𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭

͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒-𝗇𝗂𝗇𝖾

Singh revirou os olhos de forma teatral, mas não conseguiu esconder o leve rubor que se espalhou por seu rosto.

  ──── Boa sorte sendo a mais nerd.

Ela abriu a porta e saiu, colocando a mochila em um ombro enquanto Pip fazia o mesmo do outro lado. As duas caminharam até a entrada da escola, mas logo se separaram no corredor principal, cada uma indo para seu próprio destino.

A mais nova seguiu em direção ao seu armário, passando pelos grupos de alunos que começavam a se reunir nos corredores. O zumbido constante de conversas era abafado pelos pensamentos que ainda giravam em sua mente.

Ela ajustou a alça da mochila enquanto se aproximava de seu destino, mas, distraída, acabou esbarrando em alguém.

  ──── Foi mal - sussurrou antes de se virar para ver quem era. Alguém com cabelo branco bem curto e olhos delineados em preto. ──── Nat?

A loira também se virou para ela, parecia irritada, não sorriu nem se desculpou.

  ──── O que tá fazendo aqui? - perguntou Cairo.

A tornozeleira eletrônica de Nat estava coberta pela meia, formando uma protuberância acima de seu tênis.

  ──── Não acho que isso seja da sua conta, mini Singh. Foi mal pelo esbarrão.

  ──── Tá tudo bem… Não quer mesmo falar porque está aqui?

Desviando o olhar junto de um sorriso sarcástico, Nat abaixou a cabeça, chutando o nada por um tempo.

  ──── Se quer mesmo saber, Singh, por causa do projetinho perverso da sua amiguinha, eu cheguei ao fundo do poço. Meus pais disseram que não vão mais me sustentar e ninguém quer me contratar. Acabei de implorar para aquele babaca do diretor me dar o antigo emprego de zelador do meu irmão. Mas, aparentemente, não podem contratar criminosos violentos. Aí está um efeito pós-Andie para você analisar. Ela realmente me ferrou a longo prazo.

A menor mordeu o lábio com força, as alças da mochila quase escorregando de suas mãos enquanto ela as apertava. Era difícil, quase impossível, aceitar que Andie Bell pudesse ser tão terrível quanto diziam. Era como reviver, repetidamente, a sensação sufocante de ver seu irmão acusado de assassinato.

  ──── Eu… eu sinto muito…

  ──── Não… - Nat retomou a marcha pelo corredor, e a rajada de ar de sua saída repentina bagunçou o cabelo de Cairo. ──── Você não sente. Quer a inocência de seu irmão e… eu entendo. Só toma cuidado.

Então ela assistiu a loira se afastar e suspirou fundo. Havia algo agitado dentro dela, um nervosismo que não conseguia explicar. Talvez fossem os eventos da noite anterior ou o peso de tudo que vinha enfrentando. Ela apertou as alças da mochila, como se pudesse ancorar a si mesma naquele gesto.

Voltou a caminhar em direção ao seu armário, tentando afastar o desconforto que havia se instalado após aquela breve conversa. Como podia a investigação que estava mudando sua vida fazer tão mal para outras pessoas?

Parou em frente ao armário, girando a combinação do cadeado até que ele se soltasse com um clique. Ao abrir a porta, seus olhos imediatamente se fixaram em um pedaço de papel dobrado, repousando sobre os livros e cadernos como se tivesse sido deixado ali de propósito.

Sempre tinha bilhetinhos bobos em seu armário, todo tipo de bullying que poderia imaginar. Mas parecia diferente dessa vez. Seu corpo reagiu diferente.

Seu coração começou a martelar enquanto ela pegava o bilhete com dedos trêmulos, desdobrando-o com cuidado. As palavras, digitadas em uma fonte bonita, contrastando com as palavras escritas, fizeram seu estômago despencar:

Se não parar isso agora, Cairo vai ter péssimas noites. Desista.

Ela leu as letras impressas apenas uma vez, então dobrou o papel e o guardou dentro da apostila de literatura. Pegou o livro pesado com as duas mãos e se afastou.

O assassino tinha estado ali. Na escola. Em frente ao seu armário.

⟡ ֺ 𓂂 notes ! ˚

OO1 : Quase cinco mil palavras, e ainda vai ter mais um mais tarde. O que acharam??

OO2 : Votem e comentem para me ajudar, vejo vocês no próximo capítulo.