͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝗍𝗐𝖾𝗇𝗍𝗒-𝖿𝗈𝗎𝗋

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Uma aranha de mentira, com suas patas longas e desconcertantes, estava caindo sobre o chão. Um bilhete colado nela. “Sai dessa escola, assassina!”

Enquanto o alívio de ser apenas um brinquedo de plástico saia em um suspiro longo, uma onda de frustração a invadiu logo depois. Não sabiam o nome dela mas sabiam suas fobias e alergias de cor. Sabia cada apelido maldoso e quando usá-los. Sabem a senha de seu armário mesmo depois dela trocar de novo e de novo.

Ela se agachou e pegou a aranha de mentira, segurando-a por um momento entre os dedos. Sentia o peso das palavras de seu professor sobre os ombros, mas, de repente, a única coisa que queria era voltar para casa, onde poderia ficar sozinha, longe das expectativas de Elliot e de sua própria ansiedade.

A aranha parecia refletir seu estado de espírito: falsa, desconexa, uma tentativa de esconder a realidade, de transformar uma preocupação legítima em algo fútil e infantil. Era até mesmo cômico e a fez rir de forma amarga.

Com o brinquedo nas mãos, finalmente abriu completamente seu armário e a guardou lá dentro novamente, como um “troféu”. Não havia muito ali, rabiscos antigos e fotos tão antigas quanto os rabiscos. Até mesmo bilhetes de Sal, Ravi, dos amigos que costumava ter.

O dia estava apenas começando, mas já sabia que seria mais difícil do que ela imaginava.

No outro corredor, a garota que Singh procurava caminhava com um olhar vazio, perdida em seus próprios pensamentos. O som alto da porta do armário batendo a fez dar um sobressalto, como se o barulho estivesse ecoando diretamente dentro de sua cabeça.

Ela se manteve parada por um momento, tentando controlar as lágrimas que teimavam em surgir, mas era inútil. Como ela poderia contar a Cairo o que viu no vídeo? Como poderia olhar para a sua parceira sabendo que a estava traindo, traindo a si mesma assim?

Mais um suspiro preencheu o ambiente vazio ao seu redor, olhava para o fundo do corredor e podia ter certeza de que estava vendo Andie ali novamente. Naquele dia. Um dia antes dela sumir.

A loira estava com os olhos marejados, e a única coisa que pediu foi que não revelasse a Sal onde ela estava. Mas, no final, ela contou. E então, Andie desapareceu. E se a culpa fosse dela?

  ──── Ei, Pip - uma voz no fundo do corredor chamou ela. ──── Podemos conversar?

Por um breve momento, podia ter certeza de que encontraria Cairo mais cedo do que estava planejando, mas não era ela. Elliot se aproximou devagar, apoiando-se sobre os armários.

  ──── Claro… - ela respondeu, ajeitando a mochila nas costas.

  ──── Eu só quero que saiba que… eu entendo que deve estar decepcionada com sua QPE. Mas também acho que é inteligente e pode entender por que achamos que talvez não fosse o assunto mais apropriado, considerando tudo.

A garota suspirou, encarando o armário à sua frente. Depois das ameaças e do vídeo que assistiu, sabia que precisava parar com a investigação. Só não estava pronta para contar isso a Cairo.

  ──── Estou tudo bem. Agora já foi.

Ela se virou para seguir pelo corredor vazio até a sala da primeira aula, mas parou ao ver uma sombra se mover atrás dos armários.

  ──── Achei que não fosse aparecer hoje, sargento - murmurou Singh, surgindo de repente e parando bem em frente a ela.

  ──── Eu sempre apareço, Singh - respondeu, esforçando-se ao máximo para manter a voz calma e casual.

Aquele definitivamente não era o lugar ideal para confessar o que queria: que tinha enterrado sua investigação de uma vez por todas.

  ──── Eu sei… Às vezes, parece que você mora aqui - brincou a mais nova com um sorriso fraco, desviando o olhar para o chão.

𝗡𝗢 𝗕𝗢𝗗𝗬, 𝗡𝗢 𝗖𝗥𝗜𝗠𝗘 : 𝗉𝗂𝗉𝗉𝖺 𝖿𝗂𝗍𝗓-𝖺𝗆𝗈𝖻𝗂 ੭Where stories live. Discover now