͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒-𝗌𝗂𝗑

Começar do início
                                        

  ──── Desculpa!

  ──── Tudo bem… Me liga amanhã! - pediu em voz alta enquanto a morena já estava na porta.

Já sabia exatamente para onde precisava ir. Naomi tinha explicações a dar, e ela não sairia de lá sem respostas.

──

Não perdeu tempo indo até o carro. Corria como se sua vida dependesse disso, os pés martelando o chão em um ritmo frenético, exatamente como no acampamento.

O coração parecia prestes a explodir, pulsando tão alto que abafava qualquer outro som, enquanto o ar se tornava mais difícil de alcançar a cada respiração ofegante. Mas parar não era uma opção. Não agora.

A escola estava lotada de vozes e risadas nostálgicas, um contraste gritante com o tumulto dentro da cabeça de Pip. Antigos alunos preenchiam o ginásio enfeitado, podendo reviver as péssimas memórias da época de escola e reencontrar seus colegas de classe, desde os melhores até os piores.

Todas as atenções estavam voltadas para o palco, onde Becca Bell segurava o diploma que Andie jamais teve a chance de receber. Ao lado dela, uma foto da loira sorridente estava emoldurada, quase como uma lembrança cruel do que foi perdido.

Enquanto Becca falava sobre sua irmã mais velha, a voz carregada de emoção, Pip não conseguia afastar o pensamento de que Cairo provavelmente odiaria estar ali, ouvindo cada palavra sobre Andie enquanto seu irmão era visto como o monstro. Seria uma tortura em dose dupla.

Amobi parou na entrada do ginásio, observando de longe. A multidão estava hipnotizada, mas ela não conseguiu se concentrar nas palavras. Em vez disso, seus olhos vagaram pelo mural de fotos bem no fundo do ginásio, onde quadros com fotos antigas exibiam rostos de ex-alunos sorridentes.

Ela se aproximou, tentando clarear a mente enquanto examinava as imagens. Rostos familiares e desconhecidos olhavam de volta para ela, capturados em momentos de alegria há muito esquecidos. Sal não estava ali, como se nem sequer tivesse existido. Aquilo parecia machucar o dobro agora, depois dela ter cogitado a culpa dele.

Foram apenas alguns dias, mas ainda doía profundamente. Se arrependimentos tivessem o poder de matar, já teria sido destruída há muito tempo.

Antes que pudesse processar todo seu arrependimento, uma voz masculina soou perto demais de seu ouvido.

  ──── Nossa classe era cheia de gente bonita.

Pip deu um salto, girando para encarar Max Hastings, que estava perigosamente perto dela, com um sorriso que parecia calculado. O garoto continuou:

  ──── É uma pena que tantos tenham morrido.

Pip cruzou os braços, tentando conter a irritação que crescia a cada segundo em sua presença. Ela suspirou, forçando-se a manter o tom neutro.

  ──── Como você virou tão…

  ──── Perturbado? - Ele riu, desviando o olhar para as fotos. ──── Eu não sei. Ou é porque minha mãe não me ama ou porque meu pai acha que sou um fracasso.

A garota o observou em silêncio, o olhar dela endurecendo. Qualquer vestígio de empatia foi imediatamente descartado. Ela não estava ali para entender Max Hastings, muito menos para se importar com suas desculpas mal disfarçadas.

Ele riu de novo, um som vazio que ecoava como um lembrete do quanto ele se sentia confortável na própria crueldade. Levantou a garrafa de cerveja que segurava, virando um gole preguiçoso antes de acrescentar:

  ──── Deve ser as duas coisas.

Sem dizer mais nada, Pip deu um passo para trás, virou nos calcanhares e se afastou rapidamente. Seu olhar vagou pela multidão até encontrar Naomi, que parecia fora de lugar em meio aos outros, como se estivesse à margem de uma cena que não queria fazer parte. Quando seus olhos se cruzaram, algo mudou no rosto de Naomi, como se ela soubesse exatamente porque Pip estava ali.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Onde histórias criam vida. Descubra agora