͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗍𝗐𝗈

Start from the beginning
                                        

Não conte a ninguém e venha sozinha. Se seguir as instruções, terá seu cachorro de volta.

A garota saltou da cama, sem mais resquícios daquele calor trazido por Singh, mas apenas o pânico congelando todo seu corpo.

Tirou o pijama e se vestiu apressadamente com um moletom e calça jeans. Agarrou a mochila, abriu o zíper e virou-a de cabeça para baixo, deixando cair as apostilas e a agenda escolar no chão. Com mãos rápidas, pegou o notebook da tomada, colocando-o junto com o carregador na bolsa. Os dois pendrives que guardara no gavetão da escrivaninha foram os próximos a entrar.

Ainda não podia sair. Não quando cada acontecimento estava na parede ao lado de sua cama.

As palavras, os gráficos, as setas que ligavam suspeitas e pistas, tudo estava ali. Cada detalhe, cada insight, tudo o que ela havia construído nas últimas semanas para descobrir a verdade sobre o desaparecimento de Andie e as ameaças que agora assombravam sua vida. Mas, naquele momento, nada disso importava.

Com as mãos trêmulas, Pip pegou o canto de uma das folhas de papel. Ela respirou fundo e, sem olhar para os outros pedaços de parede que ainda estavam cobertos de informações, puxou a folha com força. O som do papel se rasgando foi como um grito na quietude do quarto.

Ela deixou o pedaço de papel cair no chão e, com um movimento abrupto, começou a arrancar os outros. Não havia cuidado, não havia hesitação. Cada pedaço de papel que ela destruía representava uma peça de seu próprio projeto quebrado. O que tanto queria provar para a cidade só estava a enterrando junto da verdade.

A parede agora parecia um campo de batalha, com os fragmentos espalhados ao redor, como peças de um quebra-cabeça que não podia mais ser montado.

Com os olhos fixos nas anotações rasgadas, Amobi sentiu a dor de cada pedaço sendo destruído. Mas o que mais a incomodava era saber que essa era a única maneira de conseguir o que ela queria. Barney. Nada mais importava, nem as pistas, nem as verdades, nem os riscos. Ela não conseguia pensar em mais nada.

Após o último pedaço de papel ser destruído, ela se afastou da parede, sentindo um vazio profundo no peito. O som de seus próprios pensamentos ecoava em sua mente, mas ela não conseguia mais encontrar respostas.

A urgência e o medo dominaram seus movimentos. Ela precisava sair. Precisava fazer o que as mensagens pediam.

Sem perder tempo, correu escada abaixo, quase tropeçando ao colocar a mochila pesada nas costas. Calçou as botas de caminhada e, com o casaco ainda jogado sobre os ombros, pegou as chaves do carro que descansavam na mesinha da entrada. Não havia espaço para hesitar. Se parasse para pensar, sabia que perderia Barney para sempre.

O vento frio a atingiu em cheio ao sair de casa, cortante no pescoço e nos dedos. Ela correu até o carro, e as mãos, suadas e trêmulas, agarraram o volante, apertando-o com força enquanto saía da garagem.

Cinco minutos depois, finalmente estacionava no local indicado. A viagem fora tortuosa, pois ficou presa atrás de um motorista lento, apesar de ter tentado colar no carro dele e usar os faróis altos para fazê-lo acelerar.

Estacionou no espaço mais próximo das quadras de tênis e pegou a mochila do banco do passageiro. Desceu do carro e se dirigiu às árvores.

Antes de sair do concreto e colocar os pés na lama, Pip parou um instante e olhou por cima do ombro. O grupo infantil nas quadras de tênis estava barulhento, com crianças gritando e rebatendo bolas contra a cerca. Algumas mães, com crianças pequenas, conversavam distraídas ao lado de um carro.

Nenhum olhar estava voltado para ela. Nenhum carro familiar. Ninguém que ela reconhecesse.

Se estava sendo observada, não havia como perceber.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now