio a envolveu.

Mais de meia hora se passou. Nenhuma mensagem. Nada de seu cachorro. Apenas os gritos distantes das crianças na quadra de tênis cortavam o silêncio.

Com os pés doloridos e as solas das botas já com calos, Pip se levantou. Pegou a mochila vazia, deu uma última olhada no aparelho destruído e se afastou, sentindo o peso de cada passo.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Onde histórias criam vida. Descubra agora